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uem conhece a história recente da Faculdade de Ciências Médicas não pode imaginar o que foi o seu começo há exatos 40 anos, antes ainda da própria Unicamp, no prédio da antiga Maternidade, em salas improvisadas, apertadas, como dizem os relatos de nossos pioneiros.

O curso de Medicina começou pela vontade de alguns, por teimosia mesmo, de quem acreditava que a cidade de Campinas – já na época um dos maiores centros médicos do país – precisava sediar uma escola médica. Menciono aqui, a título de homenagem, dois desses lutadores de primeira hora: o Dr Paulo de Mangabeira Albernaz, o Dr. Roberto Franco do Amaral e em especial o prof Antonio Augusto de Almeida, oftalmologista, primeiro diretor da FCM.

Ficamos por quase 20 anos na velha Santa Casa, onde a maioria de nós estudou, com seus mezaninos, suas instalações precárias, mas de saudosa memória. A transferência do curso clínico para o campus foi especialmente penosa, dificultada pela complicada implantação do Hospital das Clínicas. A construção da área de saúde nos moldes em que hoje se encontra demandou esforço e participação coletivos. Tivemos tempos de crescer e de implantar e tempos de fortalecer e de consolidar.

Em 1978 começara o curso de Enfermagem , que comemora portanto seu jubileu de prata e a faculdade passou a ser de Ciências Médicas. Hoje temos também o curso de Fonoaudiologia, em associação com o Instituto de Estudos da Linguagem, resultado da experiência e da qualificação dos docentes do Centro de Educação e Pesquisa em Reabilitação Dr. Gabriel Porto, o Cepre, com seus 30 anos de existência, completados também em 2003. No próximo ano teremos o curso de Farmácia em parceria com os Institutos de Biologia e Química.

Lilian Tereza Lavras Constallat é diretora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Este texto foi extraído de seu discurso pronunciado na sessão de celebração dos 40 anos da FCM, no último dia 20 de maio.

Atualmente estamos com uma área física superior a 30 mil metros quadrados, com 427 docentes, a maioria em regime de tempo integral. São 864 alunos matriculados na graduação de nossos três cursos e 1.273 na pós-graduação. Já formamos 2.300 médicos residentes, 37 turmas de Medicina e 22 de Enfermagem.

A pesquisa tem competência reconhecida nacional e internacionalmente, traduzida em numerosas publicações, e a pós-graduação atingiu um patamar de invejável qualidade, com formação expressiva de mestres e doutores.

Nossa área de saúde atende cerca de seis milhões de pessoas, toda a região metropolitana de Campinas e cidades vizinhas, além de outros estados. No ano de 2002 foram internadas mais de 37.000 pessoas e cerca de 22.000 cirurgias foram realizadas, além de realizadas cerca de 540.000 consultas . É, sem dúvida, a mais expressiva prestação de serviços que a Universidade presta à comunidade e a de maior visibilidade.

Não obstante todas as dificuldades iniciais e o fato de ter só 40 anos, jovem para um curso de Medicina, a excelência desta faculdade pode ser apreciada por quaisquer parâmetros que avaliem suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Nosso curso de Medicina é um dos únicos do país a obter continuadamente nota máxima no Exame Nacional de Cursos, o Provão. E a reforma curricular de nosso curso médico tornou-se modelo, copiada por outras escolas médicas brasileiras.

Vários outros indicadores mostram que temos o melhor curso de Medicina do país. Alguns dos enfermeiros e enfermeiras aqui formados ocupam os mais importantes cargos e funções da saúde municipal e estadual e não temos dúvida de que os egressos desta faculdade são destacados profissionais em todas as áreas da saúde.

A construção deste projeto não foi de um grupo de pessoas ou resultado tão somente da vontade política de alguns. Tampouco ficou restrita à FCM, e é importante mencionar a importância da parceria histórica com o Instituto de Biologia e o apoio de sucessivas reitorias, incluindo a atual. Cada um de nós que foi aluno, funcionário, professor, formado aqui ou que se agregou durante o percurso, foi fundamental nesta construção e teve o seu papel. Estamos seguros de que esse espírito colaborativo que nos trouxe ate aqui permitiu que construíssemos essa escola que tanto amamos e nos permitira lutar sempre pelo patrimônio inestimável que e a universidade publica brasileira.

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