197 - ANO XVII - 4 a 10 de novembro de 2002
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O hospital inteligente

Estudo mostra que incorporação de tecnologia
torna gestão de recursos mais eficiente

ISABEL GARDENAL

O engenheiro Marcos Antonio Porta Saramago: "Automação exige planejamento" Os mesmos conceitos empregados em indústrias, casas e edifícios automatizados também podem ser aplicados em um ambiente hospitalar, com o auxílio da mecatrônica e da domótica. Ambas as ciências (a domótica nasceu da mecatrônica) incorporam tecnologias das áreas de engenharia mecânica, eletrônica, computação e controle para projeto de automação de equipamentos. Esta associação proporciona uma gestão mais eficiente dos recursos - em termos de conforto e de informações - e diminui custos, segundo a tese "Integração de dispositivos inteligentes utilizando conceitos de domótica direcionados à automação hospitalar, da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp.

Equipamentos que podem ser vistos no chão de fábrica de uma indústria podem ser levados a outros locais. São canaletas para transferência de energia, ar comprimido, iluminação e alarme, entre outros. Mas vale aí uma ressalva: "o grande desafio é integrar todos os mecanismos", opina o engenheiro Marcos Antonio Porta Saramago, autor da tese, que tornou a possibilidade factível em testes com telecirurgia, sistemas inteligentes (macas, camas, cadeira-de-rodas) e domótica.

Orientada pelo professor João Maurício Rosário, essa pesquisa incentiva um modelamento que prevê o planejamento da automação a fim de ser implantada de forma gradual numa estrutura hospitalar. Entretanto, Saramago observa que grande parte dos funcionários deveriam receber treinamento específico para lidarem com software e hardware mais modernos. Para o engenheiro, é necessário ainda que eles se sintam inseridos no planejamento de automação. "Uma relação assim ajuda a enriquecer a convivência. Facilita o processo, por exemplo, indagar aos operadores como eles gostariam que fossem os seus instrumentos de trabalho, longe de posturas restritivas como as seguidas por empresas que, ao fornecerem produtos, impõem sua tecnologia. A Unicamp tem tecnologia e está aberta a parcerias para desenvolver novas ferramentas".

Automação - O doutorando explica que dividiu sua pesquisa em três fases principais. A primeira consistiu em apresentar conceitos de modelagem. A segunda em exemplificar algumas aplicações de automação hospitalar. Na terceira fase, que foi a experimental, implementou uma maquete com variáveis que podem ser controladas e uma cadeira-de-rodas dotada, ou adaptada, de um sistema de arquitetura aberta, em que o paciente a comanda com um joystick.

O primeiro desses sistemas - implantado no departamento de Projeto Mecânico da FEM – foi o de controle de acesso, que prescinde na utilização de um cartão codificado, o qual permite identificar se determinada pessoa que adentrou uma sala é aluno, professor ou funcionário. O uso exclusivo do cartão garante aquele acesso a certas informações e a algumas portas. "Adotado por um hospital, a aplicação será outra: o paciente terá um cadastro registrado em computador com dados sobre sua localização em certa enfermaria, horas de visita, os medicamentos em uso, etc. A sistemática diminui o estoque de medicamentos e melhora a assistência", acredita o orientador.

Outras teses na mesma linha estão sendo feitas na área de prótese, telerrobótica e monitoramento. Saramago informa que o princípio de edifício e casa "inteligentes" são áreas bem exploradas no exterior e que por isso resolveu enveredar seu estudo para um nicho diferente – a experiência de um hospital, que é inédita no Brasil. O projeto está pronto para ser executado.

Muito em breve, assim como há 15 anos não se imaginava o computador na vida das pessoas, a automação poderá estar interligada em rede para o atendimento médico, que será conduzido a distância através de um núcleo provedor. "Estamos agregando conhecimentos para desenvolver massa crítica. Como a automação está ligada a conceitos, ela exige planejamento. Enquanto no País as mudanças surgem de repente e vêm prontas, no exterior levam tempo, requerem treinamento e não provocam desemprego", exemplifica João.