Apesar de ter apenas 38 anos, Unicamp
responde por 15% de toda a produção científica nacional
Excelência move a 'usina de pesquisas'
A Universidade Estadual de Campinas foi criada pela Lei Estadual nº 7655, de 28 de dezembro de 1962. A implantação efetiva da Universidade, porém, só foi realizada após a publicação do Decreto nº 45.220, de 9 de setembro de 1965, com a criação de uma comissão organizadora. Até aquela data funcionava apenas a Faculdade de Medicina, unidade embrionária da instituição. A faculdade, uma antiga reivindicação da sociedade campineira, havia sido instalada no centro da cidade em 1963 e acabou sendo incorporada pela Unicamp.
A Universidade, que é uma autarquia autônoma do Estado de São Paulo, entrou na sua fase real de funcionamento após a autorização dada pelo Conselho Estadual de Educação, em 1966, para instalação dos Institutos de Biologia, Matemática, Física, Química e das Faculdades de Engenharia de Campinas, de Tecnologia de Alimentos e de Engenharia de Limeira. A seguir, em janeiro de 1967, foi incorporada à Unicamp a Faculdade de Odontologia de Piracicaba.
No final da década de 60 foram criados o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, a Faculdade de Educação, o Instituto de Artes e o Instituto de Geociências. O Instituto de Matemática e a Faculdade de Medicina passaram a ser designados, respectivamente, por Instituto de Matemática, Estatística e Ciência da Computação e Faculdade de Ciências Médicas.
Em março de 1977, agosto de 1984, julho de 1985 e setembro de 1986, respectivamente, foram criados o Instituto de Estudos da Linguagem, o Instituto de Economia, a Faculdade de Engenharia Agrícola, a Faculdade de Engenharia Elétrica e a Faculdade de Educação Física.
O Conselho Universitário, em outubro de 1989 e setembro de 1990, respectivamente, aprovou o desmembramento da Faculdade de Engenharia de Campinas em Faculdade de Engenharia Química e Faculdade de Engenharia Mecânica e a alteração de denominação da Faculdade de Engenharia de Limeira para Faculdade de Engenharia Civil. Posteriormente surgiram os cursos noturnos e cursos novos como os Arquitetura e Urbanismo, Ciências da Terra e Fonoaudiologia, este último em 2002. Outros três cursos foram implantados no ano passado: Midialogia, Farmácia e Tecnologia em Telecomunicações (Ceset-Limeira).
A Unicamp tem cinco campi, instalados nas cidades de Campinas, Piracicaba, Limeira, Paulínia e Sumaré. A Universidade é constituída por 20 unidades de ensino e pesquisa (faculdades e institutos), 23 núcleos e centros interdisciplinares, dois colégios técnicos, um complexo de saúde com três hospitais, 21 bibliotecas e uma série de órgãos de apoio. Convivem nesses espaços aproximadamente 40 mil pessoas.
Apesar ter apenas 38 anos, a Unicamp vem demonstrando, desde a sua fundação, grande vigor nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, fator que a transformou numa das mais respeitadas escolas de nível superior da América Latina. Atualmente, a Universidade responde por 15% de toda a produção científica brasileira e por aproximadamente 10% das teses de mestrado e doutorado geradas pela pós-graduação nacional. Mantém, ainda, perto de uma centena de convênios de cooperação com os principais centros de pesquisa do mundo.
O alto grau de excelência alcançado pela instituição tem reflexo direto nas atividades desenvolvidas por professores, alunos e funcionários. De seus laboratórios e salas de aula saem contribuições importantes para o avanço do conhecimento, em áreas relacionadas ao dia-a-dia da população, como biotecnologia, telecomunicações, informática, filosofia, física, química e muitas outras.
