Empresas juniores, negócio
de gente grande
Estudantes querem ampliar divulgação
de trabalho e reivindicam inclusão de atividades
na grade curricular
MANUEL
ALVES FILHO
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Angélica Prata Vieira Chiva: participação
nas EJs é aberta a todos os alunos
de graduação |
O Movimento Empresarial Júnior
(MEJ) completou, em 2003, 15 anos no Brasil. Nesse
período, o modelo ganhou corpo e consolidou-se
como uma alternativa importante tanto para a formação
dos alunos de graduação de universidades
públicas e privadas, que dispõem de
um ambiente propício para aliar os conhecimentos
teóricos à prática, quanto para
as micro, pequenas e médias empresas, que podem
contratar serviços de consultoria de qualidade,
a preços acessíveis.
Apesar dos avanços registrados
até aqui, o MEJ ainda tem desafios a vencer,
como revelam os seus integrantes. Os empresários
juniores querem, por exemplo, divulgar de forma mais
ampla o seu trabalho para a sociedade. Também
pleiteiam que as instituições de ensino
superior reconheçam a participação
dos universitários nas Empresas Juniores (EJs)
como uma atividade curricular formal.
A primeira EJ surgiu na França,
em 1967, na LEcole Supérieure des Sciences
Economiques et Commerciales, de Paris. Em 1986, quando
já existiam mais de 100 empreendimentos do
gênero naquele país, o conceito começou
a difundir-se pelo restante da Europa, onde encontrou
novos formatos e ocasionou, em 1990, a criação
da Confederação Européia de Empresas
Juniores (Junior Association for Development in Europe
- Jade). O movimento chegou ao Brasil por intermédio
da Câmara de Comércio França-Brasil,
que em 1987 publicou anúncio em jornal convocando
jovens interessados em implantar EJs. Pouco
tempo depois, foram criadas as primeiras Empresas
Juniores nacionais: EJ-FGV, Júnior FAAP e Júnior
Poli Estudos.
Conforme dados da Confederação
Brasileira de Empresas Juniores (Brasil Junior), existem
no Brasil 590 EJs - 192 apenas no Estado de
São Paulo -, que reúnem perto de 20
mil empresários juniores. Na Unicamp, são
16 desses empreendimentos, que contemplam as grandes
áreas do conhecimento. Assim, há EJs
em praticamente todas as unidades de ensino, sendo
que em algumas delas, como na Faculdade de Engenharia
Mecânica (FEM), existem duas empresas criadas
e geridas por alunos de graduação. A
primeira Empresa Júnior da Unicamp, que continua
em plena atividade, foi a Gepea, fundada em 1990 na
Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA).
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Integrantes de cinco das 16 empresas juniores
da Unicamp: contemplando as grandes áreas
do conhecimento |
De acordo com Daniel Lucas Carvalhães
Lago, diretor administrativo-financeiro da Brasil
Júnior e integrante da Propeq, Empresa Júnior
da Faculdade de Engenharia Química (FEQ), a
participação nas EJs é
aberta a todos os alunos de graduação,
que passam por uma fase de treinamento e outra de
seleção. Normalmente, os estudantes
do primeiro e segundo anos trabalham mais na área
administrativa, enquanto os demais, que já
dispõem de maior bagagem, atuam na concepção
e desenvolvimento dos projetos. É importante
ressaltar que todos os trabalhos desenvolvidos pelas
Empresas Juniores são orientados pelos docentes
da universidade, o que ajuda a assegurar a qualidade
dos serviços prestados, afirma.
O foco de atuação
do MEJ, esclarece Angélica Prata Vieira Chiva,
auditora financeira da Federação de
Empresas Juniores do Estado de São Paulo (Fejesp)
e membro da Econômica, EJ do Instituto de Economia
(IE), tem sido as micro, pequenas e média empresas.
Estas, além de poder contar com serviços
de qualidade, ainda têm a vantagem de contratar
projetos por preços acessíveis, uma
vez que a EJ é uma associação
civil sem fins lucrativos. Os recursos gerados pelos
contratos são aplicados, em sua maioria, na
concepção e desenvolvimento de soluções
para os clientes. Uma parte menor, de 30%, é
depositada num fundo, cuja finalidade é bancar
a manutenção da empresa e proporcionar
treinamentos e cursos aos empresários juniores.
