Por uma rede de municípios (mais) saudáveis
ANTONIO
ROBERTO FAVA
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Os professores Ana Maria Sperandio e Humberto
Rangel: utilização do conhecimento
científico em benefício da sociedade |
Pelo menos uma vez por mês,
docentes e pesquisadores da Unicamp se reúnem
numa cidade, previamente determinada, onde, junto
com moradores e autoridades do lugar prefeitos,
secretários, educadores e líderes da
comunidade , buscam soluções integradas
para eventuais problemas que afetam a qualidade de
vida dos habitantes. Geralmente são debatidos
temas como saúde, educação, transporte,
segurança e poluição, entre outros.
Esse é o propósito
básico da Rede de Municípios Saudáveis,
que funciona por meio de parceria entre a Organização
Pan-Americana de Saúde (Opas), Unicamp/Preac
(Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos
Comunitários) e Ipes (Instituto de Pesquisas
Especiais para a Sociedade), organização
sem fins lucrativos, cuja tarefa principal é
atuar como articuladora e formadora de recursos humanos.
A Unicamp tem colaborado de maneira
extremamente eficaz na promoção e organização
de debates para troca de conhecimentos e experiências
entre os munícipes. Seus representantes assessoram
não apenas com a logística, mas também
na reflexão de diferentes aspectos, que são
os núcleos mais importantes da promoção
da saúde, que tem entre seus conceitos, a intersetorialidade,
a transetorialidade e a mobilização
social compartilhada das pessoas, como ressalta Ana
Maria Girotti Sperandio, coordenadora no Brasil da
Iniciativa Regional da Rede de Municípios e
Comunidades Saudáveis (Opas).
Uma das tarefas essenciais da Rede
é propor encontros entre prefeituras, de modo
a promover a troca de experiências e informações,
com o objetivo de mobilizá-las a participar
de trabalhos em várias áreas. Rede de
Municípios Potencialmente Saudáveis,
foi assim denominada porque devemos considerar
que estamos coletivamente criando um processo em que
há movimento constante de troca de possíveis
sucessos e dificuldades e freqüente compartilhar
com o objetivo de ser saudável, não
como um estágio final, pois dessa forma não
haveria por quê almejar o novo ou o melhor,
reflete a professora Ana Maria.
Reformulando projetos
Todo esse movimento tem um único propósito:
desenvolver projetos que visem à utilização
do conhecimento científico em benefício
direto da sociedade.
A professora salienta que alguns
municípios já vêm reformulando
projetos para dar a eles uma perspectiva intersetorial,
mais integrada a partir das sucessivas discussões
promovidas pela Rede. O primeiro convênio a
surgir entre a Unicamp e o Ipes foi há três
anos, cujo objetivo era o desenvolvimento do Programa
Comunidade Saudável, aplicado na região
dos Amarais, em Campinas. Em decorrência dos
resultados alcançados expandiu-se a utilização
do potencial dos serviços de extensão
no que se refere aos cursos e atividades de pesquisas-ação
no âmbito do programa, como explica o professor
Humberto Rangel, presidente do Ipes.
Por outro lado, o trabalho desenvolvido pela Opas
e a Unicamp, em conjunto com o
Ipes, começou no início
deste ano, já com seis municípios. Hoje,
sete meses depois, a Rede de Municípios Potencialmente
Saudáveis conta com 17 cidades no Estado de
São Paulo, que já começam a formar
seus grupos de trabalho: Campinas, Jundiaí,
Louveira, Vinhedo, Valinhos, Itatiba, Morungaba, Itupeva,
Salto, Hortolândia, Holambra, Pedreira, Indaiatuba,
Guaratinguetá, Santo Antonio da Posse, Leme
e Nova Odessa. O programa desenvolvido em Campinas
trabalha com educação a distância,
formação de agentes comunitários
da saúde e economia solidária.
Livro A Preac está
financiando um livro que será publicado em
volumes contendo as três conferências
ministradas para os munícipes que participam
da Rede. No primeiro volume serão apresentados
os seguintes temas: A promoção da saúde
e sua perspectiva, de Miguel Malo Serrano, coordenador
da Promoção da Saúde no Brasil,
da Organização Pan-americana de Saúde;
Cidades saudáveis: a intersetorialidade como
desafio para um novo modelo de gestão, de Lenira
Zancan, da Escola Nacional de Saúde, do Rio
de Janeiro; e Pedreira por uma vida saudável,
de Eduardo Rodrigues.
O objetivo do livro é
que as pessoas possam ter acesso mais consistente
e duradouro às informações das
palestras realizadas, diz Ana Maria.