Cartas
Helio Jaguaribe 1
Acabo de ler a entrevista transcrita do Jornal da Unicamp. Desejaria, em primeiro lugar, agradecer a extremamente generosa apresentação de minha pessoa. Oxalá correspondesse à realidade.
No tocante à entrevista, só tenho que elogiar a forma extremamente apropriada e simpática com a qual ressalta minhas idéias. Só me resta, assim, reiterar meus agradecimentos pela forma extremamente favorável pela qual apresenta as minhas idéias.
Cordiais saudações,
Helio Jaguaribe
Helio Jaguaribe 2
Poucas vezes tive oportunidade de ter contato com idéias tão lúcidas como as do professor Helio Jaguaribe. Suas colocações demonstram que, aos 82 anos, o professor continua a ser uma referência no nosso (pobre) cenário intelectual. A originalidade de suas idéias mostra que o sonho de um país melhor não está tão distante como imaginamos.
Margareth da Costa Cunha
Helio Jaguaribe 3
É animador constatar que ainda existem, no país, publicações como o Jornal da Unicamp. Abrir espaço para intelectuais do porte de Helio Jaguaribe é uma demonstração de que é possível fazer jornalismo sério. Parabéns.
Norma do Valle Cristiano
Petróleo
Concordo inteiramente com as observações do professor Saul Suslick no que diz respeito às previsões alarmistas de que faltará petróleo. Pesquisei os sites de institutos especializados, pois minha dissertação de mestrado versará sobre tecnologias para reduzir as emissões de gases do efeito-estufa, e minha conclusão inicial é a de que as reservas são suficientes para abastecer o mundo sem problemas nos próximos 50 anos. Os problemas de abastecimento e dos preços de petróleo e gás natural têm três vertentes que fazem conexão entre si: as reservas estão concentradas em um pequeno número de países, a maioria situada no Oriente Médio; os problemas políticos do Oriente Médio e da Venezuela; e o consumo do conjunto dos países industrializados é maior do que a produção.
Antonio Carlos Santos
Deu no NYT 1
Achei interessante a matéria. A abordagem das diferença regionais do país, na qual o Sul sempre aparece como um pedaço da Europa, mais desenvolvido e com uma capacidade de organização maior, é comumente utilizada pelos meios de comunicação do próprio Brasil. Na realidade o Sul é fruto da colonização portuguesa açoriana, implementada no século XVIII através de um plano estratégico do governo português para colonização da região que vai de São Paulo ao Rio Grande do Sul, para defesa da integridade territorial deste pedaço da colônia que era alvo da cobiça dos espanhóis. Fala-se pouco da colonização portuguesa e das populações negras e indígenas da região Sul. Seria como se eles não existissem. Na realidade a imigração européia foi maior em São Paulo que no estados do Sul. Dos 4 milhões de imigrantes que chegaram ao país, de 1880 a 1950, mais de 3 milhões fixaram-se no estado de São Paulo.
A diferença foi a integração. Os imigrantes que vieram para São Paulo integraram-se, mais facilmente e mais rapidamente, na sociedade paulista, fato que não ocorreu no Sul, onde foram criados verdadeiros guetos de italianos e alemães que existem ainda hoje. Se analisarmos um pequeno fator, o saneamento básico, por exemplo, nota-se que o interior de São Paulo é mais desenvolvido do que qualquer outra região do Brasil.
Envio meus parabéns à Regina Martins pela tese interessante.
Pedro Paulo Carreira Torres
Deu no NYT 2
Muito interessante a matéria. Já morei em Paris e era triste ver por lá brasileiros que se aproveitam da imagem do “Brasil, Samba e Futebol”. Onde fiquei havia vez por outra almoço típico brasileiro.
No almoço era oferecido lagosta, ostra e outros frutos do mar, e nestes dias sempre havia um grupo musical brasileiro tocando forró, samba, axé, maracatu e outras músicas típicas, acompanhado de mulatas brasileiras dançando com pouca roupa.
Jurandy Martins S. Jr.
Deu no NYT 3
Muito interessante a matéria “Deu no NYT”. Ela me fez perceber com clareza algo que me incomodava há muito tempo, toda vez que eu lia um artigo sobre coisas do Brasil, escrito por correspondentes estrangeiros radicados por aqui e que trabalham para a imprensa estrangeira.
Regina Martins foi a fundo e expôs os vícios dos correspondentes e editores do NYT. Este trabalho ajuda a perceber os mesmos erros em outras publicações, como a Newsweek, em que um certo Mac Margolis escreve freqüentemente de forma simplória a respeito de nossas coisas.
Por outro lado, acho que há algo na metodologia usada pela maioria dos jornais e revistas, que incentiva o correspondente a escrever dessa forma equivocada. Não sei dizer exatamente em que consiste, porque não sou do ramo, mas tem um pouco a ver com o lance de “encher lingüiça” com clichês e frases de estilo, fugindo de estruturas bem definidas, objetivas e enxutas.
