Um novo tipo de própolis, originária do Estado de Alagoas, foi classificado por um grupo de pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP). A própolis vermelha, assim denominada em razão de sua cor avermelhada semelhante à do sangue , mostrou em testes preliminares que possui atividade antimicrobiana, o que possibilita sua aplicação na área de odontologia.
“Observamos o efeito bactericida contra vários microrganismos, inclusive patogênicos. Ademais, também pode ser utilizada no setor de cosméticos e alimentos, pois apresentou expressiva atividade antioxidante”, destaca o cirurgião-dentista Bruno Bueno Silva.
Em sua pesquisa de mestrado, orientada pelos professores Pedro Luiz Rosalen, da FOP, Severino Matias de Alencar da Escola Superior de Agricultura (Esalq), da USP, e Masaharu Ikegaki, da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), Silva estudou e testou mais de 20 plantas nativas de Maceió para saber qual delas era detentora da origem botânica da própolis vermelha.
Segundo o cirurgião-dentista, o país tem uma vegetação extremamente diversificada, o que torna difícil o trabalho de identificação da fonte vegetal utilizada pelas abelhas para a produção de própolis. “Fizemos uma extensa pesquisa para identificar as possíveis plantas escolhidas pelas abelhas. Visitamos apiários em Alagoas e, posteriormente, testamos as plantas no laboratório. A base foi a semelhança fitoquímica entre a planta e a própolis”, explica. Após vários ensaios químicos, físicos e biológicos comparativos, a equipe chegou à planta, cujo nome científico é Dalbergia ecastophyllum.
Além das análises químicas da própolis vermelha, o grupo já trabalha com a caracterização de outros tipos de própolis originários da Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e de outros Estados. Mas a descoberta pelos pesquisadores da Esalq da própolis vermelha gerou um desafio: que eles, em conjunto com a equipe da FOP, pudessem identificar o marcador botânico, a composição química e a atividade biológica do extrato da própolis e da planta.
Tanto os extratos da planta como o da própolis apresentaram atividades antimicrobianas que poderão ser utilizadas para pesquisas futuras de novas moléculas no controle do biofilme oral. O estudo prossegue para se conseguir isolar e identificar os compostos bioativos que poderão abrir caminho para a descoberta de novos princípios ativos. A pesquisa teve financiamento da Fapesp, CNPq e Capes e foi premiada pela Sociedade Brasileira de Pesquisas em Odontologia.