| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição Especial 382 - 3 a 9 de dezembro de 2007
Leia nesta edição
Capa
Opinião: José Tadeu Jorge
Rede da elite acadêmica
Espectro do ranking
Berço da pesquisa
Celeiro de cérebros
Impacto social
O papel da universidade pública
A Unicamp de fora
Inovação internacional
Cidadãos de todas as latitudes
 


10

Oito impressões:
o olhar de quem vê
a Unicamp de fora

RAQUEL DO CARMO SANTOS

ÁLVARO KASSAB

A vocação cosmopolita está na gênese da Unicamp. É freqüente a visita de docentes da Universidade a instituições da Europa, Estados Unidos e de outras regiões. É rotineira também a vinda de pesquisadores estrangeiros para o desenvolvimento de projetos conjuntos com os professores da casa. O intercâmbio de estudantes de pós-graduação é outro diferencial na produção do conhecimento científico.

A Universidade sedia seminários e congressos internacionais que contam com grande diversidade de especialistas das mais diversas nacionalidades. Em único dia, por exemplo, a Universidade recebeu recentemente dois grandes eventos que resultaram em acordos acadêmicos e parcerias em projetos de pesquisa. O V Workshop Brasil-Japão: Biocombustível, Meio Ambiente e Novos Produtos da Biomassa reuniu nos dias 29 de outubro a 1º de novembro, cientistas, empresários e representantes do governo daquele país. Nos dias 29 e 30 de outubro, o Seminário Internacional Brasil-China, trouxe o reitor da Southwestern University of Finance and Economics (SWUFE), Wang Yuguo, para assinatura de acordo de cooperação. “A Unicamp é uma prestigiosa universidade brasileira, com muitos professores talentosos e grandes programas de pós-graduação”, disse o reitor.

O Jornal da Unicamp ouviu pesquisadores vinculados a centros de pesquisa internacionais, bem como professores estrangeiros em trânsito sobre a inclusão da Unicamp no ranking do The Times.

Vera Lúcia CovolanVera Lúcia Covolan, química industrial, tem mestrado, doutorado e pós-doutorado pela Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp; e pós-doutorado Fapesp no Instituto de Química da Unicamp. É pesquisadora do Departamento de Química e Química Industrial da Universidade de Pisa na Itália. Atualmente mantém colaboração científica com o professor Fernando Galembeck, do Instituto de Química, e com o professor Li Li Min da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), em um projeto sobre a marcação de células-tronco humanas com nanopartículas superparamagnéticas e detecção através da ressonância magnética de alto campo clínico.

Há um gráfico no site da Pró-Reitoria de Pesquisa da Unicamp que mostra a evolução de suas publicações indexadas no Institute for Science Information – Web of Science (somente artigos). São publicações científicas, culturais e artísticas, cujo número crescente bem demonstra a importância que esta Universidade tem no cenário da pesquisa no Brasil.

Um outro gráfico mostra o desenvolvimento da Unicamp em relação à USP e à UFRJ. Ambas foram superadas pela Unicamp em termos de publicações científicas.

Olhando para o número de alunos divulgados nos sites destas universidades, constatamos que a UFRJ tem 33.313 alunos de graduação e 14.363 alunos de pós-graduação; a USP tem 48.530 alunos de graduação e 25.007 alunos de pós; e a Unicamp tem 17.725 alunos de graduação e 22.044 alunos de pós-graduação.

Diante destes dados, não há sobre o que opinar, pois o progresso da Unicamp é evidente e sua importância é, obviamente, relevante. A Unicamp, dentre as três universidades citadas, é a mais jovem e não é a que possui o maior número nem de docentes e nem de alunos de pós-graduação. Portanto, se sua produção científica é maior, é porque é também maior a sua capacidade em produzi-la. Isso pode ser consequência tanto de uma melhor administração de seus recursos e investimentos em pesquisa, como de uma melhor capacitação e empenho de seus docentes e alunos.

O desenvolvimento das universidades requer investimento. Na Europa, a Comunidade Européia tem excelentes programas de pesquisa, os quais são muito concorridos porque muito bem-financiados. Recursos não faltam. Por outro lado, alguns países europeus, hoje em dia, aplicam muito pouco em pesquisa. As universidades sofrem com a falta de recursos e de financiamentos por parte de seus governos e só conseguem sobreviver porque na Europa a Comunidade Européia financia projetos. Por outro lado, existe o interesse privado, das indústrias que investem em pesquisa para o desenvolvimento de seus produtos. Para isso, fazem contratos com as universidades (coisa que no Brasil, raramente acontence).

