Jornal da Unicamp 182 -  29 de julho a 4 de agosto de 2002
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Empresas virtuais pontocom

LUIZ SUGIMOTO

Marca de artigos esportivos conhecida em todo o planeta e que se impôs na última Copa do Mundo fornecendo os uniformes da maioria das seleções de futebol, a Nike não fabrica, nem concebe, nem projeta seus produtos, cuidando somente da parte comercial. A Nike é uma empresa virtual? As companhias aéreas, por sua vez, se unem para utilizar a mesma base de dados, otimizando os custos de transporte e dividindo passageiros. Tais companhias, ao se juntarem, também formam uma empresa virtual?

Há controvérsias. Por ser um conceito novo, a empresa virtual mereceu uma dissertação de mestrado intitulada “Avaliação de Custos da Cadeia Logística Integrada (Supply Chain) de Empresas Virtuais”, do engenheiro Flávio Costa Ribeiro de Lima junto à Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp. A publicação das informações em livro está sendo negociada, enquanto o pesquisador se encontra na França fazendo doutorado, quem sabe obtendo apoio para prosseguir na mesma linha de trabalho.

O professor Antonio Batocchio, do Departamento de Engenharia de Fabricação, orientou a dissertação de mestrado e explica que uma empresa virtual é, basicamente, aquela que surge a partir de uma oportunidade de mercado e busca parceiros de áreas diversas para viabilizar um produto. “Existe a empresa-mãe (Broker), que geralmente detém a competência principal, faltando a ela competências complementares. Para citar algumas características da empresa virtual, ela liga pessoas, recursos e idéias por meio de tecnologia; é extremamente adaptável; não possui regras e estruturas rígidas; integra competências-chave entre empresas reais; é um empreendimento que pode ser desfeito após atender demanda; e, finalmente, seu conceito deriva da conjuntura concorrencial”, explica.

A empresa virtual pode atuar nas áreas de software, logística, manufatura, etc. Há razões estratégicas para a migração para uma organização virtual: dividir custos, P&D, riscos, infraestrutura; juntar competências-chave complementares; reduzir time-to-market; aumentar tamanho aparente; ganhar ou partilhar acesso a mercados e migrar de vendas de produtos para vendas de soluções. “Nesta tese, que abordou um caso real, identificamos uma empresa que desenvolve software para agências governamentais, empresas e instituições e que precisava de parceiros que produzissem soluções complementares, tais como banco de dados e interfaces”, acrescenta Batocchio.

Confidencial – Uma empresa de São Carlos (SP) foi o alvo do trabalho e teve mapeados todos os seus processos logísticos (interno e externo) e determinados os custos desses processos. Devido ao acordo de confidencialidade, Flávio de Lima criou uma unidade monetária de referência, que na verdade é baseada no euro e no dólar. “Mas, como os dados têm relação direta com a realidade, qualquer profissional da área terá uma boa idéia sobre os custos com pessoal, desenvolvimento de software e manutenção”, adianta o professor da FEM.

Batocchio acredita que a quantidade de empresas virtuais vai crescer, pois a tendência do mercado é focar na competência. Antes, segundo ele, é preciso discutir questões que ainda não estão resolvidas, como a razão social de uma empresa como esta, a divisão dos benefícios, a garantia de suporte ao cliente caso algum parceiro deixe de participar da empresa. “Também existe o temor de participar de uma empresa virtual, já que está se repassando conhecimento para um parceiro e, com isso, perdendo um pouco o poder de decisão. Mas devemos imaginar que os dois lados podem sair ganhando: é a tal parceria ganha-ganha”, finaliza.