Grande parte das mães que precisa retornar às suas atividades profissionais, após o período de licença-maternidade, além de sofrer com a separação, ainda enfrenta o desafio de interromper o aleitamento materno, uma das práticas mais importantes para o bebê nos seus primeiros meses de vida. “Com atenção especial, orientações de como organizar a rotina no período de separação e explicações sobre cuidados ao oferecer o leite é possível minimizar as conseqüências deste período tão traumático, além de conseguir que o bebê continue a desfrutar do leite materno”, defende a nutricionista Aline Alves Brasileiro com base em pesquisa de mestrado realizada na Faculdade de Ciências Médicas (FCM).
Aline comparou dois grupos de mães, num total de duzentas voluntárias, para comprovar a importância do apoio profissional durante o aleitamento, para que este seja exclusivo até o sexto mês de vida do bebê. Pela pesquisa orientada pela professora Rosana de Fátima Possobon, da FOP, 33% do grupo que recebeu orientação e estímulo adequados manteve a amamentação exclusiva no peito até o sexto mês, mesmo com o retorno ao trabalho. No outro grupo comparativo, apenas 6% conseguiram manter o aleitamento até o período desejável. Todas as mães entrevistadas tinham filhos entre seis e dez meses.
“É uma diferença significativa. A média nacional de aleitamento materno exclusivo ao sexto mês é estimada em 10%, segundo dados do IBGE”, avalia a pesquisadora.
Na FOP, desde 2003, é oferecido um atendimento voltado para mulheres no período de aleitamento, em que são esclarecidas dúvidas sobre a saúde geral das crianças. O programa denominado Grupo de Incentivo de Aleitamento Materno Exclusivo (Giame) está vinculado ao Centro de Pesquisas e Atendimento Odontológico para Pacientes Especiais (Cepae). As mães participam de nove encontros com orientações gerais a partir de quinze dias do nascimento do filho.
Já passaram pelo Giame mais de 750 mães e a idéia da pesquisa desenvolvida por Aline Brasileiro foi comprovar a importância do programa para a manutenção do aleitamento. Embora reconheça as dificuldades em conseguir a amamentação exclusiva, a nutricionista afirma que é possível amamentar a criança até os seis meses de idade.
Algumas ações já são implementadas no sentido de minimizar o problema. Por exemplo, empresas que empregam pelo menos trinta mulheres com mais de dezesseis anos de idade devem oferecer às funcionárias um local apropriado no qual possam manter sob vigilância e assistência os seus filhos durante o período de amamentação. De acordo com as leis trabalhistas, as mães de recém-nascidos têm direito a dois intervalos de meia hora, durante a jornada de trabalho, para amamentação, até que a criança complete seis meses de idade. (Colaborou César Maia)