Leia nesta edição
Capa
Gasto social e distribuição
   de renda do Brasil
Caiçaras contra dor muscular
Unicamp: 66 projetos de
   políticas públicas
Índios: padrões religiosos
Brasil e Argentina
Efeito colossal
Mães lésbicas: vítimas
   de preconceitos
Painel da semana
Teses
Unicamp na mídia
Portal da Unicamp
Livro da semana
Sonoridade de rituais
Ligas metálicas
Pesquisando por música
 


4

Gestores conhecem programas que podem ser
aplicados na educação, cultura, meio ambiente e administração

Unicamp formula 66 projetos
para a área de políticas públicas




CLAYTON LEVY


Representantes de prefeituras paulistas lotam o Centro de Convenções da Unicamp : disseminando conhecimento   (Fotos: Antoninho Perri)Os cerca de 300 gestores públicos que lotaram o Centro de Convenções da Unicamp no dia 9 de maio, durante o Inova nos Municípios 2005, voltaram para suas cidades levando na bagagem uma lista de 66 projetos relacionados a vários temas que podem interessar às prefeituras do Estado de São Paulo. A exemplo de suas duas versões anteriores, a proposta do evento foi oferecer idéias que possam auxiliar na formação de políticas públicas por parte de instituições governamentais. Desta vez, o pacote incluiu projetos nas áreas de cultura, educação, meio ambiente e instrumentos para administração pública.

Número de sugestões supera expectativas

“Todos os projetos estão em condições de serem implementados”, garante o diretor executivo da Agência de Inovação da Unicamp (Inova), Roberto de Alencar Lotufo. Segundo ele, a expectativa é que após o evento surja uma grande demanda por novas parcerias. “Para isso contamos com uma equipe especializada e com longa experiência em convênios com o poder público”.

De acordo com Lotufo, a coleta de projetos seguiu o modelo do Workshop deO diretor executivo da Inova, Roberto Lotufo: parceria com o poder público Parcerias, evento criado pela Inova para estreitar a colaboração entre a Universidade e o setor produtivo privado. A iniciativa consiste em convidar uma empresa para apresentar suas atividades e demandas e, posteriormente, fazer uma chamada aos pesquisadores para sugestões de idéias inovadoras que possam atender às necessidades da convidada. “A filosofia é a mesma, só que adaptada à realidade dos municípios”, explica.

Para dar consistência a esse novo formato, a organização do Inova nos Municípios lançou em novembro do ano passado uma solicitação aos pesquisadores no sentido de apresentarem projetos que pudessem colaborar na formulação de políticas públicas. “O número de sugestões superou as expectativas”, comemora Lotufo. O resultado também acabou inovando as características do próprio evento. Em 2003 e 2004, os temas centrais foram, respectivamente, Responsabilidade Fiscal e Saúde. “Desta vez houve uma diversidade de temas já que recebemos projetos de todos os setores da Universidade”, comenta o diretor da Inova.

Ao fazer um balanço do encontro, Lotufo destaca que as parcerias constituem uma via de mão dupla, com resultados positivos tanto para os municípios quanto para a Universidade. “Existe o benefício pontual, que é disseminar o conhecimento através de uma aplicação prática, mas os efeitos dos convênios têm um alcance muito maior”, enfatiza. “Para nós, o principal impacto ocorre no aperfeiçoamento dos cursos e na qualidade da formação de nossos alunos de graduação e pós-graduação”, completa. Segundo ele, do ponto de vista interno, as parcerias exercem um efeito multiplicador na geração de conhecimentos novos.

Educação tem maior
número de propostas

As propostas agrupadas nas quatro áreas selecionadas reúnem um variado leque deCioca, secretário de Finanças de Rio Preto: serviços interligados opções, que vão desde o aprendizado musical para desenvolvimento da consciência de cidadania até programas de geração de renda para idosos. O grupo de idéias para a área de educação tem o maior número de projetos apresentados, 18 ao todo, incluindo temas como educação a distância, capacitação de professores da rede pública de ensino e treinamento para a população da área rural dos municípios.

Um dos destaques neste grupo é o curso Gestão Estratégica Pública para Governantes. Coordenado pelo professor Renato Dagnino, o curso foi desenvolvido pelo Grupo de Análise de Políticas de Inovação vinculado ao Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências (IG) e está orientado para aumentar a efetividade das ações dos dirigentes públicos no cenário atual de mudanças no estado brasileiro, com foco nos processos de inovação no nível municipal.

Ainda no grupo voltado para educação, há projetos que fazem a interface com a área de saúde, como segurança de alimentos, treinamento em cultivo de plantas medicinais e treinamento em manipulação e controle de qualidade de fitoterápicos. Este último projeto, por exemplo, coordenado pelos pesquisadores Rodney Rodrigues e Marili Rodrigues, ambos do Centro de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) já conta com uma experiência bem-sucedida com a prefeitura de Campinas. O objetivo é capacitar profissionais da área farmacêutica quanto à tecnologia de produção e padronização de fitoterápicos.

Na área ambiental foram disponibilizados 14 projetos, envolvendo tratamento de lixo,Susélide Tenani: gestão integrada de dados reduz custos gestão de recursos hídricos, reciclagem de materiais e propostas para administrar os impactos do processo de urbanização das cidades de maneira sustentada. O projeto Gestão Sustentável dos Resíduos Municipais e Saneamento Ambiental, por exemplo, oferece condições para que o gestor público produza um diagnóstico do quadro local e consolide um sistema integrado e sustentável do ponto de vista ambiental e financeiro para a gestão de resíduos municipais. O trabalho é coordenado pelo pesquisador Waldir Bizzo, da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM).