Roland Scialom
Computador popular 1
Temos um laboratório de inclusão e aperfeiçoamento digital na Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp), que serve para o treinamento de nossos funcionários e vejo, como coordenador, a alegria das pessoas quando conseguem entender o funcionamento do sistema operacional ou de algum outro aplicativo. Depois de darmos condição às pessoas, também criamos, por conseqüência, a necessidade delas terem um microcomputador em casa. E é aí que a seqüência do processo é quebrada. Com o alto preço do equipamento e com o nosso aluno não tendo poder aquisitivo suficiente para esse gasto elevado, quase todo o trabalho é perdido porque, comparando, aprender informática não é a mesma coisa que aprender a andar de bicicleta.
Na informática é preciso prática, muita prática, e a idéia do professor Jaime Szajner se torna evidentemente interessante trazer esse equipamento a custos populares seria o ideal. Torço para que essa idéia dê certo.
Luiz Aurélio Pagani, coordenador do Laboratório de Informática dos Servidores
Computador popular 2
O Prof. Szajner vê o computador popular como um elemento importante para o projeto nacional de inclusão digital e social. Também acredito nisso.
Contudo, depender de um empurrão do governo faz com que a idéia deixe de ser realmente popular. Já que o governo de direito deveria ser popular, mas de fato...
Talvez esteja na hora de deixarmos as ilusões de lado e realmente partirmos para a ação. Pensei numa associação, como essas que proliferam em bairros, que produzisse tal equipamento. O apelo social e popular tem uma enorme força, e me parece que conseguiríamos as tais isenções aguardadas pelo professor, sem precisar esperar nada mais do governo, ou de quem quer que seja. Seria uma verdadeira ação popular.
Temos em Sorocaba uma cooperativa que trabalha. Um núcleo com reciclagem de lixo industrial, outro que produz calcas jeans, um terceiro que administra um jornal tradicional da cidade, além de um grupo que produz alimentos orgânicos, no qual mais de 500 pessoas têm o seu sustento garantido, com mais qualidade do que se estivessem esperando os “R$ 260,00”.
Sergio Vieira Holtz Filho
Iogurte
Li com interesse a notícia sobre o impacto da análise sensorial na comercialização de iogurtes. Sou diretor de uma empresa pequena CCA Laticínios que está estudando a possibilidade de implementar a análise sensorial como prática regular em nosso desenvolvimento de produtos
Antonio Carlos Cordeiro
Colírio 1
Excelente esta pesquisa desenvolvida pelo oftalmologista Eduardo Rocha. Tenho a síndrome do olho seco e vou procurar acompanhar seus estudos.
Gláucia Lana
Colírio 2
A notícia referente ao novo colírio é de muita importância para a população. Mostra que o médico está interessado no bem-estar do paciente. Gostei muito da matéria.
Sueli Santos da Hora
Bambu
Li com grande interesse a notícia do uso do bambu no tratamento de esgoto doméstico. Trata-se de uma coisa alvissareira. A solução é de uma simplicidade contagiante e mostra que com criatividade e pouco dinheiro podemos solucionar muitos dos nossos grandes problemas.
Estou construindo um sistema de tratamento de esgoto em meu sítio. O sistema, preconizado pela Embrapa, visa o aproveitamento dos efluentes vindos dos vasos sanitários, que têm alto poder poluente, pelo seu elevado potencial patogênico e permite o aproveitamento do material tratado na agricultura. Nesse sistema não é utilizado o restante do esgoto doméstico que, contendo sabões e detergentes , inibe a ação dos organismos anaeróbicos responsáveis pela biodigestão.
Paulo Roberto Gonçalves
Nano
O infinito sempre intrigou o homem, tanto para as dimensões maiores, como para as microscópicas. Contudo, as formas em aspirais ainda vão explicar muitas dúvidas que nos intrigam. Até mesmo quanto à nossa origem. Com os olhos voltados para o céu, temos um limite; com uma luneta, esse limite diminui, com um telescópio diminui ainda mais. Assim, sucessivamente, vamos descobrindo o universo.
O mesmo acontece em relação às pequenas coisas. Os homens foram quebrando, quebrando, até chegar ao átomo e à sua divisão. Aprendeu a olhar através das lentes, criou os óculos, a luneta o microscópio, está dilacerando a matéria, chegou ao nanômetro e, com ele, a muitas descobertas.
Mas tudo isso só foi e será possível devido à persistência e à curiosidade do pesquisador, do seu desejo de tornar claro o incógnito, através da física e da matemática.
Os milhões de dolares passarão, os interesses capitalistas também, mas não a ciência a serviço do homem. É louvável a dedicação do cientista que consegue retirar a nuvem que encobre o desconhecido.
Edson Satos