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Jornal da Unicamp 180 - Página 11
10 a 21 de julho de 2002
Agora
semanal
Na volta da Alemanha, a consolidação da carreira
De volta da Alemanha, no Rio, Sérgio Buarque de Holanda retomou o jornalismo e o trabalho em agências telegráficas: Havas, Agência Brasileira, United Press. Foi também diretor de sucursal do Jornal de Minas, fundado e orientado por Virgílio de Mello Franco e Afonso Arinos. Recomeçou a freqüentar os amigos de antes e caiu na roda-viva. Foi o tempo dos grandes carnavais, o tempo dos cassinos, o tempo do Lido, o tempo da Praia de Copacabana.
1932 Sérgio estava no Rio na turma dos boatos e da torcida revolucionária. Acabou preso, soltando vivas a São Paulo, em pleno Mangue.
1935 Sérgio publicou na revista Espelho um longo estudo: “Corpo e Alma do Brasil”. Era o anúncio de seu primeiro livro, “Raízes do Brasil”, editado ano e meio mais tarde.
1936 Convidado pela Universidade do Distrito Federal para assistente nas cadeiras de História Moderna e Econômica de Literatura Comparada. Sérgio colabora em “Em Memória de Antonio Alcântara Machado” e no volume em homenagem aos 50 anos de Manuel Bandeira. Publica “Raízes do Brasil”. Casa-se com Maria Amélia.
1937 Assume as cadeiras de História da América e de Cultura Luso-brasileira. Convidado por Gustavo Capanema, faz parte da Comissão de Teatro do Ministério da Educação. Transfere-se da United para a Associates Press. Todo esse ano reside num apartamento no Leme. E a convivência com os outros amigos estabeleceu-se intensa, inclusive com “os do norte que vêem”: Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Luís Jardim, Raquel de Queiroz... A 30 de novembro nasceu Miúcha.
1938 Passa a morar numa casa na Av. Atlântica, no Leme. Nessa época, Mário de Andrade, contratado pela Universidade do Rio, aparecia sempre.
1939 Extinta a Universidade do Distrito Federal, Sérgio passa para o Instituto do Livro. No Instituto trabalhavam, entre outros, Mário de Andrade, Américo Facó, Liberato Soares Pinto, Chico Barbosa, Eneida e José Honório Rodrigues, Souza da Silveira e Manuel Said Ali. Sérgio desliga-se da Associates Press. Começa a Guerra.
1940 Muda-se para o apartamento do Lido e logo nasce Sergito (20 de abril). Principia a seção de crítica literária no Diário de Notícias. Ambiente pesado, com a ocupação de Paris.
1941 A convite do State Departament, viaja aos EUA, visitando Nova York, Washington, Chicago. Pronuncia palestras na Universidade de Wyoming.
1942 Nasce Álvaro, dia 3 de janeiro. Por essa época, trava relações pessoais com Caio Prado. Temporada de Willian Berrien no Brasil.
1943 Alegre viagem a Belo Horizonte, em grupo organizado por Vinícius de Moraes, que lá proferiria uma palestra. Tudo a convite de Juscelino Kubitschek, então prefeito da cidade. Estada em São Paulo: em almoço oferecido pelo editor José de Barros Martins, conhece Antonio Cândido.
1944 Nasce Chico, a 19 de junho. Sérgio passa do Instituto do Livro para a Biblioteca Nacional. Publica “Cobra de Vidro”. Publica “História do Brasil” (didática).
1945 Publica “Monções”. Toma parte no Congresso de Escritores em São Paulo, assinando a conhecida “Declaração de Princípios” contra a ditadura. É eleito presidente da seção carioca da Associação Brasileira de Escritores. Faz parte dos fundadores da Esquerda Democrática. Fim da Guerra. Foi o tempo dos boatos. Boatos na hora do almoço, no restaurante da ABI, boatos o dia inteiro nos cafés próximos à Biblioteca Nacional. Em agosto, caía Getúlio.
1946 Depois de uma ausência de 25 anos, Sérgio volta para São Paulo, assumindo a direção do Museu Paulista, no Ipiranga. Consegue a ampliação das atividades do Museu, criando as seções de História, Etnologia, Numismática e Lingüística. Publica “Monções”. Maria do Carmo nasce no dia 5 de novembro. É eleito presidente da Associação Brasileira de Escritores, seção de São Paulo. A Esquerda Democrática converte-se em Partido Socialista. Sérgio é apresentado como candidato a vereador para completar o número exigido de candidatos.
1948 Além da direção do Museu, Sérgio leciona História Social e História Econômica do Brasil, na Escola de Sociologia e Política. É eleito representante das “Instituições Complementares” da USP. Vira representante no Conselho Universitário. Publica “A Expansão Paulista do Século XVI e Começo do Século XVII”. Retoma a seção no Diário de Notícias. Ana Maria nasce, no dia 12 de agosto.
1949 Publica “Índios e Mamelucos na Expansão Paulista”. Prefacia a tradução do “Fausto”, de Goethe. Viaja à França e Itália, proferindo uma palestra na Sorbonne e participando de um comitê da Unesco, em Paris. Viaja de novo a Paris, para participar de dois comitês da Unesco.
1950 Assume a seção de crítica literária no Diário Carioca e na Folha de São Paulo. É eleito, novamente, presidente da Associação Brasileira de Escritores, seção de S. Paulo. Viaja aos EUA para participar, em Washington, do 1º Colóquio de Estudos Luso-Brasileiros. Maria Cristina nasce, a 23 de dezembro.
1952 Publica “Antologia de Poetas Brasileiros na Fase Colonial”. Aparecida e Paulo Mendes de Almeida festejam os 50 anos de Sérgio, promovendo um grande jantar na Maison Suisse.
