Unicamp promove atividades
no Dia Mundial sem Tabaco
MANUEL ALVES FILHO
A Unicamp promoverá, no próximo dia 31 de maio, uma série de atividades para marcar o Dia Mundial sem Tabaco, data instituída em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Serão realizadas palestras e distribuídos materiais informativos às comunidades interna e externa. O objetivo da ação, conforme um dos coordenadores do Programa de Prevenção ao Uso de Substâncias Psicoativas Lícitas e Ilícitas (Viva Mais) da Universidade, o médico Elson Silva Lima, é alertar as pessoas para os malefícios que o cigarro causa à saúde. De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 200 mil brasileiros morrem anualmente por causa de doenças associadas ao uso do tabaco (problemas cardiovasculares e cânceres). No mundo, esse número salta para cerca de 3 milhões de mortes.
Abandonar o cigarro, segundo Elson Lima, é antes de tudo uma decisão pessoal. Ele lembra, porém, que o vício causado pelo tabaco é uma doença, que precisa ser entendida e tratada como tal. “A pessoa que não consegue superar a dependência por si só não deve ser classificada como alguém que não tem força de vontade. Na verdade, ela está doente e precisa de ajuda”, explica. O coordenador do Viva Mais afirma que as campanhas e programas de combate ao tabagismo têm surtido bons resultados ao longo das últimas décadas. Nos anos 60, entre 65% e 70% da população adulta do Estado de São Paulo (acima de 15 anos) era fumante. Atualmente, esse contingente caiu para 28%.
Ainda assim, destaca o médico, trata-se de um número expressivo, dado os problemas provocados pelo vício. Cálculos da OMS indicam que os países destinam anualmente entre 2,5% e 5% do PIB ao tratamento de doenças associadas ao uso de substâncias psicoativas lícitas (álcool e tabaco) e ilícitas (maconha, cocaína etc). No Brasil, esse índice corresponde a algo como R$ 50 bilhões. “Isso sem considerarmos os custos sociais indiretos, como a desagregação de famílias e a ampliação da violência”, acrescenta Elson Lima. Em 2002, o Ministério da Saúde concebeu um programa nacional para o tratamento da dependência do tabaco.
Até hoje, entretanto, a medida não saiu do papel. “Ainda estamos esperando a prometida distribuição de remédios”, lamenta o médico. Embora tenha ressaltado a importância da decisão pessoal, as ações governamentais são fundamentais para o sucesso da cruzada antitabagista, no entender do especialista. A Unicamp, instituição pública consciente da sua responsabilidade social, mantém-se extremamente ativa nessa área, segundo ele. O programa Viva Mais, por exemplo, procura promover uma nova cultura em relação ao uso de substâncias psicoativas nos campi da Universidade. Para isso, promove uma série de atividades para orientar alunos, servidores e docentes.
Atualmente, o Viva Mais tem se empenhado em estimular a criação de áreas livres do tabaco nas unidades e órgãos da instituição. Elson Lima afirma que a ação não tem um caráter de enfrentamento. “É antes de tudo uma concepção ética. Nós orientamos e os próprios membros da comunidade, fumantes e não-fumantes, estabelecem os mecanismos que consideram adequados à garantia da qualidade de vida da coletividade”, esclarece. Além disso, a Unicamp também mantém dois programas voltados ao tratamento dos dependentes do fumo. Professores, alunos e funcionários da Universidade podem recorrer ao Centro de Saúde da Comunidade (Cecom).
Já a comunidade externa conta com os serviços do Ambulatório de Substâncias Psicoativas (Aspa), que funciona junto ao Hospital de Clínicas (HC). Durante o tratamento, a pessoa participa inicialmente de um grupo motivacional, que se encontra semanalmente. Depois, passa por uma triagem e é submetida a uma avaliação clínica, por meio da qual é estabelecido o seu grau de dependência. Muitos casos exigem o uso de medicamentos antidepressivos, para que sejam superados os sintomas clássicos da abstinência, como insônia, tremores, nervosismo etc. Também são utilizados adesivos e gomas de nicotina.
Ao cabo de seis semanas sem o consumo do tabaco, o paciente entra para um grupo de acompanhamento, que se reúne mensalmente, por um ano. “Após o segundo ano de abstinência, nós consideramos que a pessoa está segura em relação à superação da dependência”, explica Elson Lima. De acordo com ele, o índice de sucesso do tratamento atinge 70%, ou seja, apenas três de cada dez pessoas que procuram ajuda têm recaída. Outras informações podem ser obtidas no site do programa Viva mais, no endereço http://www.prdu.unicamp.br/vivamais.