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Coordenadores de levantamento querem dimensionar
impacto econômico para dar início à discussão sobre o tema

Pesquisa mapeia
mercado de software livre



RAQUEL DO CARMO SANTOS


Giancarlo Stefano (à esquerda) e Márcio Girão Barroso: por uma mudança de mentalidadeO Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), a Sociedade Softex e a Unicamp querem mapear o mercado de software livre e open source no Brasil e com isso, dimensionar os impactos econômicos do setor. A pesquisa Organização Técnica e Econômica de Software Livre e Open Source (SL&OS), que tem como coordenadores Giancarlo Stefanuto, da Sociedade Softex e Sérgio Salles-Filho, do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Unicamp, depois de concluída poderá subsidiar as discussões nacionais sobre o tema com maior consistência.

Setores públicos e privados usam programas abertos

O software livre, como o próprio nome já induz, é todo programa disponível para cópia e cujo processo de criação também pode ser acessado e modificado, desde que também seja redistribuído. Os programas mais conhecidos e utilizados nesta área são o Linux e o Open Office. É um novo modelo que pode levar a diversas implicações econômicas, na opinião de Stefanuto. "Dependendo da forma como for equacionado no Brasil, pode trazer uma série de mudanças na postura do empresariado". Por isso, o coordenador acredita na importância de se entender o que exatamente está acontecendo nesta área e o quanto isto pode provocar transformações na mentalidade atual.

A pesquisa quer identificar, por exemplo, as motivações e o que condiciona a utilização de programas abertos por parte dos setores públicos e privados. "Desta forma, poderia se evidenciar as vantagens de sua utilização", destaca Salles. Também faz parte do estudo o levantamento de competências nesta área e a identificação dos principais mercados e áreas futuras com maior potencial de aplicação. De acordo com Salles-Filho, atualmente existem diversas iniciativas isoladas em todo país, mas não se sabe exatamente onde estão, sua utilização e quais as aptidões geradas.

O professor Sérgio Salles-Filho do IG: existem iniciativas, mas isoladasPara o presidente da Softex, Márcio Girão Barroso, a pesquisa poderá ainda identificar os segmentos emergentes que deveriam constar da pauta da Política Industrial do governo federal. Ele considera importante para o Brasil olhar a questão com mais cuidado, pois o país possui tecnologia e produção interna, mas não despertou para as vantagens da utilização do produto. Em sua opinião, o apoio ao software livre é hoje "uma decisão de governo, ou seja, política pública".

A pesquisa está incorporada dentro de um programa maior da Sociedade, denominado Observatório Econômico, que tem como objetivo apresentar estatísticas e medidas do que é considerado importante para o país. Uma das frentes do programa é a gestão de prefeituras por se tratar de um importante potencial para a implementação da cultura do software livre no Brasil.A outra iniciativa dentro do mesmo programa está justamente focada no software livre. "O nosso desafio é que a adoção dos programas se transforme em projeto de governo com resultados tangíveis e eficientes para a sociedade", destaca Barroso.

Primeira atividade - Pelo cronograma dos trabalhos, uma primeira atividade teve início no último dia 4 de maio, quando se reuniram desenvolvedores de programas e aplicativos, representantes do setor público e usuários do segmento corporativo e universitário. Durante todo o dia, os especialistas responderam a um roteiro de questões que visaram ao levantamento e à sistematização de informações sobre a produção e o uso do software livre e open source no Brasil. Após este painel, serão ainda realizados uma enquete nacional e um conjunto de entrevistas junto a empresas produtoras e usuárias de software livre no Brasil. Os resultados serão divulgados em setembro próximo.

O que se espera a partir do encontro é traçar a importância atual e potencial do mercado nos diferentes domínios de aplicação e produção de software, as oportunidades, os elementos críticos para a expansão da produção e do uso e as prioridades de atuação. O painel também traz questões com relação aos exemplos de sucesso e àqueles que ainda enfrentam dificuldades de se estabelecer.

Bons exemplos – O Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Barisul) foi o pioneiro no desenvolvimento de tecnologia utilizando o software livre para os caixas de atendimento eletrônico. Carlos Wagner, coordenador de Automação de Agências, acredita que uma das principais barreiras para a adoção dos programas ainda é a forte propaganda contrária da mídia em geral.

O coordenador destaca que mais do que a economia significativa com a compra de licenças, a estabilidade alcançada no conjunto de sensores de segurança física das máquinas, supera os valores de investimentos. Segundo ele, desde 2000, o Banrisul implantou o primeiro caixa eletrônico com tecnologia totalmente desenvolvida com o Linux. Desde então, todas as áreas do banco contam com programas livres. Hoje são três mil caixas de atendimento ao público espalhados em 600 localidades pelo país. "Estamos 100% com tecnologia de software livre", anima.

No final do ano passado, o Banco do Brasil criou um projeto para avaliação e implementação de iniciativas com o software livre. "Rapidamente verificou-se que um simples projeto seria insuficiente para propor a reestruturação", declara o analista de sistema Pedro Resende. Por isso, foi proposta a implantação de um núcleo formal específico apenas para tratar do assunto. Já a Prefeitura de Amparo também aderiu aos programas abertos. Cerca de 40% da informatização do órgão conta com servidores e estações Linux. "Já economizamos em torno de R$ 300 mil com despesas de licenciamento de códigos fechados", estima o gerente de Informática da Prefeitura, André Panhan. O valor, explica, foi investido em compra de equipamentos e melhoria da infra-estrutura.



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