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Reforma curricular,
prioridade na FCM
MANUEL ALVES FILHO
A professora Lilian Tereza Lavras Costallat é a nova diretora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. A reumatologista, que se formou pela própria FCM em 1977, tomou posse no último dia 4 de julho substituindo o professor Mario José Abdalla Saad. Primeira mulher eleita para exercer o cargo, a médica afirma que encontra a Faculdade bem estruturada. Ainda assim, considera ter alguns desafios pela frente, como a conclusão da reforma curricular do curso de Medicina. A professora Lilian terá como diretor-associado o professor José Antonio Rocha Gontijo.
De acordo com a nova diretora da FCM, o trabalho realizado pelos seus antecessores foi fundamental para assegurar o nível de excelência das atividades de ensino, pesquisa e prestação de serviço à comunidade externa. Entretanto, a médica acredita que é possível avançar em relação a alguns aspectos, como definiu em seu plano de metas. Uma das missões da professora Lilian será concluir, com o auxílio de professores, alunos e funcionários, a reforma curricular do curso de Medicina. Mudanças já foram implementadas nos primeiros anos, mas ainda precisam ser estendidas aos demais. “O objetivo é assegurar a eficiência do processo e, como conseqüência, a modernização do ensino”, afirma.
A professora Lilian também pretende atuar junto à Universidade para buscar parâmetros que propiciem às unidades assistenciais da área de saúde condições para construir um modelo de gestão mais adequado a suas demandas específicas. Ela explica que essa é uma antiga aspiração desse segmento. A medida, além de assegurar que os recursos fiquem protegidos de qualquer tipo de flutuação, é um passo importante para a conquista da autonomia gerencial, inclusive na parte de recursos humanos. “Atualmente, quando uma unidade perde um enfermeiro, por exemplo, ela não tem um mecanismo próprio para substituir esse funcionário. Isso causa um enorme desgaste e prejudica o bom andamento das atividades”, explica. “Temos que encontrar um meio, no âmbito institucional, de resolver esse tipo de dificuldade”, acrescenta.
A busca por recursos extra-orçamentários para as unidades de saúde, revela a diretora da FCM, é outra de suas prioridades. A exemplo do que ocorre com a maioria dos hospitais públicos, lembra a reumatologista, o Hospital das Clínicas (HC), responsável pelo atendimento de uma região com cerca de 5 milhões de habitantes, enfrenta dificuldades financeiras. A tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), segundo ela, esteve congelada por vários anos. Mesmo com o aumento previsto, não será possível resolver esta situação, pois não houve elevação do teto de pagamento para o HC. “É preciso promover ações estratégicas incisivas, com a colaboração de toda a comunidade da cidade de Campinas e da região metropolitana, bem como do poder Legislativo, para o perfeito equacionamento desta questão”.
Outra alternativa, diz a professora Lílian, é realizar novos convênios e firmar parcerias com a iniciativa privada, sobretudo na área de prestação de serviços. “Esse também é um trabalho que precisará do engajamento não só da comunidade interna mas de toda a sociedade. Temos que ter claro que o HC e as demais unidades de saúde da Unicamp são um patrimônio da população”. Consolidar o projeto de atenção à Saúde da Família, medida que promoverá uma maior integração entre as ações de ensino e assistência, também é uma das metas da gestão da professora Lilian. A diretora da FCM adverte, porém, que não pretende superar esses desafios sozinha. A participação do diretor-associado, professor José Antonio Rocha Gontijo, com quem ela já trabalhou no Departamento de Clínica Médica, será fundamental para que ocorram os acertos. Essencial, também, será a colaboração do restante da equipe, que terá como princípios de trabalho a eficiência e o compromisso institucional.
Quanto ao fato de ser a primeira mulher a exercer o cargo, a médica acredita que isso tenha sido uma conseqüência natural. Ela lembra que sempre atuou nas atividades de ensino, assistência e pesquisa. Também foi chefe do Departamento de Clínica Médica (1994-1998) e membro da Congregação da FCM e do Conselho Universitário (Consu). “A participação feminina tem crescido em todas as atividades humanas, inclusive nas funções de comando. Quando eu entrei na Unicamp, metade da minha turma era formada por garotas. Hoje, de cada dez alunos de Medicina, sete são moças. Estou honrada por ser a primeira mulher a dirigir a Faculdade de Ciências Médicas. Isso prova que o fato de sermos mães e esposas não representa um impedimento para que possamos buscar outras realizações”, afirma.
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