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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 The New York Times publicou - e o Estadão reproduziu - matéria sobre um projeto visando disseminar conteúdo didático para escolas de todo o mundo, permitindo, dentro de três anos, que um secundarista dos Estados Unidos estude a aula de química preparada por um professor do Rio de Janeiro. No projeto, que fará uso da Internet e de outras tecnologias, estão envolvidos a Universidade da Flórida, o Instituto Tecnológico de Monterey (México) e três instituições brasileiras: Fundação "Getúlio Vargas" de São Paulo, PUC do Rio e a Unicamp. Embora a publicação pelo Times dê caráter novidadeiro ao assunto, o Partnership in Global Learning (Parcerias para a Aprendizagem Global) foi apresentado à Unicamp há mais de dois anos. "Houve um longo período de negociações até a adesão das instituições. Em março de 1999, levamos a discussão à Lucent Technologies, o que resultou na atual versão do projeto, aprovado em julho", informa o professor Helio Waldman, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC). A Lucent contribuirá com US$ 3 milhões em três anos, sendo 50% em orçamento e a outra metade em equipamentos (veja box nesta página). Inicialmente, o objetivo é instalar uma infra-estrutura tecnológica de apoio à geração e transmissão de conteúdos. Em seguida, pretende-se aproveitar os recursos e a competência das universidades para o treinamento de professores de 2º grau no desenvolvimento do melhor conteúdo possível em ciências (biologia, química e física), além de temáticas de cunho comunitário. Outros segmentos de interesse são os de nível universitário, educação continuada, treinamento profissional e de executivos. O sucesso do projeto determinará o ritmo em que se dará sua extensão para os demais países latino-americanos, do Oriente Médio, Ásia e Europa, até torná-lo global. "O financiamento do lado americano já começou, mas no Brasil faltam os acertos institucionais como um plano de negócios que torne a rede auto-sustentável e a própria implantação dos equipamentos", diz Waldman. "Ainda este ano esperamos fazer uma primeira chamada à comunidade docente, com intuito de formar uma carteira de projetos de geração de conteúdo e treinamento de professores¨. Responsável pela fase de operacionalização, o pesquisador da FEEC adianta que o PGL estará aberto à participação de todas as unidades e deverá se articular com a política da Universidade na área de Educação a Distância. "Este é um projeto internacional e interinstitucional em educação a distância, mas é apenas um dentre inúmeros em andamento na Unicamp. Vamos precisar da colaboração de todos os profissionais que atuem nesta área, pois o trabalho será bastante grande". Sobra tempo para a Educação Outro obstáculo, de uma possível diferença no nível de ensino, inexiste, segundo Helio Waldman: "Afora o problema da língua, creio que a física que queremos ensinar aqui é a mesma que ensinam por lá. Poderiam afirmar que em história haveria diferença, mas mesmo nesta matéria o projeto teria seu valor, porque é importante expor a história do Brasil para os americanos e mostrar a história dos Estados Unidos aqui dentro". O professor adverte para a necessidade de ampla discussão das mudanças institucionais que serão acarretadas pelo uso desses veículos a distância. Para ele, o chamado ensino global é tendência quase inevitável. "Hoje a pessoa tem uma grande quantidade de tempo livre, tanto nas sociedades desenvolvidas como no Brasil industrializado. Sobra tempo, em parte devido ao envelhecimento da população e também pela substituição dos homens por máquinas, notadamente a partir de 90, quando a metade dos empregos industriais no País deixou de existir. E este tempo será ocupado especialmente com educação". Como será impossível trazer tanta gente para o campus, a educação globalizada ganha o propósito de estar em todos os lugares, em todas as épocas da vida. "Mas não se pode pensar que a simples existência da Internet satisfará essa demanda", alerta Waldman. Ele explica que não haverá programa totalmente automatizado e com qualidade suficiente para suprir as necessidades do aluno apenas com gravações ou textos enlatados. A figura do professor, na visão de Waldman, manterá sua importância, tal como os programas educacionais, porque só assim o estudante poderá desenvolver sua aprendizagem no meio do oceano de informações. Num primeiro momento, as novas tecnologias irão apenas permear a educação presencial, mas o pesquisador admite: "O professor tradicional poderá ficar deslocado no processo. Na maioria das vezes, a orientação do professor será on-line, por e-mail, correio de voz e outros instrumentos de atendimento ao aluno. Daí a necessidade de treinamento." Aposta de peso Entre os produtos mais avançados da Lucent estão as novas redes ópticas de comunicação. São redes que trafegam em terabits por segundo. O professor Helio Waldman explica, didaticamente, que 1 terabit equivale a 1.000 gigabits; 1 gigabit equivale a 1.000 megabits; e 1 megabit equivale a 1.000 quilobits. Ele cita como exemplo o sinal de voz telefônico, que pode ser transmitido em meros 64 quilobits por segundo: para ocupar 64 gigabits por segundo; seriam necessários 1 milhão de sinais de voz ao mesmo tempo; e 64 terabits comportariam 1 bilhão de sinais. "Fica claro que redes de centenas de milhares de terabits são completamente desnecessárias para os serviços tradicionais de comunicação. Mesmo com todos os habitantes do planeta falando de uma vez, não conseguiríamos ocupar esta capacidade". Para que um produto tão avançado seja utilizado em sua totalidade, é preciso estimular novos serviços de comunicação, como a oferta de vídeos e de ambientes que as pessoas busquem assiduamente. "Empresas como a Lucent procuram o que se chama de killer aplications (aplicações "assassinas", no jargão tecnológico). E uma de suas apostas é na educação", finaliza Waldman. |
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