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1 2 3 4 5 67 8 9 10 11 12 Em 1997, um Curso de Atualização do Ensino de Genética foi oferecido na Unicamp para 40 professores de Biologia que lecionavam em escolas públicas da cidade. Por meio dele, foi possível diagnosticar vários problemas e soluções para a difícil tarefa de ensinar Ciências. Além da óbvia falta de condições de ensino na maioria das escolas, havia carência e uma demanda enorme de material didático complementar. Também havia dificuldade enorme de elucidar para o aluno assuntos atuais ou polêmicos diariamente veiculados na imprensa na área de Ciências e particularmente Genética e Biologia Molecular. Três desses professores realizaram um estágio de seis meses na Unicamp. Por sugestão deles, decidimos elaborar um jogo que facilitasse a tarefa de ensinar Genética nas condições encontradas nas escolas. Após um esforço conjunto de oito meses conseguimos, com o apoio da Reitoria da Unicamp em abril de 1998, produzir 1.000 cópias do jogo "Evoluindo Genética", que foram distribuídos gratuitamente para quase 500 escolas públicas. Na elaboração do jogo, consideramos as condições reais encontradas pelos professores no seu dia-a-dia. Suas características refletem essas preocupações. O jogo cobre de modo amplo o programa da disciplina e o formato permite seu uso em qualquer sala de aula. Com custo reduzido, independe de qualquer infra-estrutura mais sofisticada e a apresentação estimula o interesse do aluno. Outro dado importante: ao tentar vencer, o aluno valoriza o conhecimento. O jogo, porém, é muito voltado para o professor. Por abranger uma gama muito ampla de conteúdo, ele se vê obrigado a aprofundar alguns temas para esclarecer dúvidas de alunos. É feita uma auto-avaliação de seu conhecimento e do conteúdo da matéria apresentada em aula. Durante o ano de 1998, o jogo foi utilizado em centenas de escolas, nas mais variadas condições. A partir daí recebemos inúmeras solicitações para ampliar o uso, fornecendo um número maior de cópias por escola e auxiliando o professor a se capacitar e atualizar para poder responder às inevitáveis questões provenientes dos alunos. Essas questões se referem principalmente aos temas raramente abordados em sala de aula. "Evoluindo Genética" é um jogo de tabuleiro, com apresentação elaborada, desenhado como um instrumento didático visando estimular e atualizar o ensino de Ciências na escola pública. É apresentado em uma caixa contendo um tabuleiro, seis pinos coloridos, dois dados, 200 fichas contendo 800 questões de Genética e um livreto de instruções. O objetivo do jogo é uma competição que será vencida pelo participante que obtiver êxito em responder corretamente o maior número de questões, aliado ou não a sua sorte nos dados (dependendo da modalidade disputada). Com o propósito de poder ser utilizado mesmo em situações precárias, as fichas apresentam para cada questão três respostas e a resposta correta assinalada em negrito, de modo a não requerer qualquer outro material acessório. Como complemento acompanha bibliografia específica para questões do nível fundamental, médio e superior, sempre procurando citar as obras mais freqüentemente encontradas em escolas públicas. Olimpíada Apesar do "Evoluindo Genética" ser apresentado como um produto pronto, ele é na verdade muito mais uma provocação ao aluno e ao professor. O seu formato de fichas contendo quatro questões permite que se selecionem os temas a serem abordados. Esse formato, por outro lado, estimula alunos e professores a produzirem outras fichas com novas questões. Graças a ele, sua atualização se torna simples, rápida e de custo muito baixo. Motivados pela enorme procura pelo jogo e um parecer extremamente animador da Capes, propusemos em 1998, dentro do Programa Pró-Ciências, a utilização do jogo como base para um Curso e uma Olimpíada de Genética. Iniciamos o curso em março de 1999, acompanhando o ano. Foram abertas 80 vagas e recebemos 102 inscrições de professores de Biologia de escolas públicas de Campinas e região. Numa primeira fase apresentamos o jogo como base para a realização da Olimpíada, visando à utilização e avaliação do jogo em larga escala em sala de aula. Foram distribuídos 15 jogos por professor, de modo a permitir sua aplicação mais intensiva e estabelecemos um prazo de sete meses para a final da Olimpíada. Esquematizamos um programa de oito módulos, com um total 40 horas de aulas, cobrindo os temas críticos identificados pelos professores ao utilizar o jogo. Um dos efeitos mais surpreendentes no processo foi o fato de que, apesar dessas aulas serem ministradas aos sábados e mais da metade dos professores residirem em outras cidades, fomos obrigados a quase dobrar a sua quantidade, por demanda dos próprios professores. O que ocorreu foi um enorme interesse dos alunos na participação da competição, que obrigou em várias escolas a criação formal ou informal de espaços adicionais onde os alunos estudavam Genética. Essa inversão flagrante do processo de ensino normalmente encontrado na escola, com a solicitação do aluno por aulas-extras, veio ao encontro do desconhecimento do professor de partes do programa apresentado nas questões. No processo onde o professor estabelece o conteúdo da disciplina, áreas pouco conhecidas são em geral tratadas superficialmente ou mesmo deixadas para o final do curso e, assim, não abordadas por falta de tempo. Após um semestre, dos 102 inscritos, 65 professores completaram todas as atividades propostas e puderam participar com seus alunos da final da Olimpíada. Esses 65 professores representaram 48 escolas públicas de Campinas, e mais 17 cidades vizinhas aplicaram o jogo e realizaram a competição interna incluindo um total de mais 7.000 de seus alunos individualmente relacionados. Não foram computados os alunos dos 37 professores que receberam os jogos, mas, por diversos motivos, não puderam participar do curso até o final. A realização da Olimpíada apresentou resultados extremamente positivos. Mais de 10.000 estudantes utilizaram o material como auxiliar no ensino de Genética. Mais de 7.000 alunos estudaram Genética com dedicação ímpar durante um semestre na preparação para as competições. Mais de 100 professores e escolas têm à sua disposição cópias do jogo e certamente estarão utilizando em sala de aula nos próximos anos. Mais de 50 jogos ou propostas de jogos nos foram entregues pelos professores como parte da atividade do curso. Vários desses jogos já foram utilizados em 1999 e serão utilizados esse ano em muitas escolas. Para esse projeto foram confeccionados 3.000 cópias do jogo. Como havia sido planejado, 1.700 cópias foram empregadas no curso realizado na Unicamp. Havia sido previsto ainda o oferecimento de um Curso e Olimpíada nos mesmos moldes na Estação Ciência/USP em São Paulo para 40 professores. A primeira fase desse curso já foi completada (setembro-dezembro 1999) com a distribuição de 400 cópias do jogo e a Olimpíada programada para o primeiro semestre de 2000. O projeto desenvolvido na Unicamp teve um custo total de menos de R$ 50.000,00, sendo R$ 26.000,00 com bolsas de auxilio para os professores-alunos, R$ 8.000,00 para os docentes e R$ 12.000,00 pelos 3.000 jogos (R$ 4,00 por unidade). Ainda temos quase mil cópias do jogo que serão usadas conforme necessárias. Como conclusão, gostaria de lembrar que esses projetos, esse estímulo, essa provocação em todos os níveis da atividade intelectual podem ser desencadeados num universo de milhares de estudantes, mais 1.000 de professores e escolas e a um custo de R$ 12.000,00 (custo dos jogos). Octavio Henrique O. Pavan |
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