Em busca dos melhores talentos
A Unicamp recebe, nesta semana,
2.810 novos alunos de graduação que
ingressam numa universidade que para a maioria deles
é sinônimo de excelência no ensino
e na pesquisa. Nesta e nas três páginas
seguintes, o Jornal da Unicamp procura mostrar um
pouco do universo que os alunos vão encontrar.
O JU publica também toda a programação
da calourada.
MANUEL
ALVES FILHO
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O professor José Luiz Boldrini, pró-reitor
de Graduação: O conceito do
voluntariado tem crescido e achamos importante
aperfeiçoar essa atividade |
Os estudantes que estão ingressando
na Unicamp encontrarão uma instituição
empenhada em elevar ainda mais o seu nível
de ensino, considerado um dos melhores da América
Latina. O objetivo é continuar oferecendo uma
educação ampla, que contribua para formar
profissionais qualificados e cidadãos conscientes
e comprometidos com o bem-estar da sociedade. O compromisso,
que envolve o esforço de dirigentes, professores,
alunos e funcionários, é reafirmado
pelo pró-reitor de Graduação,
professor José Luiz Boldrini, na entrevista
que se segue. Na avaliação dele, a Universidade
conta historicamente com alunos de excelente nível.
Isso se deve, entre outros aspectos, à própria
capacidade dos universitários, mas também
à filosofia adotada pelo Vestibular, que tem
buscado os melhores talentos onde eles estiverem.
Conforme o pró-reitor, a despeito dos bons
resultados alcançados até aqui pela
Unicamp, ainda há espaço para melhorias.
Estamos discutindo alternativas nesse sentido,
adianta.
JU - O que faz a qualidade do aluno da Unicamp?
Boldrini Em boa parte, essa qualidade se deve
à própria capacidade dos estudantes.
Mas também está relacionado com a qualidade
do ensino e com o processo de seleção
adotado pela Universidade, que tem buscado os melhores
talentos onde eles estiverem. É claro que sempre
há espaço para promover melhorias, e
a instituição tem discutido alternativas
nesse sentido. A comprovação no nível
de excelência dos nossos alunos pode ser feita
por meio do próprio desempenho que eles têm
durante os cursos. A maior parte vai muito bem. O
nosso índice de reprovação ou
desistência, por exemplo, é inferior
ao das demais universidades brasileiras.
JU - Ainda assim, o índice
de evasão é considerado importante por
parte da Universidade, não?
Boldrini Sim, nós ainda o consideramos
alto, embora este índice seja inferior ao das
demais instituições de ensino superior
do país e até ao de algumas universidades
estrangeiras. Comparativamente, nosso desempenho é
bom, mas acreditamos que ainda seja possível
melhorá-lo.
JU - De quanto é o índice
de evasão na Unicamp?
Boldrini Está por volta de 20%, um pouco
mais. No Brasil ou mesmo no exterior, esse percentual
atinge 50% ou mais. Para se ter um termo de comparação,
nos centros universitários internacionais de
primeira ordem, há uma evasão vegetativa
de 12% na média, que é o percentual
de alunos que erram de carreira, evadem-se ou migram
para outros cursos. A taxa de evasão registrada
pela Unicamp é fruto, em particular, da qualidade
dos alunos. Não é apenas mérito
da Universidade.
JU - Que medidas a Unicamp tem
adotado para reduzir ainda mais esse percentual?
Boldrini São várias. Uma delas
é a busca por um ensino cada vez melhor, o
que por si só já reduz a evasão.
Um dos motivos do abandono é o fato de o aluno
não poder acompanhar as disciplinas. Nesse
sentido, a Universidade tem procurado proporcionar
novos conhecimentos aos seus estudantes ao longo do
ano. A oferta de monitores, por exemplo, é
uma medida importante para corrigir eventuais deficiências.
Esse sistema de apoio conta com a participação
dos estudantes de pós-graduação,
o que amplia a qualidade das atividades.
JU - As vagas remanescentes também
seriam um instrumento de combate à evasão?
