RAQUEL DO CARMO SANTOS
O milho “safrinha” já é responsável por 24% da produção da cultura no Brasil. Isto não é pouco, pois o país é o terceiro produtor mundial, atrás somente dos Estados Unidos e da China. Sua produtividade, no entanto, não é vista com bons olhos. “O ‘safrinha’ está relacionado ao baixo uso de tecnologia e, também, à baixa produtividade”, explica o engenheiro Hugo de Souza Dias, que realizou um levantamento para avaliar a qualidade de mais de cem lavouras do “safrinha”, localizadas no Médio Paranapanema, Estado de São Paulo.
O pesquisador se surpreendeu: a maioria das plantações era de boa qualidade. “É certo que a produtividade deste tipo de milho ainda é baixa, mas constatei que os itens antes considerados um problema para a lavoura foram os mais bem pontuados”.
Orientado pelo professor da Faculdade de Engenharia Agrícola Rubens Lamparelli, ele constatou melhorias nas condições de proteção do solo contra erosão, na regularidade da distribuição das plantas na linha de plantio, na otimização da colheita e no controle da infestação de ervas daninhas.
Dias esclarece que a distribuição espacial da planta é tida como um dos principais problemas da produtividade de milho “safrinha” no Brasil. Segundo o especialista, a distância entre as plantas deve ser regular, sem amontoamento e sem falhas. Pelo estudo, 85% dos talhões avaliados tinham estande dentro dos limites aceitáveis e boa distribuição das plantas.
A pesquisa classificou ainda de “boas” e “muito boas” 57% das áreas das lavouras apenas 15% delas tiveram índices considerados ruins e/ou muito ruins. Os resultados do levantamento realizado contrariam a idéia de que o milho “safrinha” é uma lavoura na qual não se utiliza boa tecnologia.
O “safrinha” leva este nome por ter pouca produção. Enquanto o milho tradicionalmente é plantado entre setembro e novembro, e colhido entre os meses de fevereiro e março, o “safrinha” é semeado em fevereiro e março. A novidade foi introduzida no final da década de 80, quando os produtores do Paraná se viram obrigados a migrar para este tipo de cultura, por conta da falta de incentivo para o trigo.
A produção do milho “safrinha” cresceu e alcançou diversos Estados brasileiros, entre os quais Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo. “Ainda há muito espaço para aumentar a produtividade”, destaca o engenheiro.