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A caminhodo reino da Suazilândia
O país africano e o Brasil têm algo em comum: estão entre
as nações com maior desigualdade de renda

JOÃO MAURÍCIO DA ROSA

As pesquisas são ainda incipientes, mas já se sabe que da própolis é possível extrair um remédio que ofereça possibilidades de combate à Aids. Quem trabalha nesta pesquisa é o professor de Bioquímica Yong K. Park, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp. Ele acaba de retornar da Universidade da Carolina do Norte (EUA), parceira nas pesquisas sobre a doença, juntamente com seus orientados Severino Matias e Claudio Aguiar. Park estuda as diferentes composições de própolis brasileiras desde 1992 e catalogou 12 tipos em todas as partes do Brasil.

“As amostras dos grupos 1 e 5 (Região Sul) demonstraram atividade anti-HIV”, afirma o professor da FEA. Os resultados refletem apenas testes laboratoriais in vitro, sem uso de cobaias ou animais. As amostras dos grupos 6 e 7, colhidas na Bahia, apresentam alta atividade citotóxica contra diferentes células tumorais malignas.

Além da Aids, a substância resinosa que as abelhas coletam de vegetais e com a qual vedam suas colméias, tem diversos outros usos na medicina. Park gostaria de aprofundar suas pesquisas para a cura do câncer, mas vê maiores perspectivas na luta contra a Aids, já que os Estados Unidos têm liberado grandes verbas para esta área. O trabalho conjunto com a Universidade da Carolina do Norte pode ter novos avanços nos próximos anos, espera o pesquisador.
Nos ensaios anti-HIV realizados com as amostras de própolis brasileiras foi testado o efeito da inibição da replicação do HIV em células de linfócitos H9, e comparada a sua atividade com o AZT, uma droga comercial conhecida. “Pode-se concluir que a atividade anti-HIV da própolis do grupo 1 é ligeiramente maior que a do grupo 5”, adianta Park.

Anticárie – Se a cura do câncer ou da Aids pela própolis ainda pode demorar, os estudos sobre a sua eficácia na redução de cáries caminha a passos largos. Em conjunto com a Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) e a Universidade de Rochester (EUA), as pesquisas já demonstraram que a própolis pode ajudar na prevenção da carie dental. Park explica que determinados tipos de própolis brasileiras possuem compostos com um potente poder inibidor da glicosiltransferase, enzima responsável pela formação de polímeros de glicose (glucanos) a partir da sacarose. Estes glucanos aderem aos dentes e propiciam o crescimento de microorganismos mais cariogênicos como o Streptococcus mutans, que através da subseqüente produção de ácidos causam a cárie. A própolis também inibe o crescimento destes microorganismos, mostrando dupla atuação na prevenção da carie dental.

No trabalho, cabe ao professor Park selecionar, identificar e conhecer a composição química da própolis. Os pesquisadores Jaime Cury e Pedro Rosalen, da FOP, avaliam o efeito anticariogênico, com estudos laboratoriais para verificação antibacteriana e antiaderências, testes com animais em laboratório e o estudo da redução da placa dental em humanos. Os professores William H. Bowen e Michel Hyun Koo, da Universidade de Rochester, analisam os efeitos contra as glicotransferases purificadas.

A ação anticárie da própolis brasileira abre novas perspectivas. Hoje o Brasil é o maior exportador de própolis para Japão, Estados Unidos e Europa, e pode ampliar a balança comercial com a comprovação da qualidade de seus produtos.

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FOP ganha prêmio internacional
ao aprimorar técnicas de periodontia

A revista científica Implant Dentistry, editada nos Estados Unidos e considerada a principal publicação da área de implantodontia, confere anualmente o prêmio Ralph McKinney Jr. ao melhor trabalho publicado. Em sua última edição, referente a 2000, o prêmio foi concedido pela primeira vez a um artigo brasileiro. É um fato raro. O artigo, assinado por uma equipe de pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp, encabeçada pelo professor Francisco Nociti, mostra que é possível melhorar a tecnologia nacional na área de implantes e tem cunho social.

Nociti e os pesquisadores Antonio Sallum, Enilson Sallum e Cristine Stefani realizaram testes de implantes com animais. Foi usado um fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) e fator de crescimento semelhante à insulina. Após 90 dias e diferentes dosagens de solução de calceína verde, os implantes foram avaliados e se concluiu que a combinação de PDGF e IGF-1 demonstrou participação no período inicial da reparação óssea.

A técnica de regeneração óssea, conforme Nociti, pode substituir as raízes de dentes com próteses convencionais. O trabalho para essa regeneração é comparável à construção de uma ponte de rodovia, que recebe estrutura de ferro para sustentar os pilares. Os produtos da implantodontia permitem essa base, de onde saem parafusos para a sustentação dos dentes. Com o implante de 8 a 10 dentes será possível – agora já projetando para humanos – a substituição de dentaduras, com melhores resultados. Estima-se que cada pessoa precise de pelo menos um ano para a instalação das próteses. “O osso cicatriza ao redor do implante e oferece a estabilidade para a prótese”, explica Nociti.

Ainda não existem estimativas de custos para a nova técnica, mas já há interesse de empresas do setor em seu desenvolvimento comer-cial. Francisco Nociti, orientado pelos professores Lourenço Bozzo e Antonio W. Sallum, defendeu a primeira dissertação de mestrado sobre implantes na FOP em 1994. Hoje, a Faculdade de Odontologia de Piracicaba apresenta uma das maiores produções científicas do país nas áreas de Periodontia e Implantodontia, conforme avaliação da Capes. (R. C.)

 


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