Entre os projetos da área cultural, foram apresentadas 16 idéias que sugerem oficinas de arte circense, teatro, dança e espetáculos de música, cujos benefícios vão desde o lazer e o entretenimento até a formação de consciência crítica. Um dos destaques é o Projeto Artístico para o Desenvolvimento Social (Pades), que já conta com experiências bem sucedidas desde 2001 em Campinas. Desenvolvido a partir da tese de doutorado da pesquisadora Ana Carolina Rocha Mundiam, sob orientação do professor Fernando Manoel Aleixo, ambos do Instituto de Artes (IA), o trabalho tem como objetivo oferecer cursos e apresentações artísticas voltados para comunidades que não têm acesso aos circuitos regulares de atividades desta natureza.

Segundo os autores do projeto, a proposta disponibiliza para crianças e adolescentes processos de aprendizagem sensíveis, reflexivos e críticos que lhes permitam conhecer e associar às suas vidas conhecimentos que compõem as práticas de criação artística, bem como o exercício da cidadania. O trabalho resulta no desenvolvimento da capacidade de expressão artística em desenho, pintura, escultura, teatro, dança, música e audiovisual, além de dar suporte técnico para que a própria comunidade tenha iniciativas para desenvolver dinâmicas de criação e expressão artística.

No grupo de projetos voltados para administração pública, 18 ao todo, há propostas envolvendo geração alternativa de energia, transporte urbano, segurança alimentar, turismo e geração de renda. O projeto Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, por exemplo, é apontado como importante alternativa para geração de emprego e renda nos municípios. Coordenado pelo professor Juan Miguel Bacic, do Instituto de Economia (IE), o trabalho tem como objetivos apoiar a formação e organização das cooperativas populares prestando serviços de assessoria jurídica e consultoria em diversas áreas.

Segundo o coordenador, o projeto sugere alternativas de geração de trabalho e renda para trabalhadores excluídos do mercado formal de trabalho através de parceria entre a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da Unicamp com prefeituras e outros órgãos públicos. O trabalho já foi desenvolvido com a prefeitura de Campinas durante os anos de 2003 e 2004, quando foram formadas cinco cooperativas. No momento existe um convênio com a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), para atuação nas áreas de agricultura familiar (Mogi Mirim e Hortolândia), juventude (Limeira e Campinas) e construção de redes cooperativas de separação de recicláveis (Campinas).


Infovia otimiza custos

O Um projeto desenvolvido pelo Departamento de Comunicações da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp, sob coordenação do professor Leonardo Mendes, permitiu à prefeitura de São José do Rio Preto implantar uma infovia para interligar por fibra ótica todos os órgãos municipais no perímetro da cidade, que conta com cerca de 400 mil habitantes. O trabalho foi apresentado durante a Inova nos Municípios 2005 como um dos exemplos de parceria bem-sucedida entre a Universidade e o poder público. As aplicações da infovia vão desde acesso à Internet, serviços de vídeoconferência, atendimento público à saúde, comércio eletrônico, educação à distância, até segurança multimídia em rede privada e Internet TV.

“O principal resultado da infovia foi a otimização de custos em razão da gestão integrada de dados”, diz a presidente da Empresa Pública Municipal para Informática e Tecnologia de Rio Preto, Susélide Tenani. No setor de saúde, por exemplo, o município, segundo ela, já consegue controlar o prontuário de cada cidadão. “Isso significa redução do número de consultas, redução de gastos com medicamentos e maior controle da gestão”, afirma. “O impacto financeiro e social é de grande alcance”, completa o secretário municipal de Finanças de Rio Preto, José Aparecido Cioca.

A construção da infovia também permitiu a implantação em Rio Preto do projeto Conexão do Saber, cujo objetivo é promover a inclusão digital de professores e alunos da rede municipal de ensino. A iniciativa, segundo o secretário de Finanças, já aumentou para quase 100% o índice de presença dos alunos nas aulas. “No projeto, preparamos monitores para apoiar os professores dentro dos laboratórios de informática, qualificamos tecnologicamente quem ensina para que possam utilizar os benefícios oferecidos e implementamos laboratórios com tecnologia de software livre”, explica o professor Leonardo Mendes.

No Conexão do Saber constrói-se um ambiente escolar virtual que é compartilhado com outros ambientes análogos construídos em escolas do mundo inteiro, onde alunos e professores podem interagir entre si. Em Rio Preto já foram produzidos mais de 400 módulos educacionais, cobrindo a maior parte do conteúdo previsto para o ensino fundamental. Parte deste trabalho foi feita pelos próprios professores, que se apropriam da tecnologia e aprendem a usá-la em seu benefício e no dos alunos. O resultado deste trabalho é uma cultura que se torna patrimônio da comunidade.



SALA DE IMPRENSA - © 1994-2005 Universidade Estadual de Campinas / Assessoria de Imprensa
E-mail: imprensa@unicamp.br - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP
Mostra reúne obras de Flúvia Gonçalves (Foto: Antoninho Perri)Consu homologa equipe de trabalho de Tadeu Jorge (Foto: Neldo Cantanti)Joni fala sobre os desafios da matemática (Foto: Antoninho Perri)A trajetória de Benito Pereira Damasceno (Foto: Antoninho Perri)DNA Brasil (Foto: Cláudio Edinger)