Maria Alice da Cruz

Todos os estabelecimentos em que trabalhem pelo menos 30 mulheres com mais de 16 anos de idade são obrigados pela CLT a ter local apropriado para que as empregadas guardem sob vigilância e assistência os seus filhos no período de amamentação. Foi em poder deste artigo da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) que, em 1982, a primeira comissão da creche da Unicamp se empenhou no trabalho de criação do Centro de Convivência Infantil da Unicamp (Ceci). O que não se esperava, porém, é que o trabalho tomasse a dimensão alcançada aos 20 anos de fundação, a ponto de ser mencionado como creche-modelo pela revista Veja e ser referência a educadores interessados em fundar uma escola infantil, como é o caso de Maria Verlaine Ajala de Brito, fundadora do Grupo Semente, escola de educação infantil da rede particular localizada na Vila Santa Isabel, em Barão Geraldo.

A creche da Unicamp, que reúne 280 crianças de 6 meses a 4 anos de idade, foi modelo para a criação do Grupo Semente, que atende em sua maioria filhos de profissionais e alunos da Universidade. Para montar a escola, Verlaine realizou estágio em quase todas as áreas do Ceci, inclusive na cozinha, onde uma das exigências é a alimentação totalmente natural. A professora também participou de cursos ministrados por profissionais da creche. Verlaine admite que se inspirou no Ceci por ser uma escola modelo onde há a interação dos pais. “Observei a tranqüilidade das mães no horário de visita e de amamentação e a alegria das crianças por não ter a mãe o tempo todo ausente”, explica. Ao deixar o Grupo Semente no ano passado, Verlaine trouxe sua sucessora, Ana Cláudia Lima, para conhecer a creche da Unicamp.

O encantamento de Verlaine é confirmado pela diretora do Ceci, Lucila Eliana Moreira Sandoval. Responsável pelo atendimento de 3 mil bebês e mil crianças em idade de maternal durante 20 anos de funcionamento, a creche mantém entre as principais propostas o contato entre mãe e filho durante as nove horas em que a criança passa na escola. Até hoje, a creche da Unicamp é uma das poucas instituições de ensino que oferecem esta possibilidade, afirma Lucila. Atualmente, atendendo 100% da demanda, entre funcionárias, professoras e alunas de graduação, a equipe intensifica seu olhar para as necessidades das crianças. Mais do que um benefício à mãe que precisa trabalhar, a creche é vista como um direito da criança em estar sendo criada e educada enquanto sua mãe trabalha. Desta forma, é oferecida toda a estrutura para que a criança se desenvolva de maneira saudável, participando de atividades e brincadeiras de acordo com sua faixa etária e recebendo cuidados de profissionais capacitados da área de recreação, nutrição, pedagogia, enfermagem, psicologia e odontologia.

A inclusão de crianças especiais em seu quadro de alunos vem confirmar a proposta do Centro de Convivência Infantil que prevê, além da criação, a educação. No caso dos alunos atendidos, a convivência com as outras crianças contribuiu para a evolução do tratamento.

As comemorações acontecem em agosto. Dia 29, será oferecido um coquetel a funcionários ativos e aposentados. Dia 30, usuários atuais e antigos terão um dia todo de festa, repleto de atividades. A chamada será feita por meio de um ícone a ser inserido no Portal da Unicamp, http://www.unicamp.br. A partir de 5 de agosto, uma exposição itinerante conta toda a história da creche-modelo nascida na Unicamp.