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Isabel Gardenal O caminho que Marcos percorreu até a Nasa, porém, começou com um prosaico passeio pela Internet. Certo dia, já engenheiro de aviação formado pelo ITA e habitué do site da instituição, decidiu mandar um currículo. "Nunca tive informações concretas sobre as possibilidades de ingresso na Nasa. Queria ser um astronauta, mas achava que era um privilégio somente de americanos". Marcos deu sorte: seu currículo pousou nos computadores da Nasa justamente quando o Brasil passava a tomar parte do megaprojeto de construção e operação da Estação Internacional Espacial (ISS), que envolve 16 países programa da ISS. "Foram milhares de estrangeiros. Fui escolhido, figurando entre 40 concorrentes e depois entre cinco." Logo em seguida, Marcos integrava a 17a turma da instituição, a dos "pingüins", com mais 32 colegas de diferentes nacionalidades. Hoje o major-aviador de Bauru tem todas as chances de ser escalado para as próximas missões do Ônibus ou da Estação Espacial. Chegar até aqui, porém, não foi nada fácil. Marcos estudou Engenharia Aeronáutica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, único curso da América Latina e habilitou-se como piloto de caça e de testes militares da Força Aérea Brasileira. Já nos Estados Unidos, para aonde seguiu com a família a três anos e meio, realizou curso de mestrado em engenharia de sistemas pela Marinha Americana, em Monterey, na California. No ano passado, foi selecionado para um treinamento no Johnson Space Center, em Houston, principal centro para o preparo de astronautas. Após rápida passagem pelo Brasil, quando esteve na Unicamp para uma palestra, Marcos voltou à sua dura rotina, com muito treinamento, preparo físico constante e uma bateria de avaliações, nas quais tem se saído bem, alcançando notas médias de 9,4. Em 2000, a turma de Marcos se formará na categoria especialista de missão, e outros astronautas chegarão. "Como venho me saindo nos testes até agora, acredito ter reais possibilidades de voar logo nas primeiras missões", planeja o astronauta, próximo de alçar o primeiro vôo. "Espero que seja audacioso, pois, desde criança me preparo para este momento". Como se prepara um astronauta Se você imagina que a fórmula para treinar um astronauta inclui uma batelada de treinamentos, aulas, simulações e refeições à base de pílulas coloridas, está parcialmente correto. Os verdadeiros astronautas trabalham mais de 15 horas por dia, fazem testes de sobrevivência (são ejetados do avião no frio do nordeste dos EUA, abandonados no Golfo do México e recolhidos pela guarda costeira) correm em média 2.400 metros, nadam 2.000 metros por dia e fazem incontáveis exercícios de resistência, abdominais e barra fixa. Isso sem contar o controle de estresse e o alto nível de perigo. Na ejeção, por exemplo, se não estiver bem posicionado na cadeira, pode sofrer lesão na coluna e ficar paraplégico. Os braços devem ficar colados ao corpo, para evitar que sejam extirpados. Além disso, os interessados devem ainda anotar os seguintes requisitos: conhecimento geral satisfatório e bons conhecimentos de mecânica. Quem conta é major Marcos César Pontes, em palestra proferida a alunos da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp no dia último dia 23, patrocinada pelo Laboratório de Exercício Físico (Labex), Labjor e FEF. Quantos às pílulas, porém, diga-se que elas são um delírio da ficção científica. "Levamos refeições leves, com comida desidratada. Bebemos suco de laranja, água, chá e Gatorade, mas todos de canudinho, para evitar que os líquidos fiquem ao sabor do espaço", brinca Pontes. (I.G.) |
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