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Extensão Zíper na Boca é certamente o que não trazem os 50 integrantes deste coral que leva a Unicamp, em forma de canções, para muitos lugares, há mais de 15 anos. O nome bem-humorado designa o grupo melhor estruturado de cantores não profissionais da Universidade. E as comemorações destes anos aventureiros incluem o lançamento de um CD e uma programação especial de apresentações, que deverá começar no início do ano que vem. Enquanto isso , o Coral, que sempre teve a regência da maestrina Vívian Nogueira, vai ensaiando, aprimorando e, na medida do possível, atendendo às quase 40 solicitações anuais para apresentações em encontros e festivais de coros, dentro e fora do Estado de São Paulo. E até mesmo para públicos de outros países da América Latina. Formado por alunos e funcionários da Universidade, o Zíper, acompanhado pelo pianista Wycleff Viana, fez sua estréia internacional há dois anos quando se apresentou no 26° Festival Internacional de Coros de Galvez, na Argentina. "A nossa aparição naquele festival foi bastante significativa, porque além de ser um evento importante, estimulou-nos ainda mais, abrindo-nos as portas para os mais importantes festivais e encontros de coros", diz Vívian Nogueira, que além de regente, é professora responsável pelas disciplinas Coral, Apreciação Musical e Prática Coral do Departamento de Música da Unicamp. Atualmente, Vivian faz mestrado em Artes na Universidade, e seu trabalho é investigar uma das vertentes da interpretação da música barroca, cujas composições apresentam estreita relação entre o texto e a música, juntamente com o desenvolvimento da música instrumental. Para Vivian, reger o coro representa mais prazer que dificuldade. E este prazer vem de um longo processo de entrosamento: "Tenho minhas concepções sonoras e tento me fazer entender, seja por sinais e gestos ou por uma linguagem exclusiva que desenvolvi com o grupo". Empatia Vívian, com pouco mais de 1 metro e meio de altura, agiganta-se quando, munida de um instrumento de metal chamado diapasão cuja vibração produz um som de altura determinada, o lá, nota de 440 Hz por segundo alinha-se à frente do grupo para regê-lo. "É um momento mágico, durante o qual o ato de reger transforma-se na mais perfeita sintonia, de cumplicidade entre o regente e o grupo. É um instante de extremo encantamento, onde um não existe sem o outro", acentua Vívian. O Zíper prima pela versatilidade de estilos, com os quais o público identifica tanto a sonoridade de canções renascentistas (séc. XV) e barrocas (séc. XVII), como é o caso de Sicut Cervus, Unsere Trübsal e Exsurgat Deus, como também dos energéticos spirituals, como Oh!, Happy Day, Rock a my soul e Obey the spirit of the Lord, chegando aos clássicos da música popular brasileira, como Tiro ao Álvaro, de Adoniran Barbosa, Dindi, de Tom Jobim, e Sina, de Djavan. É com esse repertório que o Zíper Boca percorre os palcos de festivais e de encontros de coros. "Procuramos manter essa versatilidade para que possamos sempre fazer uma boa apresentação, sempre nos adequando com o gosto do público ou com o ambiente que podem ser em hospitais, empresas ou para públicos específicos, como festivais ou encontros de coros. É preciso que haja, sempre, uma empatia entre público e grupo", acredita a maestrina. Abrindo a boca Não basta apenas gostar de entoar canções. Lapidar a voz a cada dia, tratando a garganta com mel e corrigindo os sons , com paciência de artesão e persistência em grandes doses, buscando sempre satisfazer o ideal artístico. Estes atributos e cuidados , que esculpiram grandes vozes da história da música, não faltam, por exemplo, a Regiane Aparecida de Mello, do setor de Pagamentos do DGRH da Unicamp, que há quatro meses integra o coral Zíper na Boca. Na busca pela harmonia perfeita, pelo menos três vezes por semana ela ocupa seu horário de almoço com ensaios com o grupo. Além do Zíper, participa do coral Canto & Encanto, também sob a regência de Vívian Nogueira. A soprano Regiane ensaia também todas as noites, depois das aulas na faculdade de Ciências Contábeis. A dedicação é compensada pelo enorme prazer de cantar. "Cada audição que o Zíper faz é como se fôssemos nos apresentar pela primeira vez. É diferente, especial, único e exige absoluta concentração e responsabilidade para que saia tudo bem. Já Giuliana Oliveira Giusti, aluna do primeiro ano do curso de Artes Plásticas do Instituto de Artes começou a cantar na sua igreja, depois de estudar seis anos de piano. As quatros horas e meia semanais que passa atualmente junto com o pessoal do Zíper, servem, segundo ela, para duas coisas importantes: enriquecer o espírito, a alma, e divertir. "Cantar tem poder mágico de unir pessoas", entusiasma-se. Com ela concorda Roberto Belisário Diniz, aluno do último ano de doutorado em física. "É uma das poucas atividades humanas que têm essa força, só comparada ao futebol, numa partida de final de campeonato", acentua. Belisário, que integra o naipe de tenores do grupo, começou no grupo em agosto de 92. Ele diz que a música é como a física: "ambas exigem análise e intuição", diz. Para ele, o Zíper na Boca é um coral que se supera a cada apresentação, graças ao profissionalismo do trabalho executado. (A.R.F.) |
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