O desenvolvimento de uma universidade depende do investimento feito nela e na maneira como a própria universidade gerencia e aplica seus recursos, mas, por outro lado, depende da capacitação das pessoas. Se a Unicamp fez um salto de qualidade expressivo nestes últimos anos, é porque soube aplicar bem seus recursos, mas também isso é consequência de uma melhor qualificação de seus docentes e alunos.

Se pensarmos que muitos docentes da Unicamp passaram por uma especialização no exterior, chegamos à conclusãoque uma coisa passa a ser reflexo da outra. Quero dizer que: os docentes, ao terem ido se especializar nas melhores universidades do mundo (nos EUA, na Europa), quando regressaram, aplicaram o conhecimento adquirido com eficiência na própria universidade. Do mesmo modo, tantos doutorandos da Unicamp que fizeram suas teses ou parte delas no exterior produziram trabalho de qualidade e, do mesmo modo, suas publicações contribuíram para o desenvolvimento da Universidade. Portanto, se hoje a Unicamp se encontra dentre as 200 melhores universidades do mundo, é também porque docentes e alunos se lançaram e venceram desafios fora do Brasil.

Além da questão investimento e capacidade das pessoas, um outro diferencial é a estrutura da universidade. No meu campo, Química, dependemos de laboratórios bem-equipados e de produtos químicos. Neste ponto, os EUA e a Europa saem na frente, porque os melhores produtos e instrumentos são produzidos por eles! Enquanto no Brasil se perde muito tempo esperando pela chegada de produtos do exterior, isso não ocorre nesses países; os pedidos são feitos e na mesma semana estão dentro dos laboratórios.

Um outro aspecto interessante é que a Unicamp tem uma história de apenas 41 anos e no grupo das 200 mais importantes, ela se encontra dentre as universidades mais antigas do mundo, mais tradicionais, as que produziram cientistas famosos no passado. A universidade de Bologna (Itália) é referida como a mais antiga, datando seu surgimento por volta do ano 1158 e na classificação deste ranking aparece muito próxima da Unicamp, em 173o lugar.

Eu sou ex-aluna de pós-graduação da Unicamp e hoje trabalho como pesquisadora no “Dipartimento di Chimica e Chimica Industriale” da Universidade de Pisa, na Itália e tenho colaborações com o Instituto de Química da Unicamp. Me lembro quanto surpresa eu fiquei quando cheguei em Pisa para fazer um doutorado-sanduíche e vi que o ano de fundação daquela universidade era 1343, portanto anterior ao descobrimento do Brasil. Quando, por exemplo, Galileu Galilei nascia (Pisa, 1564) e morria (Firenze, 1642) na Itália, o Brasil estava sendo descoberto. Ou seja, enquanto que no velho mundo as universidades já estavam mais que consolidadas, o Brasil ainda estava nascendo. Para concluir: é como se a Unicamp no meio de uma classe de alunos adultos brilhantes fosse uma criança prodígio. Isso sem dúvida é mérito do empenho de seus docentes e alunos (e alunos que viraram docentes).

Jaume LlibreJaume Llibre, professor da Universidade Autônoma de Barcelona e um dos coordenadores do grupo de pesquisa que escolheu a rota do veículo espacial Solar and Heliospheric Observatory (SOHO), lançado em 1995 e desenvolvido pela Agência Espacial da Espanha e pela Nasa.

Tenho vindo regularmente ao Brasil e, nos últimos cincos anos, visitei várias instituições. Anualmente, sempre fico um mês em Campinas e conheço bem a realidade de pesquisa brasileira na área de Matemática. Minha conclusão nestes vários anos de observação é que, ao lado do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, no Rio de Janeiro, e do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo, a Unicamp figura como um dos melhores centros de investigação em Matemática em todo o Brasil. Este nível tão alto, sem dúvida, justifica o salto no ranking mundial. Percebo que há uma preocupação dos docentes. Essa preocupação se reflete no cuidado com os alunos, em especial aqueles da pós-graduação. É excelente o nível dos estudantes que compõem o quadro.

