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Pesquisa inédita aponta viabilidade
da produção de vinho em São Paulo

RAQUEL DO CARMO SANTOS

Aline Camarão Telles Biasoto: "A produção de vinho agrega valor à uva e poderia gerar renda para o pequeno produto" (Foto: Antoninho Perri)O Estado de São Paulo teria potencial para produzir 94 milhões de litros/ano de vinho se destinasse toda a produção de suas uvas para a elaboração da bebida, apontou pesquisa de mestrado realizada na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA). A produção média anual de uvas no Estado é de 190 mil toneladas e destina-se, principalmente, para o consumo in natura.

Bebida incrementaria
agronegócio no Estado

Segundo a autora da pesquisa, a cientista dos alimentos Aline Camarão Telles Biasoto, a vinicultura além de oferecer uma alternativa para o produto agrícola, também seria uma oportunidade de promoção do crescimento do agronegócio no Estado. “A produção de vinho agrega valor à uva e poderia gerar renda para o pequeno produtor”, defende Aline.

Em seu estudo, orientado pelas professoras Maria Aparecida Azevedo Pereira da Silva e Flávia Maria Netto, a cientista dos alimentos realizou levantamento Aline Camarão Telles Biasoto inédito sobre a caracterização do processo de fabricação, de parâmetros físico-químicos, do perfil sensorial e da aceitação do vinho tinto de mesa produzido no Estado de São Paulo. Dez diferentes fabricantes, inclusive artesanais, das cidades de Jundiaí, São Roque, Itatiba, Vinhedo, Valinhos e Louveira, participaram da pesquisa com amostras de seus produtos. O levantamento de dados proporcionou a elaboração de um manual para iniciar a produção de vinho por parte de pequenos produtores.

Pelas conclusões do estudo, investir na implantação das Boas Práticas de Fabricação (BPF), conjunto de medidas que devem ser adotadas pela indústria de alimentos para obter qualidade do produto, seria uma forma de tornar o vinho paulista mais competitivo no mercado, além de garantir segurança à saúde do consumidor. Aline explica que as BPF não são obrigatórias para a vinicultura, mas consistem em uma importante ferramenta para alavancar a produção qualitativa.

Na etapa da análise sensorial, 12 julgadores selecionados e treinados possibilitaram traçar um perfil dos vinhos tintos de mesa produzidos no Estado. “Apesar de todas as amostras pertencerem a vinícolas distintas com processos de elaboração bem diferentes, o perfil sensorial foi semelhante quando o varietal de uva era o mesmo”, explica Aline.

Os graus de aceitação do vinho tinto de mesa paulista por parte dos consumidores foram descritos por 120 pessoas que avaliaram as amostras, levando em consideração a aparência, impressão global, aroma e sabor. Destacaram-se na preferência do consumidor um vinho elaborado com a uva Seibel 2 ou Corbina e vários contendo as uvas Bordô, o que significaria que esta última qualidade possui grande potencial para elaboração de vinhos tintos de mesa de qualidade. “Notas mais intensas de aromas e sabores furtados, aroma e gosto doce e aroma floral não cítrico, notadamente aroma de rosas foram apresentados para os vinhos elaborados a partir da uva Bordô”, revela.

A cientista dos alimentos lembra que o consumo de vinho no Brasil ainda é baixo, se comparado aos demais nações do Mercosul e aos países europeus tradicionais na produção da bebida. Enquanto nesses países o consumo é geralmente maior que 30 litros por ano por habitante, os brasileiros consomem apenas dois litros por habitante.

“O brasileiro não tem hábito de tomar vinho todos os dias, além disso, a bebida no Brasil ainda é relativamente cara e tem um forte concorrente, a cerveja. Entre outros motivos estes são fatores que contribuem para o baixo consumo da bebida. Assim, para que ocorra um incremento nesse consumo, os vinicultores brasileiros devem, primeiramente, investir na produção de vinhos de qualidade e com características sensoriais que a maioria da população aprecie”, conclui.

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