Ensino A qualidade da formação oferecida pela Unicamp tem muito a ver com a estreita relação que historicamente mantém entre ensino e pesquisa. Também está vinculada ao fato de 92% dos seus cerca de 1.800 professores atuarem em regime de dedicação exclusiva e 95% possuírem o título mínimo de doutor. Os docentes que conduzem pesquisas de ponta nos laboratórios são os mesmos que vão para as salas de aula. A Universidade conta hoje com 16,3 mil estudantes distribuídos em seus 56 cursos de graduação e outros 14,7 mil matriculados em seus 125 programas de pós-graduação.
A curiosidade do aluno da Unicamp pela pesquisa é despertada nos primeiros anos da graduação, por meio dos programas de iniciação científica. A inserção no mundo na ciência ocorre a partir do momento em que o estudante demonstra interesse por alguma linha de investigação. Depois da concordância de um professor da área para ser seu orientador, ele apresenta um projeto visando à obtenção de bolsa. A pesquisa pode ser financiada por empresas, agências de fomento e pela própria Universidade. O Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) oferece bolsas para a pesquisa, que podem ter duração de até um ano.
Durante o aprendizado, os alunos da Unicamp têm também oportunidade de tomar contato com a realidade do mercado não apenas por meio de equipamentos, métodos e processos, mas também por intermédio das empresas juniores. Originárias da iniciativa dos estudantes, mas com supervisão de professores especializados, elas prestam serviços de consultoria, apoio técnico e desenvolvem estudos e projetos em geral. Atualmente, a Universidade mantém 16 desses empreendimentos, nas mais diversas áreas. Em média, o custo dos serviços prestados pelos alunos-empresários é 50% inferior ao preço da praça.
Pós Na pós-graduação, a Unicamp conta com um bem-estruturado sistema de bolsas para seus alunos. Dos 2.040 pós-graduandos que defenderam teses de mestrado e doutorado em 2003, por exemplo, cerca de 60% contavam com o apoio financeiro de instituições de fomento como Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A sólida formação dos estudantes tem se refletido em suas carreiras. Um número significativo de ex-alunos da Universidade ocupa atualmente funções-chave em importantes organizações públicas e privadas no Brasil e exterior.
Muitos dos estudos conduzidos em seus laboratórios geraram produtos e/ou processos com aplicação direta na vida da população. Como exemplo do resultado desse esforço, é possível citar a digitalização da telefonia, o desenvolvimento da fibra ótica e suas aplicações nas comunicações e na medicina, os vários tipos de lasers existentes no Brasil e os diversos programas de controle biológico de pragas agrícolas. Graças a esse trabalho, a Universidade atraiu para suas imediações um destacado pólo formado por empresas de alta tecnologia. Perto de uma centena de empresas instaladas na região nasceu a partir das salas de aula da Universidade. Juntas, as “filhas” da Unicamp, como são conhecidas, respondem por um faturamento da ordem de R$ 700 milhões por ano, o que representa 7% do Produto Interno Bruto (PIB) gerado em Campinas, segundo dados de 2002 da Associação Comercial e Industrial.
A forte tradição na pesquisa científica e no desenvolvimento de tecnologias conferiu à Unicamp a condição de universidade brasileira que mantém maiores vínculos com o setor produtivo. A instituição mantém algumas centenas de contratos para o repasse de tecnologia ou prestação de serviços de inovação às indústrias tanto da região de Campinas quanto de outros estados. Em maio de 2003, esse trabalho de interação ganhou um reforço importante com o lançamento da Agência de Inovação da Unicamp (Inova), cuja missão é avançar em relação às parcerias pontuais normalmente firmadas pelas instituições de pesquisa e organizações privadas.
Serviços à comunidade A Unicamp mantém, historicamente, uma forte relação com a sociedade, a quem presta serviços com alto grau de excelência. Na área da saúde, por exemplo, são três hospitais considerados referências em suas respectivas áreas. Essas unidades fazem da Universidade o maior centro de atendimento médico do interior do Estado de São Paulo, cobrindo 90 municípios e uma população estimada em 5 milhões de habitantes.