Primeira colocada
busca exemplo em casa
ISABEL GARDENAL
Depois de duas tentativas anteriores, a campineira Fernanda Firmino Giachetta, 19 anos, foi aprovada no curso de medicina, o mais concorrido no vestibular 2005 da Unicamp. Ela figura como a primeira colocada entre os alunos matriculados deste ano. Entre os vestibulandos que disputaram uma vaga na Faculdade de Ciências Médicas (FCM), ela conquistou o quarto lugar. Fernanda, que reside na Cidade Universitária, em Barão Geraldo, também foi aprovada nos vestibulares da Unesp e da Unifesp.
Fernanda se auto-intitula “muito tranqüila” e não considera negativo o fato de ter aberto mão das “baladas” para se dedicar aos estudos durante o último ano. “Vestibular é coisa de momento, mas é o meio por excelência para se chegar ao nosso objetivo”, afirma. “Por isso aquele momento é a hora”, completa. Ela diz ter encontrado dentro da própria casa o exemplo para dedicar-se com obstinação à conquista do objetivo. “Meu pai, Nilton Giachetta Filho, também obteve o primeiro lugar no curso de engenharia mecânica da Unicamp, em 1977. Aquele era o momento dele”, conta.
Fernanda foi aluna de escola pública. “Mas por opção”, relata orgulhosa. “O curso de técnico de enfermagem, feito no Colégio Técnico da Unicamp (Cotuca), me deu experiência para a vida”, diz. Num dos estágios, feitos no Hospital Cândido Ferreira, aprendi que saúde não envolve só o cuidar. “É lidar com pessoas, sua problemática de saúde e fazê-las acreditar na melhora”, acrescenta. “Ali fizemos um verdadeiro curso de enfermagem na Oficina de Culinária, fato curioso, uma vez que os pacientes trabalham fazendo salgadinhos.”
A caloura impôs a si própria uma rotina de estudos bastante exigente, mas ao mesmo tempo classificada por ela como “normal”. Conta que fazia cursinho de manhã e completava o ciclo de estudos à tarde e à noite. “Mas sem exceder o horário das 23 horas”, ressalta. “O sono é necessário para organização das idéias”, afirma. Mas foi na família que encontrou apoio incondicional.
Dez dias antes do vestibular, os pais viajaram para o litoral. “Fernanda ficou com a casa toda para ela, deitando e rolando nos estudos”, afirma a mãe, Maria Isabel Firmino. Arteeducadora, Isabel descreve que a filha nunca foi neurótica em relação aos estudos. Era, ao contrário, muito equilibrada. Estudava e sabia a hora de parar. “Sempre fez avaliações de suas falhas, apegando-se aos acertos”, diz. Montou um grupo de estudo com cerca de 12 pessoas, sendo que todas passaram no vestibular, duas delas na Unicamp.
Fernanda destaca que nunca nutriu aversão a determinadas disciplinas, apesar de confessar que geografia e história não eram as “prediletas”. Boa aluna de português, ela se destacou no vestibular do ano passado na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Das 14 mil redações corrigidas pela instituição, Fernanda abocanhou, com outros 16 candidatos, uma valiosa nota “10”.
A aluna gosta de leitura, principalmente de literatura brasileira. Aprecia Machado de Assis e foi logo apontando Dom Casmurro como seu livro preferido. “Ama” os discos de vinis, guardados em seu quarto. Não tem namorado no momento e pretende se dedicar muito à nova fase de estudos. “Pretendo seguir carreira docente e vou longe: quero ser a primeira geriatra da Unicamp”, planeja.
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