Indústria vai produzir medicamento natural para
reposição hormonal a partir de pesquisa desenvolvida na FEA
Unicamp transfere tecnologia
para produção de fitoterápico
RAQUEL DO CARMO SANTOS
A Unicamp celebrou, no último dia 26, a primeira transferência de tecnologia para a indústria, fruto do trabalho estratégico que vem sendo realizado pela Agência de Inovação. O contrato firmado com a empresa Steviafarma, especializada na produção de fitoterápicos, dá o direito de utilização da tecnologia inovadora desenvolvida pelo professor Yong Kun Park , da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), de extração da isoflavona da soja. Segundo Fernando Meneguetti, diretor-presidente da empresa, cuja sede fica em Maringá (PR), a idéia é produzir um medicamento natural para mulheres na fase da menopausa e que necessitam fazer reposição hormonal. “Este tipo de produto não existe disponível no mercado, e os que estão à venda não possuem concentrações adequadas da substância”. Meneguetti estima que o produto deverá chegar às prateleiras em janeiro de 2005.
O reitor Carlos Henrique de Brito Cruz destacou que o contrato é apenas o primeiro de uma série de transferências para as empresas. Ele salienta que a iniciativa de transformar a produção científica dos pesquisadores da Universidade à disposição das empresas para transformação em produtos para a sociedade não significa a intenção de aumentar o orçamento da instituição. “A principal razão para se repassar a tecnologia é a difusão do conhecimento produzido”. O reitor também reconheceu a importância de a empresa ter a iniciativa de buscar tecnologias avançadas. “Não é comum e freqüente encontrar empresas com esta preocupação”.
A Agência de Inovação tem como meta consolidar outros convênios deste tipo ainda este ano. Rosana Ceron Di Giorgio, diretora de Propriedade Intelectual, enumera que já estão engatilhadas as parcerias com empresas na área de alimentos, fármacos, meio ambiente e outros. “Não tenho dúvidas que chegaremos ao final do ano com pelo menos dez contratos firmados”.
Produtos naturais A Unicamp é a segunda universidade que a Steviafarma busca para parceria. Em 1986, ela também comprou o direito de utilização de uma descoberta feita por pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá, que se transformou em um dos produtos mais importantes da empresa, o adoçante Stevita. Num segundo momento, a empresa tem pretensões de também lançar outro produto com a tecnologia, desta vez, anticancerígeno para próstata e mama. “Já sabemos que há potencial, mas precisaremos de mais alguns estudos”, salienta Meneguetti.
O presidente anunciou que o próximo passo será os testes em uma usina-piloto na área de 25 mil metros quadrados, onde está instalada a empresa. Para isso, ele estima que serão investidos recursos da ordem de R$ 100 mil. “Os baixos custos para investimentos foram também analisados para o convênio com a Universidade”.
O acordo de licenciamento prevê que 6% da receita líquida da venda do produto seja revertida para a Unicamp. O valor, que só poderá ser conhecido depois que for dimensionado o nível de aceitação do produto pelo mercado, será dividido em três partes iguais, entre o pesquisador, a FEA e a Universidade.