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Do caldo de cana
   ao suco de açaí (Parte II)
Vice-reitor e pró-reitores
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Alma do menino e
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DNA Brasil
Matemática e sua reinvenção
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Instituto disponibiliza livro, DVD e cartilha sobre o
encontro em que 46 notáveis discutiram estratégias para o Brasil do futuro

‘DNA Brasil’ agora ao
alcance do público


Encontro de notáveis em Campos do Jordão, que resultou na criação do Instituto DNA Brasil e na consolidação do índice homônimo desenvolvido pelo Nepp (Foto: Divulgação/Claúdio Edinger)Faz seis meses que 46 notáveis brasileiros se reuniram por três dias, em Campos do Jordão, para identificar e debater os principais problemas que afligem nossa população e propor estratégias para que em duas décadas o país atinja os níveis, por exemplo, da Espanha. Aquele I Fórum DNA Brasil resultou na criação do Instituto DNA Brasil, com o ousado objetivo de pensar o país do futuro, e na aprovação do Índice DNA Brasil, desenvolvido pelo Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (Nepp) da Unicamp para apontar problemas e deficiências nacionais, além de indicar metas e áreas de investimento. Agora, o Instituto disponibiliza gratuitamente para a população, em formatos de livro, DVD e de uma cartilha voltada principalmente a estudantes do ensino médio, os pontos fundamentais do encontro.

Fórum vai se repetir em setembro

“O livro e o DVD compõem um kit que reproduz as discussões nas várias salas temáticas, em torno de educação, excluídos, processo de trabalho, propriedade intelectual, religião, política, saúde e da própria universidade, e que levaram à consolidação do índice de desenvolvimento que teve a participação direta da Unicamp. É uma fonte riquíssima para educadores, estudantes, políticos e todas as pessoas e entidades envolvidas com a construção de um Brasil melhor. O kit traz ainda o Guia de Pesquisa, cartilha desenvolvida com ajuda da Escola do Futuro, que explica de maneira simples uma mensagem complexa e relativamente abstrata”, informa Pedro Luiz Barros Silva, cientista político e coordenador do Nepp.

“Ex-ministros como Celso Lafer debatiam com Isis Lima Soares, de 17 anos, líder juvenil hábil e calma, enquanto Aziz Ab’Saber, de 80 anos, tomava posições enérgicas. João Pedro Stedile discutia com sua nêmesis, Luiz Suplicy Hafers. Antropólogos, psiquiatras, líderes comunitários (entre eles a ministra Marina Silva e o padre Júlio Lancellotti), cientistas sociais e filósofos como José Arthur Giannotti, Hermano Vianna e Olgária Matos tomavam a palavra, às vezes dizendo algo que eles mesmos nunca haviam ouvido falar”, escreve o empresário Ricardo Semler, um dos idealizadores do DNA Brasil, em artigo reproduzido no livro disponibilizado pelo Instituto.

Complementando a lista de debatedores, lá estavam: a poetiza Adélia Prado; o médico Adib Jatene; o brasilianista Albert Fishlow; o educador Cândido Mendes; o lingüista Carlos Vogt; o psicólogo Contardo Calligaris; a economista Dorothéa Werneck; a ativista racial Edna Roland; o educador Fernando de Almeida; o biólogo Fernando Reinach; Fernando Xavier Ferreira (telecomunicações) e Geraldo Cavagnari (militarismo); o economista Gilberto Dupas; Helio Mattar falando sobre o terceiro setor; Imre Simon abordando tecnologia; o arquiteto Joaquim Guedes; o psicanalista Jorge Forbes; o diplomata Jório Dauster; Laura Finocchiaro com a música popular; Luiz Hafers e os agronegócios; Marcelo Freixo e os direitos humanos; a genética com Mayana Zatz; a neurobiologia com Miguel Nicolelis; o jurista Miguel Reale Jr.; a zen budista monja Coen Sensei; o físico Moysés Nussenzveig; o biólogo Paulo Nogueira-Neto; o médico Paulo Saldiva; a atriz Regina Case; o músico Roberto Minczuk; o físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite; Rosiska Darcy de Oliveira falando da mulher; o educador Rubem Alves; de novo a tecnologia com Silvio Meira e mais um biólogo, Victor Nussenzweig.