Boldrini Sem dúvida. As vagas remanescentes
são utilizadas em duas circunstâncias.
Num primeiro momento, nós estabelecemos um
concurso interno justamente para permitir que o estudante
seja remanejado para um curso em que ele se adapte
melhor. Parte da evasão não é
por deficiência, mas sim por causa da constatação
de que a carreira escolhida inicialmente não
era exatamente o que o aluno esperava. As vagas remanescentes
servem, então, para promover essa readequação.
A ação de trabalhar primeiro internamente
ajuda a diminuir a evasão. As vagas restantes
são ofertadas publicamente, servindo, por exemplo,
para estudantes transferidos de outras universidades.
JU - Outros tipos de programas,
que oferecem apoio financeiro e psicológico,
também concorrem para aprimorar a qualidade
do aluno e mantê-lo na Universidade, não?
Boldrini Além de oferecer um ensino
de qualidade e permitir a realocação
para um outro curso, a Unicamp procura dar apoio em
outros campos, como o financeiro e o psicológico.
Assim, nós temos um conjunto grande de bolsas,
como as de iniciação científica,
trabalho, moradia e transporte. Como a gente observa
que grande parte da desistência ocorre no primeiro
ano, a instituição tem aumentado o esforço
para divulgar essas oportunidades aos calouros, para
que eles saibam que podem se valer delas. Muitas vezes,
essa ajuda financeira pode significar a manutenção
do estudante na Universidade. Além disso, parte
da evasão ou da dificuldade de adaptação
do estudante à vida acadêmica deve-se
à sua distância da família. O
Sappe [Serviço de Apoio Psicológico
e Psiquiátrico ao Estudante] tem atuado na
prevenção de problemas emocionais, por
meio de palestras e outras atividades. A partir deste
ano, estaremos trabalhando ainda mais fortemente estes
aspectos.
JU - Voltando à questão
da qualidade dos estudantes, um reflexo do bom nível
do ensino na graduação é o trabalho
desenvolvido pelas empresas juniores, não?
Boldrini De fato, o sucesso das empresas juniores
é um sintoma da qualidade do ensino na graduação.
É claro que esses empreendimentos dependem
do mercado. Mas os que encontraram espaço,
estão consolidados. Isso significa que os alunos
têm feito um bom trabalho. Empresas juniores
de outras universidades que atuam nas mesmas áreas
muitas vezes não apresentam um desempenho tão
positivo. Eu acredito que a Unicamp tem de fato recrutado
bons alunos e, por meio de um ensino de qualidade,
tem conseguido formar excelentes profissionais.
JU - A isenção integral
ou parcial do pagamento da taxa de inscrição
ao Vestibular tem contribuído para universalizar
o acesso à Unicamp?
Boldrini Certamente. Este ano, nós ampliamos
de maneira significativa o número de isenções
integrais [4.592]. A medida é importante para
atingir a população mais carente, principalmente
os alunos oriundos da escola pública.
JU - A Unicamp afirma que não
se preocupa em formar apenas o profissional, mas também
o cidadão. Como isso é feito?
Boldrini A Unicamp procura estimular o aluno
a participar, por exemplo, de programas sociais. O
conceito do voluntariado tem crescido e achamos importante
aperfeiçoar essa atividade. Isso pode ser feito,
entre outras maneiras, por meio da parceria com empresas,
que têm compreendido cada vez mais a importância
da responsabilidade social. Queremos fazer um trabalho
em várias frentes e entendemos que é
importante oferecer aos estudantes a chance de contribuir
para a melhoria da comunidade onde eles estão
inseridos. Entre outras razões, porque as empresas
estão valorizando esse tipo de experiência
no momento da contratação. As habilidades
que as pessoas desenvolvem ao trabalhar com outros
seres humanos são um diferencial importante
no currículo e um valor fundamental para o
resto da vida.
JU - Com base nesse repertório
de medidas e programas adotados pela Unicamp, o que
os calouros deste ano podem esperar da Universidade?
Boldrini Bem, eles podem esperar o máximo
esforço para que tenham uma boa educação.
