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Unicamp integra Genoma Funcional do Boi

Bovinos da raça nelore vão ter DNA sequënciado em projeto financiado pela Fapesp

RAQUEL DO CARMO SANTOS

O governador Geraldo Alckmin discursa durante o lançamento do programa no último dia 7: investimentos de US$ 1 milhãoCinco anos depois do início das atividades em genômica no Brasil, a Fapesp anuncia um novo modelo em pesquisa nesta área. Em parceria com a Central Bela Vista Genética Bovina, a fundação irá realizar o Genoma Funcional do Boi. A pesquisa avança no sentido de que será feito, simultaneamente, tanto o seqüenciamento puro e simples como a análise funcional dos genes para estudar sua possível aplicação. O trabalho será focado, principalmente, na identificação de genes da raça nelore (a mais importante da bovinicultura brasileira) que possam ser utilizados para desenvolver produtos e tecnologias para aumentar a produção, melhorar a qualidade da carne, a eficiência reprodutiva dos animais e a resistência do rebanho. Orçado em US$ 1 milhão, dividido igualmente entre a fundação e a Central Bela Vista Genética Bovina, o Genoma Funcional do Boi deverá estar concluído em 18 meses, segundo estimativas da Fapesp.

A Unicamp participa no projeto através do Programa Genomas Agronômicos e Ambientais (AEG) da Fapesp, que abriga 20 laboratórios da Rede Onsa, um instituto virtual de genômica criado em 1997. Para isso, a Universidade conta com equipamentos e pesquisadores do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) e do Instituto de Biologia (IB). O coordenador do Laboratório de Genoma do CBMEG, professor Paulo Arruda, destaca o envolvimento da Unicamp neste mais recente estudo. Segundo o pesquisador, desde o início a Universidade é considerada um dos pilares na implantação da rede de seqüenciamento. Ele lembra o papel importante e fundamental no desvendamento do código genético da bactéria Xylella fastidiosa – responsável pela praga do amarelinho que acomete os laranjais –, Genoma Cana e outros programas em andamento.

PO professor Paulo Arruda: destacando o papel da Unicamp nas pesquisasara o professor Gonçalo Amarante G. Pereira, do IB, que também está envolvido no projeto, o Brasil tem uma vocação óbvia para a agropecuária e este tipo de trabalho é importante para que a atividade esteja apoiada em alta tecnologia. Ele calcula que a participação da Universidade irá corresponder, no Genoma Funcional do Boi, a aproximadamente 20% das seqüências a serem processadas. Ele esclarece que o Programa AEG é composto por cinco unidades de seqüenciamento no Estado de São Paulo montadas nas universidades de São Paulo, Federal de São Carlos, Estadual Paulista, Mogi das Cruzes e Unicamp. Em cada uma delas vários laboratórios estão habilitados a processar as informações disponibilizadas em uma biblioteca de genes a ser montada para o estudo do boi brasileiro. Além desta etapa, os pesquisadores da Unicamp e das outras quatro unidades também farão a descrição dos genes seqüenciados com base em informações dos bancos de dados já existentes. Posteriormente esses dados serão repassados para a execução do trabalho de bioinformática.

O professor Gonçalo Amarante G. Pereira: 20% dos sequënciamentosA raça bovina Nelore, na qual as pesquisas devem se concentrar, é responsável por 80% das 183 milhões de cabeças da pecuária brasileira. Para decifrar o código genético, serão feitas coletas de tecidos em diversas idades do boi, especialmente da hipófise e do hipotálamo, dos sistemas produtivos, imunológico e digestivo, além de tecidos musculares adiposos. O conhecimento desta seqüência genética deve também antecipar dados sobre a adaptação das raças européias às condições tropicais e também poderão servir de base para o desenvolvimento de marcadores genéticos, medicamentos e outros produtos ligados a esta área.

Lançamento - O lançamento oficial do Genoma Funcional do Boi aconteceu no dia 7 de maio, na sede da Fapesp, em São Paulo e contou com a presença do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin; do secretário de Ciência e Tecnologia do Estado, João Carlos Meirelles; do presidente da Fapesp, Carlos Vogt; do reitor da Unicamp, Carlos Henrique de Brito Cruz; do presidente da Central Bela Vista, Jovelino Mineiro e do coordenador do projeto, professor Luiz Lehmann Coutinho, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, além de outros reitores e pró-reitores de universidades paulistas, políticos e pesquisadores.

Alckmin destacou o marco histórico que o trabalho irá representar para o Estado de São Paulo e Brasil. Lembrou que São Paulo sozinho responde por 2/3 da exportação de carne bovina do país. “Por isso investir na qualidade e produtividade é fundamental”. O governador acredita na necessidade de saltos de maior vulto para se avançar para o conhecimento e transformá-lo em produto comercial. Já o secretário Meirelles não conseguiu esconder o entusiasmo com o programa. Segundo suas estimativas, o Brasil deve anunciar ainda este ano a posição de maior exportador mundial de carne, ultrapassando os Estados Unidos e Austrália, tradicionalmente líderes no setor. A soma anual alcançará 1, 2 milhão de toneladas”. Em sua opinião este é um dos mais importantes motivos para se investir na produtividade da carne.

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