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Deputados ouvem
exposição sobre a Unicamp


EUSTÁQUIO GOMES


Brito Cruz aos deputados: “Poucas universidades no mundo são capazes de produzir 743 doutores em único ano” - Foto: Divulgação / Alesp
A convite da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), o reitor Carlos Henrique de Brito Cruz fez na tarde do dia 19 uma exposição de duas horas sobre a Unicamp a um público de convidados e parlamentares integrantes da Comissão de Cultura, Ciência e Tecnologia da Alesp. A Comissão, que é presidida pelo deputado Jonas Donizete (PSB) e que tem na vice-presidência a deputada Célia Leão (PSDB), quis saber do reitor as principais realizações da universidade no campo do ensino superior, da ciência, do desenvolvimento tecnológico e da inclusão social.

Brito Cruz começou por traçar um perfil geral da Unicamp, hoje com mais de 29 mil estudantes distribuídos por 54 cursos de graduação e 118 programas de pós-graduação, em 20 unidades de ensino e pesquisa onde atuam 1.800 professores dos quais 95% têm titulação mínima de doutor e 87% são docentes e pesquisadores de dedicação integral. Brito destacou o fato de a Unicamp representar hoje mais de 15% da produção científica nacional, de possuir o maior estoque de patentes entre as universidades brasileiras e de ser uma das poucas universidades do mundo capaz de produzir 743 doutores em único ano, como ocorreu em 2003.

Deputados apóiam revisão do desconto de 5%

Brito ressaltou ainda os grandes projetos da Unicamp que contribuíram para o desenvolvimento tecnológico e econômico do país, alguns dos quais – como o das comunicações ópticas – transformaram a região de Campinas num dos melhores pólos de atração de investimentos no mundo, fato realçado recentemente por revistas como a Wired Magazine e a Industry Standard.

Um dos fatores apontados pelo reitor para a obtenção desses bons indicadores foi a conquista da autonomia de gestão financeira em 1989, processo em que a Assembléia Legislativa teve papel importante. Desde então a Unicamp mais que duplicou seu número de estudantes e o número de vagas no vestibular – de 1.380 para 2.810 – apesar da progressiva redução do número de docentes e de funcionários, o que demonstra o aumento de eficiência do sistema. O mais recente esforço de expansão de vagas na graduação, que significou em 2002/2003 um aumento de 15%, também se deu com o apoio decisivo da Alesp a partir da aprovação de um programa de suplementação de recursos definido pelo governo do Estado para as três universidades públicas paulistas – Unicamp, USP e Unesp. Na Unicamp, esses recursos permitiram também a realização de obras de infra-estrutura acadêmica como a reforma completa do prédio do Ciclo Básico I, recém-inaugurado no campus de Campinas.

O forte desempenho traduzido nesses resultados não significa, segundo o reitor, que a Unicamp não tenha desafios a vencer. Ao público que se reuniu na Alesp para ouvi-lo, Brito destacou três: a questão orçamentária e o crescimento das aposentadorias (decorrente em grande parte da corrida provocada pelas reformas previdenciárias de 1998 e 2003), a necessidade de ampliar os esforços de inclusão social (em que a Unicamp há muito vem se empenhando com a implantação dos cursos noturnos, a expansão de vagas e fortes investimentos na assistência estudantil), e a busca do equilíbrio assistencial que a área hospitalar – com suas cinco unidades – vem perseguindo com o necessário redimensionamento de sua demanda de atendimento e da retomada da vocação terciária do Hospital das Clínicas.

A propósito do desafio orçamentário, a deputada Célia Leão anunciou sua disposição de recolocar em discussão a destinação do desconto de 5% sobre os salários dos servidores das três universidades, determinado por lei e que hoje é recolhido pela Fazenda do Estado visando prover o fundo previdenciário dos servidores estaduais, ainda por ser formulado. Também o deputado Jonas Donizete manifestou-se favorável à revisão do assunto, já que, segundo ele, não parece justo que o Estado recolha aquilo que devia permanecer com quem, no fim das contas, paga diretamente as aposentadorias de seus servidores, como é o caso das universidades estaduais paulistas.


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