Testes realizados em dez amostras de achocolatados – sete em pó e três já prontos para beber –, de seis fabricantes diferentes, constataram que a maior parte continha concentrações significativas de ácido fólico na formulação, embora a maioria não mencionasse no rótulo a presença da vitamina. Das amostras estudadas, sete não citavam o enriquecimento, sendo que o nível de ácido fólico variou de uma média de 70 a 234 microgramas por 100 gramas do produto. Das três marcas que declaravam valores de ácido fólico na embalagem, duas apresentaram concordância com os níveis de concentração indicados.

O consumo diário recomendado, por faixa etária, é o seguinte: de 1 a 3 anos de idade, 150 microgramas; de 4 a 8 anos, 200 microgramas; de 9 a 13 anos, 300; e, por fim, de 14 anos de idade até a velhice, 400 microgramas diários.

A autora da pesquisa, a engenheira de alimentos Daniela de Queiroz Pane, avalia que os resultados são positivos, pois os achocolatados são uma das principais fontes de alimentação de crianças. O fato de ingerir um copo do produto nas medidas indicadas nos rótulos pode significar que essa população estará suprindo de 20% a 30% das necessidades diárias. “É claro que esses valores dependem da marca de produto adquirida e, também, da faixa etária”, explica Daniela.

A carência da vitamina no organismo humano está relacionada a diversos problemas, entre outros, a falhas de formação do tubo neural em fetos e à anemia. Por isso, enriquecer os alimentos com a vitamina está cada vez mais em pauta, principalmente com a obrigatoriedade de conter concentrações específicas na formulação da farinha de trigo e de milho. “Para as mulheres é fundamental a ingestão do ácido fólico antes e durante a gestação, principalmente nos primeiros 28 dias”.

O estudo, orientado pela professora Helena T. Godoy e apresentado para obtenção do título de mestre na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), teve como objetivo a validação de um método para quantificar índices de vitaminas em achocolatados. A metodologia utilizada – cromatografia líquida de alta eficiência –, que foi desenvolvida na FEA, já havia sido testada para o leite.

A proposta de utilizá-la em achocolatados aumenta as possibilidades da adequação para outros produtos. Os testes indicaram ainda falta de homogeneidade nas formulações. Segundo Daniela, os experimentos contemplaram cinco lotes diferentes de cada amostra. Apenas uma marca não apresentou diferença nos índices de vitaminas.