EUSTÁQUIO GOMES
Haverá quem se lembre que, num debate entre postulantes ao cargo de governador do Estado, durante a mais recente eleição, um candidato dirigiu a outro uma pergunta sobre que política adotaria em relação ao Aqüífero Guarani.
Embora o Guarani seja a maior reserva de água subterrânea do mundo, permeando vários estados brasileiros e até países vizinhos, pouca gente sabia do que se tratava; inclusive o candidato interrogado (e depois derrotado, embora não por isso). Não lhe restou outra alternativa senão contornar o assunto pela rama, mas uma rama muito à margem do objeto de discussão, que tinha a ver com ecologia, mas também com um dos temas mais preocupantes de um futuro não muito longínquo: a escassez de água e seu correspondente valor político.
Outra nota igualmente folclórica, embora menos divertida, mas que circulou na boca do povo durante a recente Guerra no Iraque, era a que dizia que "hoje é o petróleo, amanhã será a água" -- o que colocava o Brasil, detentor de 10% das reservas mundiais de água, na mira dos conquistadores de amanhã. E com isso os aqüíferos se tornaram ligeiramente populares.
Esta edição do Jornal da Unicamp traz a impressionante novidade de que quatro vastos aqüíferos acabam de ser mapeados, demitados e até mesmo batizados por uma equipe de pesquisadores da Unicamp capitaneada pela professora Sueli Yoshinaga Pereira, do Instituto de Geociências.
A equipe não propriamente descobriu os aqüíferos, conforme faz questão de salientar a professora Sueli, mas revelou sua importância e viabilidade econômica, até então desconhecida. A reportagem de Manuel Alves Filho revela ainda que os aqüíferos, localizados em plena região de Campos, no Rio de Janeiro, onde também está a maior bacia petrolífera do país, não estão imunes de riscos de contaminação e dilapidação.
Uma política ambiental que venha a ser implementada ali deverá levar em conta, necessariamente, o trabalho realizado pelos pesquisadores da Unicamp. E a universidade, mais uma vez, terá cumprido exemplarmente seu papel de investigar, estudar e apontar soluções de alto interesse social, como é o caso.