A qualidade da formação oferecida pela Unicamp está ligada a uma série de fatores. Um deles é a relação histórica entre ensino e pesquisa. Na graduação, por exemplo, o aluno tem o interesse pela ciência despertado desde os primeiros anos. Não por acaso, o último Congresso Interno de Iniciação Científica, realizado em setembro de 2007, reuniu 1.046 trabalhos em cinco grandes áreas do conhecimento, boa parte deles de excelente nível. Graças a esse contato precoce com a investigação científica, muitos estudantes se sentem estimulados a dar seqüência ao aprendizado na pós-graduação. Atualmente, a Universidade é a instituição brasileira de ensino superior com o maior índice de alunos nos cursos de mestrado e doutorado, o que corresponde a 48% de seu corpo discente.
A força da graduação da Unicamp começa a ser constituída a partir do exame vestibular, concebido para selecionar jovens bem preparados e acostumados a pensar e a exercitar o senso crítico. Por ser de âmbito nacional, o concurso tem a finalidade de buscar o bom estudante onde ele estiver. Concorre para esse esforço o Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (PAAIS), implantado a partir do exame de 2005, que tem contribuído para elevar o número de aprovados oriundos de escolas públicas. Ao ingressar num dos 58 cursos oferecidos pela Universidade, sendo 38 no período diurno e 20 no noturno, esse aluno encontra um ensino com alto grau de excelência, com currículos voltados tanto à formação técnica quanto humanística. Isso se deve, entre outros fatores, ao fato de 86% dos 1.736 professores atuarem em regime de dedicação exclusiva e 96% terem titulação mínima de doutor. Dessa forma, os docentes que atuam em sala de aula são os mesmos que desenvolvem, nos laboratórios da instituição, algumas das mais importantes pesquisas da ciência brasileira.
Além disso, os estudantes de graduação (são cerca de 18 mil ao todo) também se valem de uma sólida infra-estrutura, em alguns aspectos comparáveis às das melhores instituições de ensino superior do mundo. Um exemplo nesse sentido é o investimento que a Unicamp faz para a aquisição de livros e periódicos científicos. Atualmente, os recursos aplicados nessa área alcançam US$ 5 milhões ao ano, cifra equivalente à destinada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) para a mesma finalidade. Ademais, os universitários contam com diversos programas de apoio, cujo objetivo é assegurar-lhes tranqüilidade para o desenvolvimento de seus estudos. Entre essas iniciativas está a concessão de bolsas trabalho, alimentação, transporte e pesquisa. Aqueles que estão em dificuldades socioeconômicas também têm à sua disposição a Moradia Estudantil. A Universidade oferece, ainda, assistência médica, hospitalar e psicológica aos alunos. Atualmente, 13,5% do orçamento de custeio da instituição são destinados à assistência estudantil.
Em relação à formação mais ampla do seu corpo discente, a Unicamp tem realizado um esforço crescente para estimular a prática de atividades extracurriculares, como o apoio ao desporto universitário. Além disso, cada vez mais estudantes têm participado de ações de extensão comunitária, desenvolvidas com maior freqüência em bairros e comunidades carentes da região de Campinas. Entre os trabalhos executados pelos alunos estão oficinas de teatro, artes plásticas, ginástica, culinária etc. Algumas iniciativas têm alcance social ainda maior, como as voltadas à saúde da mulher, alfabetização de jovens e adultos, agricultura familiar e geração de emprego e renda. É com esse espírito de forjar a um só tempo profissionais capacitados e cidadãos conscientes que a Unicamp prepara-se para construir o futuro campus de Limeira, que representará um salto histórico na trajetória da instituição. Estão previstos 12 novos cursos, a maioria deles de caráter inovador, como conservação e restauro e gestão de políticas públicas.
Graças à soma desses e outros fatores, o profissional graduado pela Unicamp tem encontrado boas oportunidades no mercado de trabalho. Levantamento por amostragem realizado recentemente demonstra que 88,2% dos cerca de 40 mil ex-alunos de graduação da Universidade estavam empregados. Desses, 48,3% ocupavam cargos de direção em empresas ou instituições públicas. Ainda segundo o levantamento, somente 2,5% estavam desempregados. Destaque-se que um número significativo de homens e mulheres que estudaram na Unicamp contribui hoje para a formulação de importantes políticas públicas executadas por órgãos de governo nas esferas federal, estaduais e municipais.
Geração de conhecimento
A Unicamp é reconhecida internacionalmente como um importante centro gerador de conhecimento científico. Embora não seja o único, um indicador que confirma essa avaliação é o número de dissertações de mestrado e teses de doutorado gerado pela Universidade. Esses trabalhos equivalem, hoje, a 12% da produção da pós-graduação nacional. Em 2006, foram defendidas 1.150 dissertações e 791 teses. Atualmente, a Unicamp conta com cerca de 22 mil pós-graduandos matriculados nos seus 128 programas. Obviamente, uma modalidade de ensino não pode ser analisada somente a partir de dados quantitativos. Também é preciso levar em conta o item qualidade. Nesse aspecto, o desempenho da instituição é igualmente positivo.
De acordo com a mais recente avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação, 22 cursos de pós-graduação da Unicamp obtiveram conceitos 6 e 7, os mais elevados da escala de classificação. Outros 23 mereceram nota 5. Considerada essa performance, 70% dos 64 cursos analisados ficaram enquadrados nos níveis entre “alto desempenho” e “padrão internacional”. No julgamento, a Capes levou em conta aspectos como a produção científica dos cursos e o impacto social proporcionado pelas pesquisas.
Embora constituam um valioso reconhecimento ao trabalho realizado, avaliações como a da Capes não são vistas pelas faculdades e institutos da Unicamp apenas como notas ou objetivos a serem alcançados. Antes, servem para orientar projetos que visam ao contínuo aprimoramento do ensino. Análises críticas feitas internamente concorrem, por exemplo, para a criação de novos cursos. Estes, sem exceção, procuram responder às demandas apresentadas pela sociedade. Dentro desse contexto, não basta propor programas adicionais de formação. Eles também precisam ser inovadores. Em 2007, por exemplo, a Universidade passou a oferecer um curso de mestrado profissional em Engenharia Automobilística sem paralelo no Brasil. Para 2008, está previsto o início do curso de mestrado em Divulgação Científica e Cultural, igualmente sem precedentes no país, e o de mestrado profissional em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação. Também no próximo ano será lançado o curso de doutorado em Enfermagem.
Mais que ampliar as oportunidades de pós-graduação na Unicamp, cursos como esses têm o mérito de não se voltarem exclusivamente ao aprimoramento acadêmico dos estudantes. Oferecem também a oportunidade de formação stricto sensu a profissionais que já atuam no mercado e carecem de requalificação de alto nível. Esse novo perfil deverá dar a tônica aos programas de mestrado e doutorado da Universidade daqui para frente. O desafio, em outras palavras, estará tanto em atender o profissional recém-formado quanto aquele que já está inserido no setor produtivo, mas que precisa de atualização e aprimoramento para poder acompanhar as transformações em curso no âmbito da ciência e tecnologia, bem como no mundo do trabalho. Independente da área ou da modalidade, todos os cursos de pós-graduação da instituição apresentam uma característica única: a de procurar formar pessoas que sejam bem preparadas tecnicamente, mas que também apresentem independência de pensamento e capacidade de liderança.