Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 245 - de 22 a 28 de março de 2004
Leia nessa edição
Capa
Superávit anticíclico
Para alavancar patentes
Nova técnica: fibra de vidro
Parto alternativo
Epilepsia fora das sombras
Speck: combate à corrupção
Fórum: Agronegócios
Chico Oliveira: reforma
Planes: grau de satisfação
Unicamp na mídia
Painel da semana
Oportunidades
Teses da semana
Química: romance premiado
Academia de Ciências
Raridades de um homem raro
 

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Eleição na Academia de Ciências

pode se definir esta semana

O
presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) para o próximo mandato, que vai de 2004 a 2006, poderá ser conhecido no dia 24 de março (quarta-feira), durante a assembléia geral da entidade, quando serão computados os votos de seus 350 membros. Dois candidatos concorrem ao cargo: o fisiologista e atual presidente, Eduardo Moacyr Krieger, à frente da entidade desde 1993, e o parasitologista Luiz Hildebrando Pereira da Silva. O vencedor tomará passe em maio.

Para a realização da assembléia será necessário um quorum de metade mais um, ou seja, 176 membros presentes. Caso esse número não seja alcançado, será feita nova convocação para o dia 31 de março. A ABC enviou pelo correio as cédulas para que os membros pudessem votar. Até quinta-feira passada (18), segundo o assessor da diretoria, Francisco Storino, 136 votos já haviam chegado à sede da entidade, no Rio de Janeiro. “Acreditamos que até a data da assembléia teremos o número mínimo de votantes, já que estamos recebendo em média 20 votos por dia”, disse. O Jornal da Unicamp ouviu os dois candidatos.


Aos 75 anos, Luiz Hildebrando Pereira da Silva atualmente divide o tempo entre Porto Velho, onde dirige o Centro de Pesquisas em Medicina Tropical (Cepem), e Paris, cidade em que viveu por mais de três décadas após ter sido perseguido pelo regime militar no Brasil.Na França, o professor Hildebrando, como é chamado no meio científico, ocupou cargos de direção no Instituto Pasteur. Aposentado do Pasteur, voltou ao Brasil em 1996 e prestou concurso no Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Aprovado, resolveu se deslocar para a Amazônia, onde funciona um laboratório avançado da Universidade paulista, que estuda os aspectos moleculares e epidemiológicos da malária.


Jornal da Unicamp - Por que o senhor quer ser presidente da ABC?

Hildebrando—Sucumbi à tentação de me candidatar pelo fato de várias pessoas terem me estimulado a fazê-lo. Acho que existem problemas da ABC aos quais sou profundamente sensível. Isso tem a ver com o fato de que, após ter trabalhado em laboratórios de alta qualidade, com recursos humanos e materiais altamente favoráveis, como na USP e Instituto Pasteur, ter voltado para Rondônia e encontrado uma situação de isolamento físico, cultural e humano. Viajando pelo Brasil e visitando vários laboratórios, também notei que esse problema não acontece só comigo. Numerosos cientistas que trabalham em diferentes partes do país, inclusive em lugares com alta densidade científica, também sentem o mesmo. Esse é um dos problemas importantes da ciência brasileira. As pessoas se confinam nos pequenos jardins de suas especialidades e freqüentemente têm mais contatos externos do que com equipes do próprio país. É preciso maior integração e interação dos estudos e das atividades de pesquisa relacionadas a uma mesma disciplina e a disciplinas próximas. Isso me estimulou a considerar essa situação como um problema a ser resolvido e a Academia é o instrumento próprio para melhorar a integração nas atividades de pesquisa, formando uma rede contínua, uma corrente cultural, intelectual e profissional, necessária para o rendimento e a realização de cada um individualmente.

Eduardo Moacyr Krieger desenvolveu sua carreira universitária na faculdade de medicina da USP em Ribeirão Preto. Participou da Reforma da USP em 1968-1969 e trabalhou em comissões do CNPq, Capes e Fapesp. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Fisiologia e o primeiro Presidente da Federação das Sociedades de Biologia Experimental (FESBE). Desde 1985, após a aposentadoria em Ribeirão Preto, trabalha em hipertensão no Instituto do Coração. Foi Presidente da Inter-American Society of Hypertension e primeiro Presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão.


Jornal da Unicamp — Por que o senhor quer permanecer à frente da ABC?

Eduardo Krieger — Principalmente, para fortalecer a estrutura da Academia, aumentar a participação efetiva dos acadêmicos e dar continuidade e expandir programas que a ABC vem desenvolvendo com grande efetividade no país e, também, no âmbito internacional. Há um reconhecimento crescente no país do importante papel que a ABC deve desempenhar na institucionalização, aprimoramento e no funcionamento de um moderno sistema de CT&I, considerado indispensável para que o país possa dar o salto de qualidade e atingir o desenvolvimento sócio-econômico ambicionado. No plano internacional, a ABC, juntamente com outras 90 academias, ajudou a criar uma eficiente modalidade de associação e intercâmbio permanente (o Inter-Academy Panel) que além de atuar no tradicional avanço da ciência internacional tem um objetivo muito específico de fazer com que a ciência beneficie a toda a humanidade e não somente aquela parte que vive nos países industrializados. Os grandes temas para sustentabilidade das condições de vida do homem: educação, saúde, alimentação, água, energia, meio-ambiente etc são tratados permanentemente no IAP e documentos como os sobre os alimentos geneticamente modificados e sobre a clonagem são elaborados por especialistas credenciados e distribuídos nos diferentes países para embasar as decisões que os governos e a sociedade devem tomar.

Na coordenação dessas ações da ABC está a Diretoria a que tenho a honra de presidir e que decidiu postular um novo mandato, fazendo algumas alterações na sua composição. Jacob Palis disputará à Vice-Presidência, posição ocupada até aqui por Carlos Eduardo da Rocha Miranda, que concorrerá a uma das cinco vagas de diretores juntamente com Hernan Chaimovich e Fernando Galembeck. Passam a integrar nossa proposta para diretoria os colegas Luiz Davidovich e Ivan Izquierdo. (C.L.)

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