Stand by
José Pomílio informa que modo de espera pode representar
até 15% do consumo de energia em uma residência

CARLOS TIDEI

s tentativas de reduzir o consumo de energia proliferam na medida das discussões sobre as alternativas de geração. Se por um lado é preciso definir outras fontes para atender a crescente demanda, por outro deve-se promover o uso racional de energia, reduzindo o consumo de forma eficiente, sem afetar a qualidade dos serviços proporcionados pela eletricidade. A substituição das lâmpadas incandescentes por fluorescentes tubulares nas residências e escritórios, ou as de mercúrio por vapor de sódio na iluminação pública, são exemplos de conservação. Já a utilização de lâmpadas fluorescentes compactas, embora representem uma redução de consumo, apresentam outros problemas associados ao que se denomina “Qualidade de Energia Elétrica”. Segundo José Antenor Pomílio, professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp e presidente da Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência (Sobraep), dentro do contexto de melhor uso da energia deve-se considerar a minimização do consumo em stand by. Quando equipamentos eletrônicos ficam ligados em sistema de espera, sem operar, o consumo é muito grande. Medições revelam que corresponde de 10% a 15% da eletricidade utilizada em uma casa de classe média, onde existe rádio-relógio, telefone sem fio, forno de microondas, aparelho de som, televisão, computador, videocassete etc.

“Para não fazer nada. O único benefício é o conforto de se apertar um controle remoto. As pessoas devem perceber que este gasto representa a metade da meta de corte imposta pelo governo”, alerta o professor. No Japão, onde o consumo doméstico corresponde a 50% da energia gerada, sendo 13% de stand by, foi implantada uma legislação impondo uma redução drástica. Os japoneses possuem muitos aparelhos eletrônicos automáticos e dificilmente mudariam seus hábitos. Os equipamentos ficam ligados na rede permanentemente, pelo conceito de “casa e edifício inteligentes”. Então, passou-se a exigir por lei que os aparelhos, após um primeiro estágio de stand by, caiam para um nível de consumo mínimo, de onde somente reajam a partir do acionamento do controle remoto. Isso exige a instalação de um circuito do tamanho de uma moeda nos eletroeletrônicos, com o qual cada um deles passa a consumir no máximo 1 watt, contra 10 a 15 watts do gasto sem esta modificação. Ou seja, uma queda de 13% para 1%. A tecnologia existe e já foi incorporada aos equipamentos. “Isso revela que existe uma discussão global em torno deste assunto”, destaca Pomílio.

Tensão - Outra medida polêmica é a redução da tensão em 5% anunciada pelo governo. Não existe certeza da diminuição do consumo, avaliada em 2% pelos técnicos do governo, com base em um modelo das cargas elétricas. “O quanto, de fato, vai representar de economia, depende do tipo de cargas alimentadas”, detalha o especialista da Unicamp. Ele explica que existem três tipos de cargas: “impedância constante”, como as lâmpadas e chuveiros, para as quais realmente deve-se esperar uma redução, pois cada lâmpada vai ficar mais fraca e o chuveiro esquentar menos; “corrente constante”, onde a queda não será tão expressiva; e as de “potência constante”, tipicamente os aparelhos eletrônicos de uso doméstico e industrial, onde, além de não haver economia no consumo, se verificará maior perda de transmissão de energia.

“O equipamento eletrônico funciona normalmente ao se reduzir a tensão na faixa especificada, mas a corrente aumenta. O aumento de corrente que passa pela fiação eleva as perdas. É um processo na contra-mão do resultado esperado. Este aumento de consumo é marginal, muito pequeno, algo em torno de 0,1%”avalia o professor. Aparelhos do tipo “impedância constante”, mas com controle de temperatura, como o ferro elétrico, também não deverão produzir economia com tensão mais baixa. Isso porque o usuário vai reajustar o aparelho para obter a temperatura desejada. A economia é obtida em equipamentos que não possuem este controle, como lâmpadas e chuveiros. No caso de chuveiros, a tendência é as pessoas elevarem a temperatura. Se já está no quente e não há mais o que aumentar, resulta em economia.

No caso das geladeiras, que possuem um sistema automático de religamento a partir da elevação da temperatura interior, ela deverá funcionar mais tempo para fazer o processo de resfriamento e possivelmente aumentará seu consumo. A alternativa de reduzir a tensão é utilizada em algumas regiões dos Estados Unidos, no horário de pico. Neste horário, grande parte da carga é do tipo “impedância constante” (chuveiros e lâmpadas), o que leva a medida a proporcionar economia.



© 1994-2000 Universidade Estadual de Campinas
Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP
E-mail:
webmaster@unicamp.br