Depois de sete anos de dedicação ao samba, o que inclui pesquisa, criação e divulgação do gênero musical, o Núcleo de Samba Cupinzeiro está lançando o seu primeiro CD. O álbum, totalmente autoral e produzido de forma independente, é representativo do trabalho que vem sendo desenvolvido pelos integrantes do grupo, cujas referências estão nas obras de sambistas de tradição, sejam eles conhecidos ou não do grande público. “Nós queríamos trazer para o disco o clima da roda de samba, uma das atividades que realizamos rotineiramente. Penso que atingimos o objetivo”, afirma Anabela Leandro, cantora, percussionista e uma das fundadoras do Cupinzeiro.

Disco contempla vários estilos

O lançamento do CD, batizado com o mesmo nome do núcleo, está sendo feito por meio de uma série de espetáculos. Desde março, o grupo já se apresentou no Sesc, nas livrarias Fnac e Cultura e em alguns bares de Campinas. Anabela conta que o show, intitulado O Samba Chama, traz canções do álbum e de outros compositores. “Tem sido uma experiência bacana. O disco vem recebendo críticas positivas. Penso que isso é o resultado do cuidado que tivemos com as letras, as melodias e os arranjos. Trata-se de um trabalho bem diferente do padrão do pagode no qual a indústria fonográfica vem apostando”, diz Anabela.

Segundo ela, o CD apresenta um pouco do que o grupo pesquisou ao longo dos últimos sete anos. Esse trabalho, detalha a cantora, inclui desde investigações acadêmicas e fonográficas até a realização, a cada 15 dias, de rodas de samba. É nessas ocasiões, acrescenta, que os integrantes do núcleo se reúnem para trocar experiências e fazer experimentações. “Durante todo esse processo, nós também produzíamos canções próprias. Quando percebemos que havíamos reunido um repertório de qualidade, resolvemos registrar isso em disco. O álbum contempla vários estilos, como o samba canção, o samba de terreiro e o lamento do samba”, elenca.

Para produzir o CD de forma independente, o Cupinzeiro enfrentou alguns percalços, entre eles a falta de recursos. O dinheiro necessário ao projeto foi amealhado da seguinte forma: os integrantes do grupo tiveram que abrir mão dos cachês dos shows por um bom período. Felizmente, todos mantêm atividades profissionais paralelas. “Nós queríamos fazer um disco com qualidade, e qualidade custa dinheiro. Entretanto, graças ao esforço de todos conseguimos produzir o álbum sem gerar dividas”, comemora Anabela. Também integram o núcleo os seguintes músicos: Edu de Maria (violão, cavaquinho e voz), Eduardo Fiorussi (violão de sete cordas), Lucas Arantes (cavaquinho), Roberto Amaral (pandeiro), Lucas da Rosa (percussão geral), Eduardo Guimarães (sanfona) e Márcio Modesto (flauta). O CD do Cupinzeiro pode ser adquirido nas lojas do ramo e na Banca de CDs do Instituto de Artes (IA) da Unicamp.

O Núcleo de Samba Cupinzeiro nasceu em 2001, no distrito de Barão Geraldo, Campinas. Embora mantenha vínculos com a Unicamp, mais especificamente com o Centro de Memória, o grupo teve origem fora da Universidade. “Começamos de forma despretensiosa, no quintal da minha casa, promovendo rodas de samba. Na época, participavam músicos, estudantes da Unicamp e pessoas que gostavam de samba. Quando percebemos, a coisa tinha tomado corpo e o local estava lotado”, recorda Anabela. Dois anos depois, foi firmado convênio com o Centro de Memória, para troca de informações. Atualmente, conforme a cantora, o público do Cupinzeiro é muito variado. “As rodas de samba, por exemplo, reúnem desde crianças até idosos. Penso que esse é o público do samba. Nos só contribuímos para a criação de um espaço de convivência dessa diversidade”, afirma.