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IG usa videoconferência
em disciplinas de pós
CARMO GALLO NETTO
No último dia 9, alunos do Mato Grosso começaram a receber aulas de pós-graduação da Unicamp por videoconferência. É uma idéia que surgiu no Departamento de Política Cientifica e Tecnológica (DPCT) do Instituto de Geociências (IG). O professor do DPCT André Tosi Furtado, autor da iniciativa e também coordenador de pós-graduação do IG, esclarece que inicialmente não se trata de curso a distância, mas sim utilização de tecnologia para melhorar a qualidade do ensino interinstitucional: “Nos mestrados e doutorados interinstitucionais a Unicamp assume constantemente a responsabilidade pela formação de pós-graduados, ministrando várias disciplinas nas cidades de origem dos interessados. Isso exige o deslocamento dos docentes, que por questão de prazos, concentram as aulas em poucas semanas, o que impossibilita assimilação em tempo mais adequado da normalmente extensa bibliografia obrigatória e complementar”, explica.
Este sistema de aulas por videoconferências, inovador em vários aspectos, foi concebido em parceria com o Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso (Cefet-MT). Segundo André Furtado, os alunos em Cuiabá assistirão às mesmas aulas ministradas aos alunos da pós-graduação aqui na Unicamp, simultaneamente, o que considera totalmente original. A participação dos grupos de Campinas e Cuiabá através da interação on-line das duas salas. “Com isso garantimos para os alunos distantes a reprodução ao máximo das mesmas se estivessem aqui, de maneira que tenham o mesmo ensino de qualidade. Esse é nosso principal objetivo. Programa, bibliografia, textos e transparências são os mesmos, assim como as avaliações. Com aulas simultâneas, há ainda a interação efetiva de todos os alunos, o que julgamos fundamental. Esperamos que a experiência possa resultar em bom efeito demonstrativo, pois existe na Unicamp possui potencial tecnológico e infra-estrutura ainda não suficientemente utiliza”, observa o professor.
Participam do curso 20 alunos em Campinas e dez em Cuiabá. Um detalhe é que os alunos do Cefet foram selecionados através de entrevistas realizadas também por videoconferência, sem necessidade de deslocamento até a Unicamp. O programa de pós-graduação do DPCT possui três disciplinas obrigatórias para o primeiro semestre: Introdução à Política Cientifica e Tecnológica, Economia Política da Ciência e da Tecnologia e Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia. As duas primeiras serão oferecidas por videoconferência, mas a terceira será parcialmente ministrada em Cuiabá, a fim de preservar o indispensável contato pessoal entre professores e alunos. Para o segundo semestre, como o número de disciplinas aumenta com as optativas, os alunos do Cefet escolherão pelo menos duas delas a serem oferecidas por videoconferência, restando a eventualidade de uma disciplina a ser ministrada no Mato Grosso.
Iniciativa inédita contempla alunos de Cuiabá
André Furtado observa, no entanto, que os pós-graduandos de Cuiabá se comprometem a vir à Unicamp em duas oportunidades durante o segundo ano de curso, por um período total de seis meses: a primeira, para cursar as disciplinas de metodologia e de seminário de mestrado, definir o projeto de pesquisa e interagir com seu orientador, e a segunda para a fase de conclusão e elaboração final da tese. “Essas etapas devem ser cumpridas aqui, visto que não se trata de um curso a distância. Trata-se de uma proposta que consideramos mais eficiente para transmitir o conteúdo, em lugar da forma mais condensada usualmente utilizada nos programas interinstitucionais”, reitera o professor.
TelEduc Outra inovação, segundo Furtado, é a disponibilidade na Internet de todo o material do curso do DPCT, como programas, transparência, bibliografia e parte da bibliografia complementar, textos, avaliações e orientações. Isso vai ser feito por meio do TelEduc, ferramenta desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Computação (IC) e do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied) da Unicamp. Em poucos anos, o TelEduc tornou-se um dos principais ambientes para ensino a distância em todo o mundo, distinguindo-se das outras ferramentas disponíveis pelo conjunto enxuto de funcionalidades, acessíveis mesmo para leigos em computação. A ferramenta permite tanto disponibilizar conteúdos como estabelecer comunicação entre os participantes de cursos, fóruns ou sessões de bate-papo, por exemplo. Assim, o professor pode disponibilizar previamente materiais e conteúdos a serem abordados em classe, e os alunos têm como esclarecer dúvidas e trocar idéias fora do espaço convencional da aula.
Sala especial A videoconferência chegou à Unicamp em abril de 2004, com a inauguração de sala apropriada na Faculdade de Educação (FE), que recebeu o equipamento do modelo Educator fabricado pela Tandberg, o primeiro na América Latina. Ivany Rodrigues Pino e Luís Carlos de Freitas foram os professores que idealizaram o projeto. De acordo com o engenheiro eletrônico Gilberto Oliani, responsável pela especificação, implantação e operação dos equipamentos da sala, nesse pouco tempo já foram realizadas várias videoconferências e defesas de teses com a participação na banca de professores que estavam em universidades do Canadá, Colômbia, Estados Unidos, Suíça, Espanha e em outras partes do Brasil.
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