| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 313 - 20 de fevereiro a 5 de março de 2006
Leia nesta edição
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Artigo
Cartas
Parques tecnológicos
Rede Alimenta
Unicamp 40 anos
O Mandarim
Sexualidade na adolescência
Acupuntura
Aquecimento global
Odontologia
Teses
Mulher de elite
Fabiana Bonilha
 

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ARTIGO

O programa de parques tecnológicos

JOSÉ TADEU JORGE

José Tadeu Jorge, engenheiro de alimentos, é reitor da Unicamp desde abril de 2005Ao anunciar, há pouco mais de um mês, a definição de cinco pólos regionais – Campinas, São Carlos, São José dos Campos, Ribeirão Preto e São Paulo – que sediarão um leque de parques científicos e tecnológicos previstos para serem instalados nos próximos anos, o governo paulista reafirma e reforça a condição histórica dessas cidades como opções de primeira linha para a localização de atividades públicas e privadas de pesquisa & desenvolvimento e a instalação de empresas de base tecnológica.

Mais que isso, o governo de São Paulo traça uma estratégia de política industrial atrelada à inovação tecnológica, delineando áreas de atuação complementares entre si de acordo com o perfil tecnológico de cada pólo. Assim, enquanto o parque de Campinas enfatizará a tecnologia da informação, São José dos Campos privilegiará a aeronáutica, São Paulo a nanotecnologia, São Carlos os produtos químicos e Ribeirão Preto a produção de equipamentos médicos e hospitalares.

O sistema de parques científicos e tecnológicos já se consolidou nos países de economia desenvolvida e é hoje uma tendência mundial inescapável. Ao reunir empresas e institutos de pesquisa num espaço planejado e organizado de modo a permitir o uso de serviços compartilhados, os parques são ambientes muito favoráveis ao desenvolvimento de atividades de alto valor agregado e propício ao surgimento de empresas de base tecnológica.

Concebidos como um empreendimento a ser desenvolvido pela iniciativa privada com o apoio do Estado, seu êxito depende do comprometimento de um leque de parceiros que vão das universidades e institutos de pesquisa ao empresariado e aos governos municipal, estadual e federal. Os projetos em geral prevêem uma área corporativa destinada à implantação de atividades de base tecnológica com investimento do Estado e uma segunda área de uso misto e investimento privado que inclui, além do comércio e serviços de âmbito local, um setor de domínio residencial. Isto implica uma operação imobiliária de grande porte que, como aconteceu nos parques tecnológicos bem-sucedidos pelo mundo, serve como forma de alavancagem e de sustentação financeira do projeto como um todo, a começar pela incorporação de terras não públicas.

Por suas características de centros tecnológicos vocacionados, alguns pólos já vinham se preparando para esse momento crucial, o da entrada do Estado no projeto de financiamento inicial dos parques, como é o caso de Campinas. Desde 2003, por iniciativa da Unicamp e da prefeitura local, com apoio financeiro da Finep e da Fapesp, Campinas vinha trabalhando num estudo de fundo visando a conceituação de seu parque, a organização de suas condições físico-territoriais e a formulação de alternativas de um plano urbanístico básico. O estudo da Unicamp – que poderá servir de base para outros projetos de pólos pelo País – leva em conta uma vantagem considerável da cidade, que é a existência de um primeiro parque tecnológico em operação desde a década de 80, em função do qual foi constituída uma empresa municipal de economia mista encarregada de fomentá-lo, a Ciatec. O novo parque está previsto para ocupar uma área dez vezes maior que o primeiro.

Essa condição privilegiada da cidade já havia sido apontada por estudo recente da ONU e pela prestigiosa revista Wired em julho de 2000, num levantamento que elencava os 50 principais pólos de atração de investimentos nos cinco continentes. Muitos fatores são levados em conta em rankings dessa natureza. No caso de Campinas, conta seguramente a existência de universidades consolidadas e de nove outras instituições de pesquisa (a Unicamp é, de longe, a universidade brasileira com maior número de patentes), a capacidade de gerar mão-de-obra qualificada e diversificada, a presença de uma florescente indústria de tecnologia limpa, forte concentração de empresas voltadas para a inovação tecnológica e uma infra-estrutura física com malha rodoviária de primeira ordem, aeroporto internacional, excelente estrutura de comunicação, facilidade de transmissão de dados e, mais recentemente, a existência de uma Agência de Inovação.

O anúncio das cidades que abrigarão os primeiros cinco parques científicos e tecnológicos paulistas referenda uma situação promissora: esses pólos já existem e são o que são graças ao forte investimento do Estado, que os tornou centro de atração da indústria de ponta e de serviços qualificados. Sua mudança de escala, entretanto, é necessária para que o país aprenda a agregar, a inovar e se torne mais competitivo para além dos produtos primários. Para tanto é preciso que a iniciativa privada, sobretudo a indústria de base tecnológica, abrace o projeto e tenha a coragem de investir no único caminho que se vislumbra possível num cenário de evolução contínua dos meios de produção: o da inovação tecnológica.

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