Giacomo RuggeriGiacomo Ruggeri, professor da Universidade de Pisa e coordenador do núcleo de pesquisa EORPOL (Electro-Optical Responsive Polymeric Nanomaterials). À parte meu ceticismo sobre a coerência e os dados utilizados para este tipo de classificação, não tenho dúvidas acerca da colocação da Unicamp entre as 200 melhores instituições mundiais, por vários motivos: a formação dos jovens pesquisadores é privilegiada e caracterizada por longos períodos de estágios no exterior; os laboratórios são bem-organizados e a infra-estrutura é eficiente; as pesquisas efetuadas especialmente no campo químico (minha área de pesquisa) são, em grande parte, originais, e tudo compõe uma imagem muito dinâmica e impressionante no exterior; e, por fim, mas em primeiro lugar como importância, as fontes de financiamento por parte das instituições de fomento à pesquisa e por parte do governo, são certamente superiores àquelas fornecidas às universidades italianas. Não há, portanto, porque surpreender-se com o fato de a Unicamp ter dado tal salto no ranking mundial das melhores universidades. Sua posição, por sinal, será ainda melhor num futuro imediato.

David Lineback, presidente da International Union of Food Science & Technology (UFoST). Saltar da 448ª colocação para a 177ª num ranking é um feito histórico. É raro que uma instituição consiga este avanço em um ano. Tenho tido o privilégio de estar envolvido em encontros no campus da Unicamp e em associações com membros das faculdades e estudantes nas áreas de nutrição e ciência de alimentos. Estes e outros com os quais tenho tido o prazer de me encontrar e ouvir apresentações de papers sobre o nosso trabalho claramente são realizados por cientistas de produtividade, empreendedorismo e que contribuem para o Brasil. Eles são membros que lideram uma universidade para chegar a um reconhecimento, como o ranking que a Unicamp alcançou este ano. Estudantes, com os quais tive o privilégio de me encontrar, têm sido destacados representantes da Unicamp. Eles são motivados, entusiásticos, profissionais, bem como os seus resultados de pesquisas, de excelência. Eles todos são símbolos de uma universidade merecidamente bem-destacada no ranking das 200 melhores.

Thomas JohnenThomas Johnen, coordenador do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD). A Unicamp sempre foi subestimada nos rankings internacionais. Delegações de professores alemães e colegas meus que visitam o país destacam a Universidade como sendo uma instituição com linha própria de atuação. Na minha área, Lingüística, ela tem um peso muito grande. Docentes de outras áreas, por exemplo, conheciam a Unicamp por causa da boa qualidade das publicações lingüísticas. Seus professores possuem uma sólida formação intelectual. Destaco também a estreita relação entre docentes e alunos. Não existe, na Alemanha, uma relação professor-aluno neste nível.

Clément VigneaultClément Vigneault, pesquisador do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Horticultura do Canadá. Eu conheço em especial as faculdades de Engenharia Agrícola e Engenharia de Alimentos e percebo que a Unicamp é uma universidade que cresceu rapidamente. Aqui, o diferencial é o interesse por grandes descobertas. A Unicamp não espera que outros façam para poder fazer. Ela está sempre à frente. Tem um enorme potencial em descobrir coisas novas, principalmente nas áreas de biofilme e bioenergia, entre outras. Isso é muito importante. Os laboratórios podem ser comparados aos laboratórios de países mais ricos e com maior tradição em pesquisa. É mais que compreensível que a Universidade esteja bem-colocada no ranking mundial.

David B. Min, professor da Ohio State University e editor científico do Journal of Food Science. A Unicamp merece figurar no ranking das 200 melhores universidades. Eu tenho a oportunidade de testemunhar seu progresso acadêmico e a reputação desde 1995. Eu tenho participado do Slaca da Unicamp e me impressiona a projeção científica e excelente qualidade do Simpósio. O evento é o mais respeitado encontro internacional em ciência de alimentos e tecnologia. A qualidade dos papers de pesquisas da Unicamp submetidos ao Jornal da Ciência de Alimentos, o qual é um dos maiores, mais antigos e respeitados jornais em ciência de alimentos no Joseph Desire Topomondzomundo, é mais competitiva que quaisquer outros papers do mundo. Muitos cientistas da Europa, Estados Unidos e Ásia têm grande respeito pelos acadêmicos, pelas pesquisas de qualidade e pelas atividades da Unicamp. Seus professores têm contribuído muito para os desafios da ciência de alimentos e tecnologia nos últimos anos.

Joseph Desire Topomondzo, pós-doutorando no Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica no Instituto de Física Gleb Wataghin. Colegas me indicaram a Unicamp como referência no desenvolvimento de projetos na área de laser e óptica. Sempre tive ótimas informações da Universidade e, quando cheguei aqui, tive todo o apoio de infra-estrutura, como laboratórios e equipamentos necessários. Estou tendo a possibilidade de participar do projeto do primeiro relógio óptico do Brasil.



SALA DE IMPRENSA - © 1994-2007 Universidade Estadual de Campinas / Assessoria de Imprensa
E-mail: imprensa@unicamp.br - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP