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Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 240 - de 8 a 23 de dezembro de 2003
Leia nessa edição
Capa
Artigo: crer ou não crer
HC: hospital terciário
Do ofício à experiência
C&T: qualidade de vida
Pesquisa: destilador molecular
Discussão: tecnociência
Cooperunicamp: estímulo
Altec: unicamp é destaque
Estudo: maturação sexual
Painel da semana
Oportunidades
Teses da semana
Idosos: retratos da velhice
Sensoriamento remoto
 


 

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Pesquisa aponta que C&T
melhora qualidade de vida

RAQUEL DO CARMO SANTOS

Carlos Vogt, presidente da Fapesp, apresenta os números da pesquisa: levantamento foi publicado pela Editora da Unicamp

Pesquisa quantitativa realizada em cidades de quatro países ibero-americanos constatou que, em média, 72% dos entrevistados acreditam que o desenvolvimento da ciência e da tecnologia é o principal motivo da melhoria da qualidade de vida da sociedade. A grande maioria (85,9%), no entanto, nega que a C&T possa solucionar todos os problemas. As entrevistas foram feitas em 2002 e 2003, na Argentina, Brasil, Espanha e no Uruguai e constam do livro Percepção Pública da Ciência, publicado recentemente pela Editora da Unicamp e com o apoio da Fapesp.

A publicação, em português e espanhol, foi organizada pelo professor Carlos Vogt, presidente da Fapesp e coordenador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp, e por Carmelo Polino, responsável pela área de programas horizontais e projetos do Centro de Estudos sobre Ciência, Desenvolvimento e Educação Superior da Argentina. Segundo os organizadores, o objetivo é o desenvolver uma geração de indicadores na área.

No Brasil, a pesquisa foi feita em Campinas, com 162 pessoas. Na Argentina, em Buenos Aires, foram entrevistadas 300 e no Uruguai (Montevidéu), 150 pessoas responderam os questionários. A amostragem também incluiu as cidades de Salamanca e Valladolid, na Espanha e contou com 150 entrevistados. A pesquisa brasileira foi coordenada por integrantes do Labjor e depois estendida para as cidades de Ribeirão Preto e São Paulo, perfazendo um total de 1.063 pessoas ouvidas.

Os responsáveis pelo levantamento, feito por iniciativa da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) e da Rede Ibero-Americana de Indicadores de Ciência e Tecnologia (RICYT/CYTED), também identificaram que apesar da tendência geral da imagem favorável da ciência, a percepção é de que ela não está livre de ter conseqüências negativas. Embora a grande maioria dos entrevistados nos quatro países (74,3%) considere que os benefícios da ciência e da tecnologia são maiores que os efeitos negativos, na afirmação de que o desenvolvimento da ciência traz problemas para a humanidade as opiniões divergem. Na Argentina e Brasil, o índice é equilibrado. Cerca de 50% optaram por discordar da afirmação. Já na Espanha e no Uruguai os que concordaram com a frase somam 57%.

Na opinião de 82% dos entrevistados, na Argentina o “pouco apoio estatal” é o principal fator que limita o desenvolvimento da ciência e tecnologia, descartando a responsabilidade de outros setores. Neste mesmo item 62,3% no Brasil e 78,9% na Espanha concordam com a afirmação. No que diz respeito à utilidade dos conhecimentos gerados no país, no Uruguai (66%), Argentina (59,4%) e, em menor escala, na Espanha (43,2%) os entrevistados acreditam que a ciência tem utilidade, mas não há divulgação desse conhecimento. Outro dado apontado no levantamento foi com relação a pouca informação sobre C&T. Na Argentina, 80%, no Brasil 71% e na Espanha 67% se consideram pouco informados.

Brasil – Os organizadores decidiram ampliar a pesquisa no Brasil, depois de concluída a fase internacional. Depois de Campinas, o levantamento foi estendido para as cidades de São Paulo e Ribeirão Preto. Segundo os coordenadores, a idéia foi aumentar a amostragem no Estado de São Paulo para compor um capítulo na publicação de Indicadores de C&T, que será editado pela Fapesp. Será testado também o modelo do questionário com vistas a novas abordagens metodológicas. As entrevistas foram aplicadas pela empresa campineira de marketing Marcondes e Almeida Associados e apresentou muitas semelhanças nos resultados preliminares das três cidades paulistas. Pesquisa semelhante foi realizada apenas em 1987, quando o CNPq encomendou ao Instituto Gallup um levantamento nacional. Na época foram 2.892 entrevistados em todo país.

Na pesquisa feita nos três municípios paulistas, 69% dos entrevistados não acreditam que a ciência possa solucionar todos os problemas. Em compensação, 51,7% discordam de que a ciência e a tecnologia não se preocupam com os problemas das pessoas. Para 65,2% das pessoas que responderam ao questionário, os benefícios da ciência e tecnologia são maiores do que seus efeitos negativos e 59,4% concordam que a aplicação da C&T aumentam as oportunidades de trabalho.
De acordo com Carlos Vogt, uma vez realizado o levantamento preliminar dos dados, há a necessidade de se trabalhar na qualificação da pesquisa. Ele enfatiza que será preciso refletir sobre o questionário de forma a sofisticar as questões mais pontuais. Além disso, serão feitos novos estudos para se cruzar os dados e propor os avanços necessários.


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