Conferência discute
deficiência sensorial
MANUEL ALVES FILHO
Variados aspectos ligados à Comunicação Aumentativa e Alternativa (AAC, em inglês) serão debatidos ao longo da 11ª Conferência da International Society for Augmentative and Alternative Communication (ISAAC), que será realizada entre os dias 4 e 12 de outubro, em Natal (RN). Esta será a primeira vez que o evento, de periodicidade bianual, ocorrerá fora da Europa e Estados Unidos. O objetivo do encontro, que reunirá os maiores especialistas do mundo na área, é aperfeiçoar e ampliar o uso da AAC na América Latina. A organização da Conferência está sendo feita pela Unicamp, em colaboração com a própria ISAAC e os governos do Estado do Rio Grande do Norte e da cidade de Natal.
De acordo com José Raimundo de Oliveira e Antonio Augusto Fasolo Quevedo, organizadores do evento e professores da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, serão apresentados ao longo da Conferência 336 trabalhos científicos, sendo 42 deles desenvolvidos por brasileiros. Além disso, serão oferecidos, durante dois dias, 15 cursos de formação, destinados aos profissionais que trabalham diretamente com pessoas portadoras de necessidades especiais. Paralelamente, haverá uma exposição aberta ao público de fabricantes de dispositivos para AAC e de entidades assistenciais. “Durante dois dias, também haverá um simpósio de pesquisa, por meio do qual os mais avançados estudos na área serão discutidos por pesquisadores de diversos países”, afirma Oliveira.
Ele lembra que as pesquisas em torno da Comunicação Aumentativa e Alternativa ainda são recentes no Brasil. A busca nessa área é pelo desenvolvimento de tecnologia e recursos que ofereçam apoio às pessoas que apresentam alguma dificuldade de comunicação. O esforço pode envolver desde a concepção de um aparelho auditivo até a geração de softwares e hardwares que promovam a maior interação entre o usuário e a sociedade. “Nossa grande dificuldade tem sido o custo para a criação desses recursos. Como a maioria das pessoas tem necessidades específicas, é difícil alcançar a produção em escala. As soluções são praticamente individualizadas”, explica Oliveira.
Ainda assim, conforme o professor Quevedo, é possível buscar alternativas básicas que permitam variadas adaptações, favorecendo assim pessoas com necessidades diversas. Os especialistas da Unicamp, que nos últimos anos têm trabalhado mais fortemente no desenvolvimento de recursos voltados à mobilidade, destacam que já existem no mercado muitos equipamentos destinados às pessoas que apresentam dificuldade de comunicação. Ocorre, porém, que a imensa maioria é importada. “Além de serem caros, esses dispositivos normalmente exigem que as pessoas entendam um outro idioma, normalmente o inglês, para operá-los. Isso dificulta muito o acesso a esses recursos”, analisa o docente da FEEC.
De acordo com os organizadores da 11ª Conferência Internacional da ISAAC a professora Maria Teresa Eglér Mantoan, da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, é a terceira integrante do grupo -, a expectativa é que o evento desperte nos pesquisadores e estudantes brasileiros o interesse pela realização de novos estudos tendo como objeto a AAC. Eles assinalam, ainda, que o encontro não terá um viés meramente acadêmico e tecnológico. Estarão participando, além dos especialistas, portadores de necessidades especiais e seus familiares. Todos aproveitarão a oportunidade para promover, adicionalmente, reflexões sobre os aspectos políticos e sociais que envolvem o tema.
Os interessados em participar da 11ª Conferência Internacional da ISAAC, que tem como mote a sugestiva frase “Comunicação para todos”, poderão promover a inscrição por meio do site criado especialmente para o evento, no endereço www.isaac2004.unicamp.br. Lá, estão disponíveis informações detalhadas sobre a programação. Dados adicionais poderão ser obtidos pelo e-mail isaac2004@fee.unicamp.br ou pelo telefone (19) 3788-3826. Conforme os organizadores, o encontro só está sendo possível graças ao forte envolvimento da Reitoria da Unicamp, da direção da FEEC e dos governos do Estado do Rio Grande do Norte e da cidade de Natal.