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Jornal da Unicamp 180 - Página 2
10 a 21 de julho de 2002
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Tão longe, tão perto
Unicamp vai centralizar atividades e iniciativas relacionadas à educação a distância na região
Isabel Gardenal
A Unicamp foi credenciada, no último dia 25, como pólo regional da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), o segundo do Estado de São Paulo. Com sede no Centro de Computação (CCUEC), o novo pólo começa com a adesão de 1.500 participantes. Como sociedade científica, estuda, desenvolve, promove e divulga a educação a distância ensino que favorece a auto-aprendizagem com recursos didáticos, apresentados em diferentes suportes de informação e veiculados por vários meios de comunicação, segundo normatização da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Paralelamente à inauguração da Abed regional, realizou-se o I Workshop sobre Educação a Distância, promovido pelo Grupo de Suporte em Ensino a Distância (EAD) da Unicamp. O encontro reuniu, num mesmo local, algumas das principais experiências na área, tanto da Unicamp como de outras universidades, empresas e corporações da região.
Uma das lutas constantes para quem trabalha com essa modalidade de ensino consiste em apresentar a informação e o conteúdo, orientar a prática e assessorar o aprendizado na utilização dos meios que efetivam os canais de comunicação via Web. Para o pró-reitor de Graduação, José Luiz Boldrini, “reunir experiências de uma só vez serve até mesmo para aprender com o trabalho de outras unidades”. Segundo Boldrini, que participou do workshop, “isso mostra que precisamos incentivar mais a educação a distância e que a Reitoria pode acelerar esta atividade”.
Experiências trocadas Na Unicamp, existem iniciativas tradicionais de educação a distância com o uso das plataformas WebCT, software pago, e TelEduc, desenvolvido pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied), que gerencia o ensino-aprendizado, um dos sistemas mais utilizados no País.
Outras iniciativas estão espalhadas na quase totalidade dos institutos e faculdades da Unicamp. O Núcleo de Informática Biomédica (NIB), por exemplo, dá continuidade a projetos pioneiros na Universidade, coordenados pelo professor Renato Sabbatini. Tudo começou com o apoio para Web, em 1993, em algumas disciplinas presenciais no curso de graduação e pós. Gradativamente, o Núcleo passou a desenvolver cursos a distância em extensão e em disciplinas de pós-graduação. Há um ano, passou a utilizar o TelEduc e hoje conta com um servidor específico. “Montamos um Centro de Educação a Distância em Saúde (CEAD-s), trabalhando com aula por videoconferência e Internet de alta velocidade. Surgiram também experiências de discussão de casos clínicos e aulas a distância”, explica Sabbatini.
Com dez projetos concluídos, o Núcleo está com cinco novos, na área de telemedicina e educação a distância. O carro-chefe de todos é o Hospital Virtual, um portal de informação profissional em saúde com informações para leigos. Ele deu formato às revistas eletrônicas NutriWeb, Saúde & Vida On-Line e Cérebro & Mente, que atraem mais de 60 mil visitantes por mês. “Sessenta por cento dos internautas querem informações de saúde, provando ser quase unanimidade nas buscas”, revela o professor.
Outro projeto do NIB é o Consórcio de Educação a Distância em Saúde a Edumed, uma rede nacional com 20 universidades e centros de pesquisa que geram conteúdo. Dele, participam professores da Unicamp e de outras instituições, que criam produtos educacionais a distância na área de psiquiatria, neurociência, medicina do trabalho, informática médica, clínica médica.
De acordo com Sabbatini, todo aporte financeiro do NIB vem de verba extra-orçamentária, tanto de projeto de infra-estrutura da Fapesp como de doações das empresas.
Engenharia O departamento de Comunicações da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação tem promovido duas atividades ligadas à educação a distância: desenvolvimento de um ambiente de comunicação e laboratórios virtuais.
De acordo com o professor Leonardo Mendes, pertencente ao departamento, o primeiro vai trabalhar agregado aos ambientes de comunicação a distância, como o WebCT ou o TelEduc. Trata-se de um conjunto de ferramentas que operarão sobre a Internet, mas que possuem garantias necessárias para a comunicação em tempo real. Esta atividade, feita em cooperação com a empresa Lucent, segue os critérios da Lei de Informática, estando previsto seu desenvolvimento em 10 a 12 meses.
