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A Melhor Tese nos EUA
 

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Tese de ex-aluna da Unicamp
é eleita a melhor nos EUA

MANUEL ALVES FILHO

Daniela Pucci de Farias, hoje professora assistente do MIT: "A Unicamp foi fundamental para que fizesse as escolhas que fiz"Considerada uma das mais importantes instituições de ensino e pesquisa do mundo, o Massachusetts Institute of Technology (MIT) conta, desde julho deste ano, com a colaboração de uma brasileira que trilhou uma carreira única a partir da Unicamp. Na Universidade, Daniela Pucci de Farias graduou-se como a primeira aluna da turma em Engenharia de Computação e fez o mestrado, com distinção, em Engenharia Elétrica. Depois, obteve o doutorado na Stanford University, também em Engenharia Elétrica. Nos Estados Unidos, foi eleita a melhor estudante de pós-graduação em Stanford. Admitida no programa de doutorado da Stanford University, Daniela voltou-se para a área de Management Science. Sua tese de PhD foi eleita como a melhor de sua área em 2002, recebendo por isso o prêmio George Dantzig. Além da sólida e ampla formação profissional, a atual professora assistente do Departamento de Engenharia Mecânica do MIT toca piano, dança forró e, mais recentemente, passou a dedicar-se ao tango. "Trata-se de uma pessoa muito bem preparada, que tem um amplo espectro de atuação. Embora tenha cumprido uma trajetória singular, ela é um exemplo do alto nível dos nossos estudantes", afirma o professor José Cláudio Geromel, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), orientador de Daniela na iniciação científica e no mestrado.

A atual professora do MIT concorda com a avaliação do seu ex-orientador, no que se refere à formação proporcionada pela Unicamp. De acordo com ela, trata-se de um ensino sólido e abrangente. "A oportunidade de começar a fazer pesquisa desde cedo, atividade incentivada pela Universidade, fez com que eu tomasse contato com o método científico e a vida acadêmica. Isso foi fundamental para que fizesse as escolhas que fiz", afirma Daniela. Para ela, integrar o corpo docente de uma instituição respeitada internacionalmente é uma grande oportunidade. "Há tanta energia e entusiasmo, que fazer pesquisa aqui parece mais um hobby", conta.

O professor Cláudio Geromel, orientador de Daniela na iniciação científica e no mestrado: "Ela é um exemplo do alto nível dos nossos estudantes"Para atingir o atual estágio na carreira, porém, Daniela teve que mostrar muita dedicação, conforme o professor Geromel. O primeiro desafio enfrentado pela sua ex-orientanda foi desenvolver, ao longo do trabalho de iniciação científica, um algorítimo para aplicação em projetos de sistema de controle. Hoje, essa ferramenta computacional já se encontra disponível na internet. Por ser muito competente em matemática, foi proposto à então pós-graduanda que abordasse em seu mestrado um assunto de importância teórica. Ela resolveu, por meio da sua dissertação, um problema que permanecia em aberto, relacionado à otimização estocástica. A ex-aluna da Unicamp chegou a uma solução para o controle de sistemas dinâmicos a tempo contínuo, levando em consideração a mudança de parâmetros no decorrer do tempo.

Antes de ingressar no MIT, ela ainda trabalhou durante um ano na multinacional IBM, onde concluiu seu pós-doutorado. Na opinião de Geromel, a performance da ex-aluna da Unicamp é brilhante, mas encontra paralelo na própria FEEC. Para dar sustentação ao seu argumento, o professor destaca que das cinco edições do Provão, em duas a faculdade teve o melhor aluno do Brasil em Engenharia Elétrica. "Em todos os exames, nós tivemos o melhor estudante do Estado de São Paulo. Para completar, nossa pós-graduação é considerada grau sete pela Capes, o maior na escala de avaliação", afirma.

Tal desempenho não é uma primazia da FEEC, como adverte Geromel. De acordo com ele, performance semelhante ocorre na maioria das unidades de ensino e pesquisa da Unicamp. O docente diz ser extremamente gratificante acompanhar a evolução dos ex-alunos da Universidade, não apenas como profissionais, mas também como cidadãos. Ele ressalta que a instituição tem conseguido concretizar com eficiência o sonho do seu fundador, Zeferino Vaz, de formar pessoas comprometidas com o desenvolvimento científico, social, cultural e político do país. No caso de Daniela, há ainda um outro ponto a ser destacado, no entender de Geromel: a chance de colocar ainda com mais evidência no cenário científico internacional a competência das escolas públicas de ensino superior do Brasil.

Cooperação – No entender da ex-aluna da Unicamp, a sua presença no MIT abre perspectivas para eventuais colaborações do instituto com o Brasil. A começar pelo surgimento de oportunidades para que alunos brasileiros estudem no exterior. Daniela explica: "Quando o processo de admissão do meu departamento começar, no próximo ano, eu terei mais condições de avaliar os alunos brasileiros do que meus colegas. Com o grande número de concorrentes do mundo todo, muitos deles excelentes, se não há ninguém que possa avaliar adequadamente o aspirante, suas chances ficam reduzidas". Além disso, prossegue, as possibilidades de cooperação com profissionais, universidades e mesmo indústrias brasileiras surgem naturalmente, por conta das afinidades. "Isso pode ajudar na transferência do conhecimento científico e tecnológico", prevê.

E que recomendação Daniela daria aos estudantes que ainda estão na Unicamp e que desejam trilhar uma carreira tão sólida quanto a dela, mesmo em áreas distintas? Para ela, não existe uma fórmula pronta para o sucesso, mas alguns cuidados podem tornar o caminho menos complicado. "Creio que, nos estudos, é necessário separar o conhecimento essencial dos detalhes. Se o aluno tiver interesse na carreira acadêmica, é recomendável que comece a fazer pesquisa desde cedo, por meio de iniciações científicas. Nesse caso, é imprescindível que o estudante procure um orientador que tenha um estilo de pesquisa e uma personalidade que combinem com ele", aconselha.

Para a professora do MIT, a pesquisa tem que ser um prazer e não uma tarefa. "Não dá para ter energia e concentração necessárias para fazer novas descobertas sem muita paixão e entusiasmo. Em qualquer área ou carreira que a pessoa escolher, é preciso que ela busque sempre a excelência". Por enquanto, Daniela não tem planos de retornar ao Brasil para atuar profissionalmente. "Como professora assistente do MIT, tenho que passar por um período de aproximadamente seis anos antes de atingir a estabilidade no emprego. Espero continuar nos Estados Unidos pelo menos por esse tempo. É difícil fazer planos para mais de seis anos", afirma.

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