Comissão prepara série de eventos acadêmicos, culturais,
artísticos e esportivos até o aniversário em 5 de outubro
Unicamp consolida programação para comemorar seus 40 anos
MANUEL ALVES FILHO
No próximo dia 5 de outubro, a Unicamp completará 40 anos. Embora seja uma instituição jovem, se consideradas as datas de fundação das principais universidades européias, ela chega à atual fase consolidada como um dos principais centros de excelência no ensino e pesquisa da América Latina. No plano local, responde por cerca de 15% da investigação científica brasileira e por algo em torno de 10% das teses de doutorado e mestrado geradas pela pós-graduação nacional. Mantém, ainda, perto de uma centena de convênios de cooperação internacional. Tal trajetória, que continua a dar frutos, como a construção do novo campus de Limeira, será devidamente comemorada ao longo deste ano, por meio de uma série de atividades acadêmicas, culturais, artísticas e esportivas. Ao todo, serão 40 ações, com possibilidade de desdobramentos em outras, que envolverão toda a comunidade interna e estarão abertas à participação da sociedade em geral.
O Jornal da Unicamp dá sua contribuição às comemorações publicando, semanalmente, capítulos do livro inédito O Mandarim. História da infância da Unicamp, do jornalista Eustáquio Gomes, que tempera a história documentada com histórias de bastidores envolvendo personagens que idealizaram e ajudaram a consolidar a Universidade que temos hoje. Os três primeiros capítulos de O Mandarim estão já nesta edição. A partir de março, contaremos como se formou cada unidade da Unicamp, colhendo, sempre que possível, os depoimentos daqueles que participaram de sua criação. Esta série relembrando as histórias das unidades também será transformada em livro.
Para dar conta de estabelecer toda a programação dos 40 anos, a Reitoria designou uma comissão especialmente para esse fim, presidida por Eduardo Guimarães, que é professor do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) e também assessor especial do reitor José Tadeu Jorge. De acordo com ele, cerca de 20 pessoas vêm trabalhando desde o final do ano passado. A primeira etapa consistiu em discutir as linhas gerais das atividades. Em seguida, foi a vez de definir os eventos propriamente ditos. Uma comissão executiva, tendo à frente o professor Carlos Fernandes, do Instituto de Artes (IA), está encarregada de transformar as idéias em ações.
Conforme Eduardo Guimarães, a programação (ver quadro) está praticamente fechada, faltando definir apenas um ou outro evento. Ele explica que as atividades serão compostas desde seminários até espetáculos musicais e teatrais, passando por concursos, exposições e disputas esportivas. “Essas atividades serão produzidas tanto pela comunidade acadêmica quanto pela comunidade externa. O objetivo é aproveitar as comemorações para aproximar ainda mais a Unicamp da sociedade”, afirma. Os eventos que marcarão os 40 anos da Universidade obedecerão a dois eixos principais. O primeiro objetiva divulgar a história da instituição, destacando a sua importância no esforço para o desenvolvimento da ciência e do conhecimento.
O segundo tem por meta apresentar à população a produção cultural da Unicamp, traduzida nas atividades científicas e artísticas executadas por seus alunos, professores e funcionários. “É importante destacar que os eventos em comemoração aos 40 anos da Unicamp não ficarão restritos às dependências da Universidade. Nós também vamos nos valer de outros espaços, como o Centro de Convivência Cultural e o Teatro Castro Mendes, para citar dois exemplos”. Durante a apresentação da programação oficial, prevista para ocorrer ainda em fevereiro, haverá o lançamento da logomarca “Unicamp Ano 40”. Em seguida, a tradicional atividade de recepção aos calouros será integrada às festividades de aniversário da instituição. “Aliás, outros eventos que constam do calendário acadêmico, como a Universidade de Portas Abertas (UPA), também terão como mote os 40 anos”, acrescenta Eduardo Guimarães.
O assessor especial do reitor destaca que, além da programação oficial, outros eventos poderão marcar os 40 anos da Unicamp. “É possível que as faculdades e institutos também realizem atividades nessa linha, aproveitando, por exemplo, as comemorações de um acontecimento relacionado a eles especificamente”. Eduardo Guimarães adianta que farão parte das festividades o lançamento de um site intitulado “Unicamp Ano 40”, que trará textos e fotografias sobre a história da Universidade, além de disponibilizar espaço para a participação do internauta; a criação de concursos artísticos e literários em âmbito nacional; publicações de livros sobre a trajetória da instituição e gravações de CDs e DVDs com a produção artística da Universidade. “Até dezembro, não faltarão motivos e nem eventos para comemorarmos”, assegura.
Histórico Em 5 de outubro de 1966 era lançada a pedra fundamental do campus da Unicamp em Campinas. Embora a universidade já existisse no papel desde 1962 e funcionasse com uma unidade embrionária a Faculdade de Ciências Médicas desde 1963, a data foi oficializada como a do aniversário da instituição. O alto grau de excelência alcançado pela instituição tem reflexo direto nas atividades desenvolvidas por professores, alunos e funcionários. A Unicamp é, atualmente, a universidade brasileira com a melhor média no Exame Nacional de Cursos, o Provão. De seus laboratórios e salas de aula saem contribuições importantes para o avanço do conhecimento, em áreas relacionadas ao dia-a-dia da população, como biotecnologia, telecomunicações, informática, filosofia, física, química e muitas outras.
A Unicamp tem cinco campi, nas cidades de Campinas, Piracicaba, Limeira, Paulínia e Sumaré. São 21 unidades de ensino e pesquisa (faculdades e institutos), 23 núcleos e centros interdisciplinares, dois colégios técnicos, um complexo de saúde com três hospitais, 21 bibliotecas e uma série de órgãos de apoio. A qualidade da formação oferecida pela Unicamp tem muito a ver com a estreita relação que historicamente mantém entre ensino e pesquisa. Também está vinculada ao fato de 90% dos seus cerca de 1.800 professores atuarem em regime de dedicação exclusiva e 94% possuírem o título mínimo de doutor. Os docentes que conduzem pesquisas de ponta nos laboratórios são os mesmos que vão para as salas de aula. A Universidade conta hoje com 16 mil estudantes em seus 58 cursos de graduação e outros 13 mil em seus 111 programas de pós-graduação.
Os estudantes que ingressaram na Unicamp no período compreendido entre os anos de 1999 a 2002 eram, em sua maioria, jovens (cerca de 70% tinham de 17 a 19 anos) e solteiros (perto de 95%). Nesse período, observou-se um aumento no percentual de mulheres, que, de 39,7% em 1999, foi elevado para 45,7% em 2001. Atualmente, há um equilíbrio entre alunos do sexo masculino e feminino. O interior de São Paulo tem sido o principal local de origem dos estudantes (70%, em 2001). Em 2002, 33% dos ingressantes haviam cursado o ensino médio em escola pública.