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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 O que teria acontecido a zero segundo da história do mundo? O professor Steiner, da USP, fala sobre as fascinantes fronteiras da astrofísica Antes mesmo de os livros de ficção científica e do cinema povoarem nossa imaginação com histórias sobre viagens interplanetárias, seres extraterrestres e colisões de gigantescos meteoros com a Terra, os mistérios do cosmo aguçam a curiosidade do homem e o levam a procurar, na imensidão do espaço, as respostas para sua própria existência terrestre. Das observações celestes a olho nu na Antiguidade às pesquisas com telescópios gigantescos nesse início de novo milênio, o desenvolvimento da ciência vem permitindo ao homem desvendar o mistério que ainda o desafia: o momento da criação do Universo, na forma de uma grande explosão (o Big Bang), há 15 bilhões de anos. Mais do que isso: com o ferramental científico hoje disponível é possível prever até como tudo poderá terminar. "Já conseguimos saber com segurança que aos três minutos de vida do Universo formaram-se gases como o hélio e o hidrogênio, resultantes da recombinação de partículas da energia gerada no instante da criação", explicou o professor João Steiner, para uma deslumbrada platéia na Unicamp. Antes disso, em uma medida de tempo que os cientistas chamam "10-43 segundos" algo comparado a microssegundos depois do Big Bang, surgiu o tempo, o espaço e a energia. "Porém a chave para descobrir como é o Universo está na compreensão do que ocorreu a zero segundo, no início da evolução." Docente do Departamento de Astronomia do IAG (Instituto Astronômico e Geofísico) da USP e Secretário de Acompanhamento e Avaliação do Ministério da Ciência e Tecnologia, Steiner abordou a origem do Universo na palestra de abertura dos seminários CGU (Coordenadoria Geral da Universidade). De acordo com ele, o extraordinário desenvolvimento da astrofísica nos últimos 100 anos permitiu não só derrubar teorias e mitos, contribuindo para localizar nosso planeta no tempo e no espaço, como também colaborou para ampliar a capacidade de explicar cientificamente a origem e a estrutura do Universo. Expansão eterna ou colapso? O paradigma sobre o qual astrônomos e astrofísicos se debruçam atualmente é o do Universo em expansão. O que eles querem saber é a extensão desse fenômeno. Até 1917, cientistas acreditavam na Teoria do Estado Estacionário, isto é, em um Universo similar em todas as direções e imutável no tempo. Porém nos anos 30 o astrônomo Edwin Powell Hubble demonstrou que as galáxias como a Via Láctea, onde está localizada a Terra - estão se afastando uma das outras. Se isso ocorre é porque no passado, talvez há 10 bilhões de anos, deveriam estar cada vez mais próximas, concentradas em um único ponto, e se expandiram com o Big Bang. A descoberta acidental da radiação de microondas do fundo do Universo, em 1964, também contribuiu para dar crédito à teoria do nascimento e expansão do Universo a partir do Big Bang. Segundo os rádio-astrônomos que a descobriram, a radiação captada pelos aparelhos de televisão domésticos quando os canais sintonizados saem do ar pode ser interpretada como o sinal eletromagnético remanescente do momento da criação. "O que produziu o Big Bang é uma pergunta que provavelmente não poderemos responder", pondera Steiner. Mas a ciência arrisca duas possibilidades para o destino do Universo a partir da expansão que a grande explosão provocou: ou continuará se expandindo para sempre ou vai parar, caso a atração gravitacional entre os corpos celestes se torne forte o suficiente para frear a expansão. Nessa hipótese, o Universo se contrairá e entrará em colapso, em um processo oposto ao de sua criação. Viagem no tempo Quando a ciência tiver certeza da expansão ou colapso da matéria, terá também fundamentos para explicar, finalmente, como é o Universo. Há dois modelos mais prováveis: se a tendência do Universo for continuar se expandindo para sempre, é porque ele é aberto e infinito; se o processo for de reversão, dizem os cientistas, o Universo é fechado, em forma de esfera, o que permitiria a uma espaçonave, que viajasse sempre em linha reta, voltar ao ponto de partida, em uma espécie de viagem no tempo. "Não vamos descansar nunca no avanço da fronteira do conhecimento. Esse é o vício do cientista", afirmou Steiner, ao comentar os esforços da astrofísica em desvendar os mistérios do cosmo. Uma das frentes de atuação da ciência na busca de novas informações é o rastreamento de galáxias cada vez mais distantes por meio de grandes telescópios, com espelhos de oito metros de diâmetro. O Brasil, conforme revelou, participa de dois projetos internacionais, o Gemini e o Soar, que utilizarão esse tipo de equipamento para estudar galáxias até 14 bilhões de anos-luz distante da terra. São três telescópios, um no Havaí e os outros nos Andes chilenos, que exigiram investimentos de US$ 184 milhões e possuem qualidade de imagem dez vezes superior à do telescópio espacial Hubble. Os resultados que poderão ser obtidos excitam os pesquisadores: até hoje 100 mil galáxias foram mapeadas. Com os novos telescópios eles esperam ser capazes de mapear até um milhão delas. (P.C.N.) A Terra, um grão de pimenta Das primeiras teorias na Antiguidade ao envio de sondas espaciais para encontrar formas de vida em outros planetas, o homem acreditou em diversos modelos do Universo. Por exemplo: a crença inicial que apontava a Terra como centro do Universo, o Geocentrismo, alterou-se quando Nicolau Copérnico propôs o modelo cosmológico heliocêntrico, baseado na centralização do Universo em torno do Sol. A invenção dos grandes telescópios e os avanços no campo da fotografia foram aliados decisivos na formulação das teorias que fizeram o homem abandonar definitivamente a posição central que imaginava ocupar no Universo. Na verdade, nossa localização é insignificante. Uma simples analogia permite perceber o quanto microscópico é o nosso planeta. Se o Sol pudesse ser comparado ao tamanho de uma bola de futebol, a Terra teria o tamanho de um grão de pimenta. |
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