Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 241 - de 16 a 29 de fevereiro de 2004
Leia nessa edição
Capa
Política C&T
Fundos setoriais: padrão
Unicamp testa vacina dupla
Nanociência: sem perder tempo
Política: semicondutores
Licenciamento de patentes
Rivalidade nas quatro linhas
Teses da semana
Pós: reajuste de bolsas
O sabor do trabalho
Bicentenário: Hércules Florence
 

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Pós-graduandos lutam por
reajuste de bolsas da Capes
Valores de bolsas concedidas pela agência de fomento não são reajustados há dez anos

CLAYTON LEVY

Foto: Antoninho Perri
Estudantes da Unicamp pretendem debater o tema durante congresso que acontece em março, em BH

Depois de participar ativamente das articulações que resultaram, em janeiro, num aumento de 18% no valor das bolsas oferecidas pelo CNPq, estudantes de pós-graduação da Unicamp estão empenhados agora em conquistar um reajuste também para as bolsas oferecidas pela Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior. O grupo já iniciou contatos com a presidência da agência de fomento e com o Ministério da Educação reivindicando o aumento. Responsável por 50% das bolsas oferecidas no Brasil, a Capes não reajusta seus valores há dez anos.

O movimento conta com o apoio da Reitoria. No início de fevereiro a Câmara de Administração (CAD) aprovou moção destacando a necessidade de isonomia para as bolsas oferecidas pelo CNPq e pela Capes. O documento, proposto pela aluna Paula Filloy, do Instituto de Química e representante dos pós-graduandos no Conselho Universitário, chama a atenção para a importância da pós-graduação no desenvolvimento científico do País.

“Se o governo federal pretende consolidar o desenvolvimento científico nacional, então deveria apoiar o financiamento das bolsas não apenas do CNPq mas também da Capes”, diz Davi Ortega, pós-graduando do Instituto de Física e um dos coordenadores do movimento. O reajuste de 18% do CNPq, anunciado em 14 de janeiro, elevou o valor das bolsas de mestrado para R$ 855,00 e das de doutorado para R$ 1.267,00. A Capes, porém, mantém desde 1994 os valores de R$ R$ 725,00 para mestrado e de R$ 1.072,89 para doutorado.

“A falta de isonomia desestimula muitos estudantes”, destaca Thiago Rodrigues, pós-graduando do Instituto de Física, que também integra o movimento. Atento aos números, ele chama a atenção para a defasagem dos valores pagos tanto pelo CNPq quanto pela Capes. A inflação acumulada desde o último reajuste das bolsas, em 1994, chega a 180% pelo IGP-DI. “O poder de compra das bolsas caiu para menos da metade nesse período”, observa Thiago.

Se fossem corrigidas pela inflação acumulada até janeiro de 2003 (IGP-DI), as bolsas de ambas as agências deveriam atingir o valor de R$ 2.003,84 para mestrado e de R$ 2.967,37 para doutorado. “Há dez anos, o valor das bolsas correspondia a dez salários mínimos; hoje os valores equivalem a apenas três salários mínimos”, diz Thiago. “O contrato com as agências estabelece regime de dedicação exclusiva, mas com esses valores é muito difícil”.

Segundo levantamento da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), corrigido, o que se paga atualmente a um doutorando é quase a metade do que se pagava a um mestrando em 1994, menos do que se pagava a um bolsista de aperfeiçoamento e não muito mais do que se pagava a um aluno de iniciação científica. Segundo essa linha de raciocínio, um aluno que defendeu sua tese em janeiro de 2003 deixou de receber, em quatro anos, cerca de R$ 50 mil.

O grupo da Unicamp pretende levar o tema para ser debatido durante o próximo Congresso Nacional de Pós-Graduandos, que acontece de 18 a 21 de março em Belo Horizonte. A idéia é incrementar as articulações para fortalecer o movimento em nível nacional. “Precisamos do apoio não só dos estudantes mas também dos professores”, destaca Paula.

No ano passado, o grupo realizou uma grande mobilização em defesa da emenda orçamentária que pedia R$ 130 milhões para o financiamento de bolsas. Acompanhada pelo pró-reitor de pós-graduação, professor Daniel Hogan, uma comitiva de 16 estudantes realizou duas viagens ao Congresso Nacional para sensibilizar os parlamentares sobre a importância da emenda. No final, o relator geral , deputado Jorge Bittar (PT-RJ), incluiu em seu relatório final a proposta de um valor extra de R$ 34 milhões destinado ao financiamento das bolsas.

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