Pedro Luiz Barros Silva, cientista político e coordenador do Nepp: retrato de corpo inteiro do país (Foto: Antoninho Perri)Corpo inteiro – Sobre o Índice DNA Brasil, especificamente, o professor Barros Silva lembra que idéia foi a de aproveitar a colaboração de notáveis das mais diferenciadas áreas para consolidar um índice que levasse em conta um maior número de dimensões estratégicas da vida brasileira, muito mais abrangente que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) das Nações Unidas, onde as variáveis se limitam a educação, longevidade e PIB per capita. O resultado, segundo o pesquisador, é um retrato de corpo inteiro do país. “Compilamos os indicadores públicos produzidos anualmente pelo IBGE, bancos de dados e órgãos de informação, apresentando graficamente o Brasil que temos hoje e o Brasil que os especialistas gostariam de ter em 2025”, resume.

O gráfico (em radar) nesta página mostra que, considerando o cenário ideal (100%), o Brasil atingiu um índice de apenas 46,8% até 2002. O índice desenvolvido pelo Nepp da Unicamp abrange sete dimensões: bem-estar econômico, competitividade econômica, condições sócio-ambientais, educação, saúde, proteção social básica e coesão social. Em relação ao bem-estar econômico, por exemplo, são considerados os indicadores de renda per capita e sua distribuição inter-regional, a relação entre a remuneração média das mulheres e dos homens, a relação entre a remuneração média de negros e brancos, e a taxa de ocupação formal. A análise do índice mostra que para chegar aos 100% o país deveria ter uma renda per capita três vezes maior que a atual.

A dimensão da competitividade econômica é medida por indicadores de exportações mundiais; as condições socioambientais, por indicadores de instalações adequadas e de tratamento do esgoto sanitário; a educação, pela taxa de escolarização líquida no ensino médio, concluintes do ensino médio na idade esperada e desempenho do aluno no Programa Internacional para Avaliação do Estudante, da Unesco; a saúde, com indicadores de Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP), mortalidade infantil, coeficiente de mortalidade por acidentes cardiovasculares (AVCs), mortes de jovens adolescentes por acidentes, cobertura previdenciária para maiores de 65 anos e financiamento da atenção à saúde; e a coesão social, com indicadores de distribuição de renda interpessoal, morte por homicídios em homens na faixa de 15 a 24 anos, percentual de adolescentes que são mães e justiça tributária.

Novo fórum – O Fórum DNA Brasil vai se repetir em setembro deste ano, ainda sem data fixada, quando os especialistas terão um índice atualizado com o qual trabalhar. “Vamos atualizar aqueles dados com base em 2000, 2001 e 2002, mas apresentando uma novidade. Mais que mostrar a média para o Brasil, teremos indicadores de região a região, além de um destaque específico para o Estado de São Paulo”, adiante Pedro Luiz Barros Silva. Segundo o pesquisador do Nepp, a intenção é trazer um pouco mais de luz para as análises. “As situações regionais são muito heterogêneas e a média da nação, embora válida, pode causar certos vieses. Será interessante avaliar, por exemplo, o Norte em relação ao Nordeste, ou mesmo a comparação de um mesma região com anos anteriores”, acrescenta.

Guia de Pesquisa traz desafio aos estudantes

O Guia de Pesquisa que o Instituto DNA Brasil está distribuindo para as escolas de ensino médio brasileiras oferece uma boa leitura do Índice DNA Brasil e faz um desafio aos estudantes: que eles elaborem um índice para avaliar como se encontram sua escola, o bairro onde moram e sua cidade em comparação a outras cidades do país. “Trata-se de uma cartilha muito bem feita, dedicada especialmente a jovens entre 15 e 29 anos de idade, sugerindo que eles não se prendam à visão de curto prazo e se envolvam com o bom planejamento do futuro, juntando esforços para obter uma qualidade de vida melhor”, diz o professor Pedro Luiz Bastos Barros Silva, do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (Nepp) da Unicamp.

A cartilha explica didaticamente conceitos e a metodologia que levaram ao Índice DNA Brasil e propõe, no caso da escola, a avaliação de dimensões como as condições físicas e o processo de aprendizado, por meio de indicadores como o tempo de aula e os conteúdos e a participação dos alunos. E os indicadores se estendem ao estado de conservação das salas de aula, banheiro e pátio, ao consumo de água, à adequação nutricional das merendas e ao envolvimento dos pais na vida escolar. Para avaliar as condições de infra-estrutura e coesão social do bairro ou da cidade, os indicadores sugeridos são iluminação pública, coleta e tratamento de esgoto, as ruas asfaltadas, o número de escolas e postos de saúde por habitante; ou ainda se há ou não associação de bairro, clubes de convivência e espaços coletivos como praças. “Acho que é uma proposta pedagógica ousada, cujo resultado mediremos posteriormente”, finaliza Barros Silva.

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SOBRE O LIVRO, O DVD E O GUIA:
dnabrasil@fundacaosemco.com.br
(11) 5683-8132
ou www.dnabrasil.org.br

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