Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 257 - de 28 de junho a 4 de julho de 2004
Leia nessa edição
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Soja: combate à anemia
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Simpósio debate
qualidade de plantas medicinais

MANUEL ALVES FILHO


A O pesquisador Pedro Melillo de Magalhães, organizador do Simpósio: "A troca de experiência entre os especialistas brasileiros e estrangeiros será fundamental"qualidade das plantas medicinais será o tema central do 3º Simpósio Internacional de Melhoramento de Plantas Medicinais e Aromáticas, que ocorrerá entre 5 e 8 de julho no Centro de Convenções da Unicamp. O evento, organizado pelo Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Universidade, Unesp, CEFET-PR e Instituto Agronômico de Campinas (IAC), reunirá os maiores especialistas do mundo na área. Serão apresentados cerca de 260 trabalhos, que posteriormente serão reunidos em uma publicação. O objetivo do encontro, que acontece pela primeira vez no Brasil, é viabilizar modelos mais eficientes para a produção de medicamentos fitoterápicos.

De acordo com Pedro Melillo de Magalhães, pesquisador do CPQBA e organizador do Simpósio, o evento terá uma grande importância para o país. Atualmente, afirma, o Brasil se vê diante da oportunidade de dar um salto em relação à tecnologia de cultivo e ao melhoramento das plantas medicinais. O conhecimento cumulado até aqui tem sido aplicado na busca por variedades mais produtivas, homogêneas e resistentes. Ao mesmo tempo, os pesquisadores têm procurado desenvolver técnicas que permitam potencializar o princípio ativo das mais diversas espécies. “A troca de experiência entre os especialistas brasileiros e estrangeiros será fundamental para que avancemos em nossos objetivos”, diz Magalhães.

Cerca de 260 trabalhos serão apresentados

Durante o Simpósio serão discutidos temas ligados a toda a cadeia produtiva das plantas medicinais, com ênfase, como já foi dito, à questão da qualidade. Isso inclui aspectos referentes à biodiversidade, biotecnologia, química, etnobotânica, entre outros. Graças aos avanços registrados nessas áreas, destaca Magalhães, já é possível obter chá com qualidade equiparável aos medicamentos chamados de “última geração”. A legislação brasileira, prossegue o especialista, coloca na mesma categoria os medicamentos sintéticos e os obtidos a partir de uma planta. Assim, é preciso provar tanto a eficácia quanto a segurança (não-toxicidade) de um fitomedicamento. O pesquisador do CPQBA destaca que esse cuidado com o melhoramento das variedades não atende apenas ao interesse da indústria farmacêutica, como pode parecer num primeiro momento.

Ao possibilitar a produção de plantas mais homogêneas e com o princípio ativo potencializado, a ciência beneficia também o cidadão comum. “Nos grandes centros urbanos, as pessoas podem optar por um medicamento sintético ou por um obtido a partir de plantas. Nas áreas isoladas da Amazônia, por exemplo, os moradores muitas vezes só têm folhas ou raízes para combater uma doença. Por isso, é importante que possam lançar mão de variedades com elevada qualidade”, diz Magalhães. Na Europa, conforme o pesquisador, as plantas medicinais já estão em um estágio de seleção semelhante ao de outras culturas, como o arroz, o feijão, a soja etc.

O Brasil, de acordo com Magalhães, também tem alcançado bons resultados. O próprio CPQBA tem feito um trabalho importante no que se refere ao melhoramento das plantas medicinais e, em parceria com a Embrapa, vem transferindo tecnologia e sementes melhoradas para agricultores interessados nestes cultivos. O Centro conta com uma coleção de 350 espécies, que estão sendo estudadas em variados aspectos. Entre elas estão a carqueja, espinheira santa, guaco, erva baleeira, vassourinha e quebra-pedra. Em alguns casos, assegura o especialista, as pesquisas têm proporcionado um rendimento do complexo ativo até 20 vezes superior em relação às populações originais. Estima-se que o mercado para esse tipo de substância cresça a uma média de 20% ao ano, atingindo cifras na casa dos bilhões de dólares.

O mais interessante, aponta o especialista do CPQBA, é que grande parte do conhecimento produzido até aqui tem origem na sabedoria popular. É a tradição oral transmitida pelos nossos antepassados, sobretudo os índios, que aponta para a eficácia do uso de plantas no controle e até mesmo na prevenção de várias doenças. Paralelamente ao 3º Simpósio Internacional de Melhoramento de Plantas Medicinais e Aromáticas, ocorrerá o 2º Simpósio Latino Americano de Produção de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares. O idioma oficial dos eventos é o inglês, mas as atividades contarão com tradução simultânea para o português. As inscrições podem ser feitas por meio do site www.ismap.com.br. Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail committee@ismap.com.br.

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