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Itautec e Unicamp
buscam parceria estratégica

Pesquisas desenvolvidas na Universidade
na área de inovação tecnológica foram mostradas em seminário

A Unicamp e o Grupo Itautec promoveram, no último dia 30 de maio, um seminário conjunto para identificar áreas de interesse comum que possam gerar projetos cooperados no segmento de inovação tecnológica. O evento, considerado inédito no Brasil em relação ao número de participantes e ao volume e excelência dos estudos apresentados, reuniu cerca de 100 pessoas, entre docentes da Universidade e executivos da empresa. O objetivo da iniciativa é estabelecer uma ação de caráter estratégico, o que representa um avanço em relação às parcerias pontuais normalmente firmadas pela iniciativa privada e as instituições de pesquisa. Três dias depois do encontro, o Grupo Itautec doou um cluster (servidores que operam interligados) ao Laboratório de Estudos em Jornalismo Científico (Labjor) da Unicamp.

Abaixo, comitiva da Unicamp visita a linha de produção da Itautec: mobilizando um conjunto de instrumentos para fomentar os investimentos em P&D

Durante o seminário, que contou com a presença do reitor da Unicamp, Carlos Henrique de Brito Cruz; do vice-presidente da Itautec, Gabriel Antonio Marão; e do diretor presidente da Fapesp, Francisco Romeu Landi, foram apresentadas 12 diferentes pesquisas desenvolvidas na Universidade, nas áreas de computação de alto desempenho, servidores de alta disponibilidade, criptografia e segurança de dados, biometria, reconhecimento de documentos e assinaturas, sistemas de vigilância e segurança patrimonial e novas tecnologias. Executivos da Itautec também fizeram quatro palestras, nas quais falaram dos principais produtos e serviços oferecidos pelo grupo.

O próximo passo em direção à parceria estratégica, segundo o reitor Brito Cruz, será constituir um grupo de trabalho com representação bipartite para identificar quais estudos poderão se transformar em projetos de inovação tecnológica. "Com base no que pudemos observar nas palestras, ficou claro que há várias áreas de interesse comum", destacou. Segundo ele, a Unicamp sempre manteve boas relações com as empresas, entre elas o próprio Grupo Itautec. A meta, agora, é tornar essa cooperação mais regular e abrangente. "Isso implica, por exemplo, na definição de cursos de treinamento e especialização, desenvolvimento de novos estudos e uso de equipamentos da Itautec para a realização de pesquisas", explicou.

Segundo o reitor da Unicamp, o seminário conjunto ganhou um contorno de ineditismo em função do número de participantes e do volume e importância dos estudos apresentados. "Sinceramente, não me lembro de uma iniciativa como essa no País. Creio que é a primeira vez que um grupo de 50 docentes de uma universidade tem a chance de discutir seus trabalhos com representantes da iniciativa privada, no ambiente de uma empresa", afirmou. Brito Cruz destacou, ainda, que o esforço para a geração de parcerias estratégicas teve início em meados do ano passado, por ocasião de um convênio firmado entre a Unicamp e a Embraer, que permitiu o lançamento de um curso de extensão na área de engenharia de software. Esse conceito consolidou-se recentemente, com a inauguração, em maio, da Agência de Inovação da Unicamp (Inovacamp).

O vice-presidente da Itautec ressaltou, durante o seminário conjunto, que o grupo tem tradição na realização de parcerias com instituições de pesquisa. Atualmente, a empresa desenvolve projetos com o apoio da USP e da Universidade Federal de Pernambuco. "No passado, nós também fizemos alguns trabalhos junto com a Unicamp, mas de forma muito pontual. O que nós queremos, a partir de agora, é recuperar o tempo perdido e ampliar a cooperação", disse Marão. De acordo com ele, a expectativa é que os projetos tocados em parceria sejam bons tanto para a Unicamp quanto para a Itautec. "Se for bom para ambos, será bom também para o Brasil", acrescentou.

Recursos - Outro aspecto importante da parceria estratégica em curso, conforme o reitor da Unicamp, é a possibilidade de estimular e mobilizar um conjunto de instrumentos para fomentar os investimentos em P&D. Brito Cruz lembrou que os futuros projetos poderão pleitear recursos dos fundos setoriais mantidos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e do programa Parceria para Inovação Tecnológica (Pite) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), cujo objetivo é fomentar projetos de inovação tecnológica no setor produtivo. Tanto o reitor quanto o vice-presidente da Itautec consideraram, no entanto, que é preciso criar um ambiente mais propício ao financiamento do desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil.

Uma medida indispensável nesse sentido, observou Brito Cruz, é a aprovação da Lei de Inovação que tramita no Congresso Nacional. "A Lei de Inovação estabelece instrumentos importantes para reduzir os custos dos investimentos em P&D. Prevê, por exemplo, que as taxas de juros praticadas nesse segmento sejam do planeta Terra e não do Planeta Brasil". Para Marão, outra iniciativa que contribuiria para promover o avanço da inovação tecnológica seria o Estado lançar mão do ser poder de compra. "A Itautec, que é uma empresa genuinamente brasileira, participou de uma concorrência pública internacional que estabelecia que, caso a diferença de preços não fosse superior a 6%, a escolha deveria recair sobre os produtos brasileiros. A Justiça, porém, determinou que o governo comprasse uma tecnologia de fora, sob o argumento que era sua obrigação pagar o menor preço. Isso é o mesmo que exportar empregos e gerar riquezas no exterior", exemplificou.

Formando pessoal qualificado O conceito de parceria estratégica começou a ser colocado em prática pela Unicamp em meados de 2002, por ocasião da visita de uma comitiva da Universidade à Embraer, quarta colocada no ranking mundial de fabricantes de aeronaves comerciais. Na oportunidade, os executivos da empresa propuseram ao reitor Carlos Henrique de Brito Cruz que a instituição participasse do seu Programa de Especialização em Engenharia (PEE), cujo objetivo é formar pessoal qualificado para trabalhar nas várias etapas de construção de um avião. Três meses depois do encontro, as duas partes firmaram um acordo para lançar um curso de extensão na área de engenharia de software. As aulas começaram em janeiro deste ano. O vice-presidente da Itautec, Gabriel Antonio Marão, e o reitor Brito Cruz: identificando áreas de interesse comum A primeira turma ofereceu 30 vagas, destinadas a graduados em Engenharia de Computação, de Sistemas, Elétrica/Eletrônica e outras correlacionadas a estas. O programa contou com uma fase teórica, executada ao longo de três meses na Unicamp, seguida de etapa prática com duração de quatro meses na Embraer. Os alunos aprenderão a trabalhar com software e hardware de aviões, tecnologias que compõem as diversas funções de uma missão de vôo. Cada participante recebe uma bolsa de estudo no valor de R$ 1.840,00 mensais, além de benefícios. Ao final do curso, todos terão direito a certificados acadêmicos. Os que obtiverem bom desempenho poderão ser contratados pela Embraer Na ocasião da assinatura do convênio, o pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, professor Rubens Maciel Filho, afirmou que o curso serviria de largada para futuros projetos em parceria. "Assim que a Embraer nos propôs uma ação cooperada, nós procuramos identificar quais áreas dentro da Universidade poderiam servir ao propósito da empresa, mas que também contribuiriam para a melhor formação e conseqüente colocação profissional dos nossos estudantes. Tendo em vista esses princípios, decidimos criar inicialmente um curso de extensão para especialização em softwares. Estou convencido, porém, que este deverá ser o primeiro de uma série de cursos que passaremos a oferecer com o apoio da Embraer", disse, à época.

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