| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 363 - 25 de junho a 1o de julho de 2007
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Quando a franquia é o melhor remédio

RAQUEL DO CARMO SANTOS

A farmacêutica Érica Maria Varise: consumidor ficou mais exigente (Foto: Érica Guimarães)A estabilização econômica causada pelo Plano Real, entre outros fatores, gerou uma nova forma de organização das drogarias. Se antes, esses estabelecimentos obtinham lucros com a inflação, o cenário mudou depois de 1994. “Associado a este quadro, surgiu um consumidor mais exigente, possivelmente devido ao Código de Defesa do Consumidor”, destaca a farmacêutica Érica Maria Varise, que apresentou mestrado profissional na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) sobre a trajetória das drogarias. O trabalho, orientado pelo professor Miguel Juan Bacic, é um dos poucos estudos sobre o assunto realizado no país.

A partir dos fatores apontados, Érica constatou uma nova configuração no varejo farmacêutico – composto pelos modelos de drogarias em associativismo, em franquia, grandes redes e as independentes –, diferentemente do que ocorria no início dos anos de 1990, quando eram apenas duas as formas de organização: as grandes redes, compostas por mais de seis drogarias, com a mesma razão social e pertencente a um único proprietário ou grupo controlador, e as drogarias independentes, que não aderiram a nenhum dos outros modelos. “As perdas dos ganhos inflacionários levaram os donos de drogarias a pensar em novas alternativas de sobrevivência num mercado cada vez mais competitivo. Nesse contexto, surgiram os modelos de associativismo e em franquia”, argumenta Érica.

A análise do perfil do varejo farmacêutico comprovou que prevalecem as drogarias independentes – com 95% contra 5% das grandes redes. Estas últimas vendem uma média de 31,5%, sendo que as independentes, 68,5%.

Antes do Plano Real, a inflação em alta faziam com que os microempresários estocassem os medicamentos, uma vez que os aumentos da inflação eram pré-anunciados. Era vantajoso para o proprietário comprar um remédio por determinado preço, sabendo que venderia mais caro no futuro. Com a estabilização econômica, esta possibilidade deixou de existir. Por isso, na sua dissertação, Érica relata a mobilização dos comerciantes no que se refere à criação do modelo associativo ou de franquia.

A expectativa dos donos de drogarias era obter maior poder de negociação com os laboratórios e distribuidoras para alcançar vantagens comerciais e, assim, competir com as grandes redes. Mas, na prática, a história foi bem diferente. “Houve resistências dos proprietários em investir na associação e em aceitar a escolha de fornecedor feita pela central de compras. O despreparo dos funcionários e a pouca visão empreendedora dos proprietários foram obstáculos para o sucesso do modelo”, esclarece.

Mesmo assim, para Érica, o associativismo representa uma ponte segura, principalmente para o pequeno proprietário que precisa fazer frente à concorrência das grandes redes. Vale ressaltar, observa a autora do estudo, que a vantagem das drogarias em franquia ocorre por ser um modelo melhor-estruturado, devido à experiência do franqueador.

A resistência do pequeno proprietário, destaca Érica, deve-se ao fato de considerar que haveria a perda da sua autonomia neste processo. Em geral, as empresas menores são passadas de geração em geração e a característica de independência é muito forte.

De acordo com o estudo, uma das grandes vantagens do associativismo e das franquias em relação às drogarias independentes é a comunicação fortalecida pela difusão da marca na mídia das cidades onde atuam. Neste ponto, explica a farmacêutica, as drogarias do modelo independente ficam descobertas. O preço e o serviço de entrega em domicílio não são mais diferenciais competitivos e a qualidade do produto é basicamente a mesma em todos os modelos. “Portanto, o desafio é trabalhar com algo que não se refira diretamente ao produto, e também investir no treinamento de funcionários”, avalia. O estudo realizado por Érica contemplou aplicação de questionários em drogarias nos quatro modelos e visitas a estabelecimentos na cidade de São Paulo e Campinas.

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