O preço de um serviço,
explicam Daniel e Angélica, depende do segmento
em que o cliente atua e do tipo de problema que ele
quer resolver. Uma consultoria na área
de economia, por exemplo, tende a custar muito menos
do que um trabalho desenvolvido para resolver uma
questão de caráter tecnológico.
O segundo trabalho normalmente exige mais tempo e
equipamentos, adianta o diretor da Brasil Júnior.
A dirigente da Fejesp conta que o tamanho de uma EJ
também é variável. Há,
segundo ela, algumas empresas com dez membros e outras
com 70. Umas movimentam poucos recursos, enquanto
outras realizam projetos que podem alcançar
algumas dezenas de milhares de reais. O setor
ainda é muito heterogêneo, diz.
Um aspecto para o qual os empresários
juniores chamam a atenção é o
tempo de duração de uma consultoria.
Para apresentar resultados, as EJs normalmente
precisam de um prazo maior do que o de uma firma já
estabelecida no mercado. Além de não
termos a mesma experiência de profissionais
já calejados, nós também não
temos como nos dedicar integralmente a um projeto.
O trabalho é tocado paralelamente com as nossas
atividades acadêmicas, afirma Daniel.
Angélica acrescenta que, não raro, o
cliente procura a EJ para resolver uma dificuldade
que sequer conseguiu identificar ao certo. Quando
vamos analisar, descobrimos que na verdade ele tem
um conjunto de problemas, que muitas vezes exigirá
uma revisão de todo um método ou processo,
exemplifica.
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Daniel Lucas Carvalhães Lago: Importante
ressaltar que todos os trabalhos são orientados
pelos docentes |
Apesar se constituir numa importante
alternativa para as micro, pequenas e médias
empresas, o trabalho desenvolvido pelas EJS
ainda é desconhecido por uma parcela significativa
da sociedade, como admitem os estudantes da Unicamp.
Uma das dificuldades nessa área é a
falta de recursos para aplicar em marketing e, assim,
divulgar mais amplamente o movimento. Normalmente,
essa divulgação é feita por meio
de feiras e encontros, mas que ficam restritos à
participação de um número reduzido
de pessoas. Atualmente, estamos discutindo outras
maneiras de levar o conceito e os serviços
prestados pelas Empresas Juniores ao conhecimento
de uma faixa maior da população,
adianta Angélica. Conforme os empresários
juniores, um segundo ponto que vem sendo trabalhado
pelas entidades que congregam as EJs é
o reconhecimento por parte das universidades da atuação
dos empresários juniores como uma atividade
curricular. Alguns cursos já incluíram
as EJS em sua grade, mas ainda temos que avançar
nesse aspecto, pondera Daniel.
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Encontro promoverá
troca de experiências
A Unicamp sediará entre
os dias 9 e 13 de junho de 2004 o 11º Encontro
Paulista de Empresas Juniores. O objetivo do
evento, conforme Daniel Lucas Cavalhães
Lago e Angélica Prata Vieira Chiva, é
promover a troca de experiências entre
os empresários juniores, de modo a fortalecer
e expandir o movimento no Estado e no país.
Na oportunidade, serão promovidas mesas-redondas
e apresentados exemplos de EJs que têm
alcançado destaque em suas áreas
de atuação. Além
de ajudar a catalisar idéias, o encontro
também servirá para divulgar o
trabalho das Empresas Juniores, afirma
Daniel.
A Unicamp, conforme Angélica,
faz parte do calendário do Fórum
Permanente de Empreendedorismo. Por isso, a
participação no evento será
importante tanto para os integrantes das EJS
quanto para os estudantes de graduação
que porventura queiram participar do movimento.
Além disso, também será
uma boa oportunidade para que as empresas e
a população de modo geral conheçam
nosso trabalho, diz. O tema do 11º
Encontro Paulista de Empresas Juniores será
Gerindo e construindo negócios.
O enfoque dos debates, de acordo com os estudantes,
será a vida depois das EJs.
Ou seja, como os futuros profissionais
poderão continuar empreendendo depois
de deixar a Universidade, identificando, por
exemplo, nichos de mercado ainda poucos explorados.
Para isso, os organizadores lançarão
mão de um jogo que simulará a
competitividade do mercado, de modo a estimular
a capacidade e a criatividade dos participantes.
Mais detalhes do evento serão divulgados
oportunamente. Outras informações
podem ser obtidas pelo site www.fejesp.org.br.
Para conhecer as Empresas Juniores da Unicamp
consulte o endereço http://www.unicamp.br/unicamp/divulgacao/juniores.
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