O primeiro passo é o desenvolvimento do ambiente de áudio ou comunicação via voz. Isso dará origem a uma ferramenta ou a um módulo. “Ao somar os sinais de vídeo aos de áudio, teremos um ambiente de videoconferência, de distribuição de apresentação através da rede e salas de audiovídeo chat”, conta Leonardo.
O segundo trabalho de laboratórios virtuais envolve um ambiente de simulação para o aluno. A sua experiência é feita meramente dentro do computador, interagindo com objetos com o perfil do objeto real. Para estudar um problema de radiação em laboratório às vezes torna-se perigoso o emprego de urânio no experimento. No laboratório virtual, as pessoas estudam o comportamento dessa substância e aplicações com um impacto bem menor. Mas o objetivo de fazer esses ambientes virtuais, ressalta Leonardo, não é porque o impacto é somente menor. É que muitos laboratórios têm preços inacessíveis para serem montados na universidade. “Com esses ambientes, é oferecida uma primeira experiência. Depois, as pessoas serão encaminhadas aos laboratórios reais.”
Humanas O projeto Read in Web planejado por professores do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), Centro de Estudos da Língua (CEL) e coordenado pela professora Denise Braga envolve ensino e pesquisa de inglês instrumental. Foi iniciado no ano passado em cinco módulos para pós-graduandos e pretende reforçar a leitura.
Para cada texto há seis perguntas e sugestões de respostas. O aluno escolhe como estudar e imprimir o texto, consultando um glossário e o material de apoio (dicionário detalhado e as funções gramaticais das palavras). O aluno passa por um tutorial sobre estrutura de leitura e aquisição de língua.
Recentemente, o curso está sendo oferecido para o Sindicato de Engenheiros de Campinas e, em breve, o mesmo ocorrerá com o Sindicato de São Paulo, embora o público-alvo seja ainda o aluno da Unicamp. Até o momento, 80 deles completaram o curso.
O IEL pretende implementar proposta de curso semi-presencial no 2o semestre, para revisão do material e elaboração de um tutorial para uso do Read in Web, em substituição à aula introdutória presencial. Outras estratégias serão adotadas, como o monitoramento dos alunos inscritos com controle eletrônico de atrasos e registro de feedback deles e pesquisa sobre estudo independente em rede, como entrevistas com alunos, usuários, protocolo verbal e registro eletrônico de acesso às páginas.
Como subprojeto do Read in Web, tem ainda o Supletivo em Rede, coordenado pela professora Maria Augusta Matos, do Departamento de Lingüística Aplicada do IEL, desenvolvido pelos alunos do 2o ano de letras. No supletivo, são fornecidos material didático e textos de apoio aos professores em sala-de-aula, com atividades de português a enfatizar leitura e produção de texto.
Unicamp como um todo O Grupo de Suporte em EAD atende a Unicamp e a comunidade externa, organizando ações de fomento à educação a distância em palestras promovidas a cada 15 dias e visitas às unidades apresentando estratégias de trabalho. Neste um ano e meio de existência, enumera Edilene Ropoli, do grupo EAD, há 1.500 alunos nos cursos a distância e 60 cursos cadastrados. Além dos ambientes para educação a distância, o grupo oferece videoconferência e transmissão de eventos, por meio de um servidor que armazena gravações.
A Unicamp ministra disciplinas de extensão, com professores utilizando o ambiente do CCUEC como ensino mediado por computador, dando suporte ao ensino presencial. No ano passado, passou a fazer defesas de tese a distância uma na França e outra nos Estados Unidos.
Dentro de dois meses, será concluído um prédio para uso do grupo EAD, que acomodará duas salas para videoconferências e laboratórios. “A idéia é ter uma estrutura que interaja numa base mais freqüente, e por que não dizer permanente”, planeja seu coordenador, Rubens Queiroz de Almeida.
A Unicamp também dispõe de um conjunto de ferramentas que podem ser utilizadas nos cursos totalmente a distância e em algumas tecnologias como listas de discussão e sessões de bate-papo. Caso o professor requeira apoio pedagógico, ele terá este respaldo técnico. E a disponibilidade do serviço computacional é ininterrupta, com duas máquinas funcionando em regime full time. “Se o sistema de uma cai, a outra assume automaticamente”, adianta Queiroz.
O Boletim EAD tem 3.200 assinantes e uma lista de 800 pessoas nas discussões sobre educação a distância. Os temas gerados na Unicamp fazem dela referência para trabalhos das universidades, das pesquisas, que podem ser vistos no site www.ead.unicamp.br. Dúvidas podem ser esclarecidas através do e-mail ead@ead.unicamp.br.
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