1953 Licenciado no Museu Paulista, assume a cadeira de Estudos Brasileiros criada na Universidade de Roma. Lá, reside num apartamento à Via San Marino 12.
1954 Na Suíça, profere uma conferência focalizando o Brasil na vida americana.Em Veneza, participa do Congresso da Société Européenne de Culture. Profere palestra no Campidoglio. Organiza um volume da revista “Ausonia”, dedicado ao Brasil.
1955 Retornando ao Brasil, reassume a direção do Museu Paulista e reside à Rua Henrique Schaumann. É eleito vice-presidente do Museu de Arte Moderna.
1956 Leciona História do Brasil na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sorocaba. Raízes do Brasil é publicado em espanhol (Raices del Brasil), no México.
1957 Assume a cátedra de História da Civilização Brasileira, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Publica “Caminhos e Fronteiras”. Muda-se para a Rua Buri 35, Pacaembu.
1958 Recebe o Grau de Mestre em Ciências Sociais na Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Presta concurso para a cátedra, apresentando como tese “Visão do Paraíso”. Recebe o Prêmio Edgard Cavalheiro por “Caminhos e Fronteiras”. Publica “Trajetória de uma Poesia” - introdução à poesia e prosa de Manuel Bandeira.
1959 Participa do 2º Colóquio de Estudos Luso-Brasileiros, em Salvador. Publica “Visão do Paraíso”. Cria o Instituto de Estudos Brasileiros.
1960 Planeja e dirige a História Geral da Civilização Brasileira para a Difusão Européia do Livro. Recebe do governo francês a condecoração de “Officer de l`Ordre des Arts et des Lettres”.
1962 Assume a presidência do Conselho Organizador do Instituto de Estudos Brasileiros. Em seguida, é eleito diretor do mesmo Instituto.
1963 Além do trabalho no IEB, preside as Comissões Organizadoras do Instituto de Pré-História, do Museu de Arte e Arqueologia, do Museu de Arte Moderna (depois Contemporânea) e Comissão de Bibliotecas. Na Difel é publicado o 1º volume da série Brasil Monárquico: “Processo de Emancipação” na História Geral da Civilização Brasileira. A convite da Universidade do Chile, vai a Santiago dar um curso e organizar seminários sobre História do Brasil. Sua 1ª aula é publicada em espanhol.
1964 Sai o 2º volume do Brasil Monárquico: “Dispersão e Unidade”. Participa de um curso de História do Brasil na Universidade de Brasília, onde o reitor é Zeferino Vaz.
1965 Vai aos EUA, a convite do governo norte-americano. Faz conferências nas Universidades de Columbia, Harvard e Los Angeles. Viaja de novo para os EUA, como professor visitante nas Universidades de Indiana (Bloomington) e New York State University (Stony Brook). Em Yale, faz parte de uma banca de doutoramento e orienta seminários. Participa do VI Colóquio de Estudos Luso-Brasileiros nas Universidades de Harvard e Columbia. Pronuncia uma palestra no Queen‘s College, em Nova York.
1967 Termina o curso em Stony Brook e profere uma palestra na Universidade de Princeton. Na volta dos EUA, passa pela Europa. Em Cuiabá, onde permanece uma quinzena, pesquisa os documentos do Arquivo. Vai a Lima, a convite da Unesco. Sai o 3º volume do Brasil Monárquico: “Reações e Transações”. Profere conferência na Escola Superior de Guerra: “Elementos Básicos da Nacionalidade O Homem”.
1968 Participa do Congresso Teuto-Brasileiro, em Recife. Novamente convidado pela Unesco, vai a San José de Costa Rica participar do Comitê de Estudo das Culturas Latino-Americanas. No dia 30 de abril, pede sua aposentadoria na USP, em solidariedade com os professores aposentados discricionariamente, na véspera, pelo AI-5.
1971 Sai o 4º volume da Série Brasil Monárquico: “Declínio e Queda do Império”.
1972 Sai o 5º volume da Série Brasil Monárquico: “Do Império à República”. Inicia-se a publicação da “História do Brasil” didática.
1974 Participa novamente do Comitê de Estudo das Culturas Latino-Americanas, desta vez reunido no México. A convite do governo venezuelano, vai a Caracas para a instalação da Biblioteca Ayacucho. É publicado o “Vale do Paraíba - Velhas Fazendas”. Inicia-se a publicação da “História da Civilização” didática.
1977 Recebe o Prêmio Governador do Estado, de Literatura. Toma parte na fundação do Centro Brasil Democrático, como vice-presidente. Publica 2ª edição, ampliada, de “Cobra de Vidro”.
1979 Colabora em volume de homenagem a Antonio Cândido: “Esboço de Figura”. Escreve uma carta-prefácio e seleciona poesias para antologia de Vinícius de Moraes. Publica “Tentativas de Mitologia”. Recebe os troféus Juca Pato e Jaboti.
1980 Inscreve-se como membro fundador do PT (Partido dos Trabalhadores). Recebe o troféu Juca Pato (Prêmio Intelectual do Ano de 1979). Recebe o Troféu Jaboti na categoria de Ensaios.
1981 Grava depoimento no Museu da Imagem e do Som.
Os apontamentos de Maria Amélia Buarque de Holanda são muito mais detalhados. Este resumo não traz, por exemplo, as inúmeras obras prefaciadas pelo historiador, além de outros eventos. A versão completa está na página do Arquivo Central da Unicamp: http://www.unicamp.br/siarq/sbh/biografia.html
O Intelectual e o homem segundo Maria Amélia
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