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No ritmo do avanço da ciência
Pós-graduação da Unicamp segue tendência da interdisciplinaridade
LUIZ SUGIMOTO
A Unicamp é a única universidade do Brasil e uma das poucas no mundo onde o número de alunos de pós-graduação se equivale e em alguns anos é maior - ao de graduandos. Em 2001 foram feitas 12.765 matrículas na pós-graduação, contra 12.476 na graduação. Como uma parcela significativa dos mestrandos e doutorandos acabará dando aulas em outras instituições de ensino superior, não é gratuita a notabilidade conquistada pela Universidade como "escola das escolas".
"A pesquisa e a pós-graduação, em minha opinião, são a característica "definidora" da Unicamp e a colocou numa posição de destaque no cenário nacional e também internacional", afirma o professor Daniel Hogan, pró-reitor de Pós-Graduação. Ele atenta, porém, para o fato de que não é apenas uma questão de quantidade, mas de qualidade. "A medida de qualidade mais usada nacionalmente são as notas de avaliação da Capes e, por essa média, temos a melhor do Brasil", salienta.
A capacitação de professores universitários, segundo Hogan, é uma conseqüência da excelência da pós-graduação. "É uma conseqüência porque a Unicamp nunca teve como política atrair professores de outras universidades, estas é que nos procuram. Isso vem ocorrendo desde a própria implantação da pós-graduação no país, quando, basicamente por parte da Capes, houve um incentivo à titulação do corpo docente das demais instituições, com a concessão de bolsas para várias modalidades ao longo do tempo", acrescenta o pró-reitor.
Daniel Hogan informa sobre uma evolução nesta política de incentivo, havendo hoje um novo programa da Capes, o de mestrado interinstitucional, em que centros consolidados como Unicamp, USP e UFRJ firmam convênios com universidades específicas do País, recebendo turmas para um curso com período fixado. "A Unicamp vem sendo demandada em todas as áreas", diz.
Novos cursos - Em relação à criação de novos cursos, o pró-reitor vê a pós-graduação da Universidade já bastante consolidada, com mestrados em todas as áreas básicas e doutorados na quase totalidade; poucas ainda precisam montar seus programas. "Atualmente, as novidades são os cursos interdisciplinares, alguns criados e outros em gestação nas interfaces de duas ou mais disciplinas. Com o ritmo das mudanças científicas e com as fronteiras entre as ciências cada vez menos nítidas, acho que é na área interdisciplinar que teremos mais cursos novos no futuro imediato e no longo prazo", opina.
Daniel Hogan cita o exemplo do curso interdisciplinar de planejamento em sistemas energéticos, que na verdade já tem 15 anos. Sediado na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), ele envolve também as áreas de física, humanas e economia. O mais recente é o de engenharia de petróleo, em ação conjunta da FEM com o Instituto de Geociências (IG). O pró-reitor prevê que a bioinformática, uma área presente como núcleo de pesquisa, também pode evoluir para a pós-graduação, assim como a área de meio ambiente, onde um grupo está iniciando um projeto para mestrado e doutorado.
"A interdisciplinaridade na pós-graduação é a tendência porque os cursos básicos já estão criados, e também porque os problemas que a sociedade apresenta hoje não são possíveis de se resolver isoladamente. Cada vez mais teremos de formar profissionais mais flexíveis", insiste o pró-reitor.
Números da excelência
Uma peculiaridade da Unicamp é que ela foi criada e estruturada justamente no período da implementação da pós-graduação no Brasil. Seu fundador, Zeferino Vaz, deu ênfase à pesquisa desde o primeiro momento, convidando professores de alto nível, juntamente com um grupo de jovens recém-doutores imbuídos desta idéia. Natural, portanto, que a Unicamp tendesse para a pós-graduação, mesmo porque não carregava o mesmo passado de instituição de graduação, como a USP e as grandes universidades federais.
Nos últimos dez anos, a Unicamp dobrou o número de alunos matriculados na pós-graduação, dos 6.661 em 1991 para 12.765 em 2001 (distribuídos em 111 programas). É a universidade brasileira com maior índice de pós-graduandos, oferecendo cursos fortemente vinculados aos programas de investigação científica que atraem alunos de todo o Brasil, da América Latina e da África. Ela responde por 10% da totalidade das teses de mestrado e doutorado em desenvolvimento no país.
Em 2001 (último ano com os dados fechados), a Unicamp ofereceu 60 cursos de mestrado e 51 de doutorado. Foram defendidas 1.143 teses de mestrado e 721 de doutorado. Dos pós-graduandos que defenderam teses no ano passado, mais de 60% contaram com bolsas de estudo de agências federais - as principais são o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e também da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
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