Para que tenham, além do aporte técnico
específico de cada carreira, uma educação
no sentido amplo; uma educação que ajude
a formar cidadãos melhores e mais responsáveis.
É importante que os estudantes que estão
chegando saibam que podem contar com a Universidade
não apenas no aspecto acadêmico, mas
também no aspecto humano.
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Atividades integram calouros
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Membros da Subcomissão de Recepção
de Calouros: divulgação permanente
dos projetos existentes na Unicamp |
Este
ano, os estudantes que estiverem ingressando
na Unicamp serão recepcionados com uma
série de eventos e atividades organizadas
pelas Unidades de Ensino e entidades estudantis
(confira programação). Várias
dessas iniciativas serão apoiadas pela
Subcomissão de Recepção
de Calouros (SRC), vinculada à Comissão
Central de Graduação (CCG) da
Universidade. Segundo Paulo Cesar Montagner,
docente da Faculdade de Educação
Física (FEF) e membro da SRC, o objetivo
da Subcomissão é criar, por meio
de práticas de cidadania, um ambiente
propício à integração
e desenvolvimento dos jovens não apenas
no momento da chegada à instituição,
mas ao longo de todo o primeiro ano letivo.
Conforme
Montagner, a SRC é constituída
por coordenadores de cursos, estudantes, funcionários
e um representante da Pró-reitoria de
Graduação. Ao longo das últimas
semanas, a Subcomissão esteve reunida
várias vezes para definir a programação
de recepção aos calouros. Foram
estabelecidas algumas linhas de atuação,
entre elas a divulgação permanente
dos projetos culturais já existentes
na Unicamp. Também ficou decidido que
haverá apoio às iniciativas das
Unidades de Ensino e das entidades estudantis,
como o Trote da Cidadania, organizado
pelos alunos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo,
Pedagogia, Economia, Fonoaudiologia e engenharias
Química, Elétrica, Mecatrônica
e Civil. Um terceiro ponto a ser trabalhado
é o emprego de material audiovisual para
transmitir aos calouros aspectos relevantes
da história da Universidade.
A
Subcomissão entendeu, ainda, que é
importante apoiar as ações e programas
desenvolvidos pelo SAE [Serviço de Apoio
ao Estudante], dada a importância dos
mesmos para os ingressantes. Isso será
feito por meio da maior aproximação
do SAE com os coordenadores de curso, sem evidentemente
interferir na autonomia do órgão,
afirma o professor da FEF. Além disso,
a SRC resolveu construir um calendário
contendo datas e eventos importantes para os
alunos de graduação.
Adoção
Dentro das diretrizes estabelecidas pela
Subcomissão de Recepção
de Calouros, uma iniciativa merece destaque,
conforme o professor Montagner. Trata-se do
projeto Adote um Bixo, baseado em
experiência desenvolvida anteriormente
pela Faculdade de Ciências Médicas
(FCM). Batizado originalmente de Projeto
Carrapato, o modelo propõe a aproximação
do aluno veterano do calouro, de modo a permitir
uma maior integração entre ambos
e destes com a Universidade. A idéia
não pressupõe um controle das
ações dos estudantes, muito pelo
contrário. A sugestão da Subcomissão
é difundir o projeto para todos os centros
acadêmicos. Queremos que os alunos se
organizem nas Unidades de Ensino e promovam
ações que facilitem a inserção
dos bixos nos primeiros 30 dias na Unicamp,
explica o docente da FEF.
O método, continua
Montagner, implica em fazer com que o veterano
acompanhe e oriente o calouro no seu início
de vida universitária, facilitando assim
o seu cotidiano. Entre as informações
que podem ser repassadas aos ingressantes estão
as referentes aos serviços e programas
que a Unicamp oferece, como bibliotecas, bolsas
de estudo, atendimento médico etc. Algumas
dessas ações podem ser incrementadas,
por exemplo, com a realização
de palestras envolvendo professores e dirigentes
de órgãos e Unidades, esclarece
o membro da SRC.
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