Em dez anos, equipamento
originou mais de cem artigos
RAQUEL
DO CARMO SANTOS
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O professor Marcos Eberlin: O pentaquadrupolo
é um laboratório completo |
Dez anos
se passaram desde que o espectrômetro de massas
pentaquadrupolo foi instalado no Instituto de Química
(IQ) da Unicamp. E esta primeira década de
atividades está sendo motivo de celebração
para a equipe do Laboratório Thomson, pois
o penta como foi apelidado pelos
usuários já originou mais de
cem publicações em revistas especializadas
e já formou cerca de 30 especialistas na área,
alguns, inclusive coordenando novos grupos de pesquisa.
Único em funcionamento no mundo, o penta
foi a semente do Laboratório Thomson (http://thomson.iqm.unicamp.br)
que é hoje referência mundial em aplicações
da técnica em áreas diversas, como em
química, física, bioquímica,
ciências médicas e farmacêuticas.
O casamento do penta com químicos
orgânicos foi perfeito, comenta o coordenador
do Laboratório, professor Marcos N. Eberlin.
O coordenador
considera que agrupar em um laboratório especialistas
em diversas áreas, mas principalmente em química
orgânica, foi o fator decisivo que permitiu
explorar o equipamento no seu ponto mais forte,
e chegar à comemoração dos dez
anos com sucesso. Eberlin explica que a química
orgânica tenta sempre responder o porquê
de seus acontecimentos químicos, precisando
assim entender bem os mecanismos de suas reações
e, justamente, nessa área que o equipamento
é único. Segundo Eberlin, o penta
é um laboratório completo para estudos
de reações envolvendo íons, pois
possui cinco quadrupolos conectados. Assim, todas
as operações necessárias para
a realização das reações,
como a formação, purificação,
seleção e reação destes
íons, e ainda a separação e caracterização
estrutural dos produtos, são realizadas simultaneamente
em tempo real.
História
Os pesquisadores Claudemir Lúcio do Lago, Eberlin
e Concetta Montanile Kascheres uma das pioneiras
no desenvolvimento da Espectrometria de Massas no
Brasil formaram a equipe do projeto temático
apresentado à Fapesp que, em 1993, trouxe o
equipamento para o convívio na
Universidade. Concetta, coordenadora do projeto, lembra
que foram liberados, em 1992, US$ 360 mil para a compra
da máquina. Fiquei sem dormir por várias
noites, pois passávamos por uma situação
difícil no Brasil com a mudança de moeda
e a inflação anual de 600%, comenta.
Demorou pouco mais de um ano
para se concluir a compra e o Instituto de Química
passou então a possuir o quarto, e mais completo
pentaquadrupolo do mundo. Os outros estavam instalados
em universidades na França, Austrália
e Estados Unidos (Universidade de Purdue). Passada
a euforia da chegada do equipamento que segundo
Concetta também foi bastante festejada
mais dois anos foram necessários para desenvolver
os vários softwares de controle, bastante sofisticados,
e assim colocar o penta em pleno funcionamento.
Atualmente, Concetta estima que o espectrômetro
deve valer em torno de US$ 1 milhão.
Dez anos de trabalho
com o software não foram soft,
não, brinca Valmir Fascio Juliano, docente
do Departamento de Química da Universidade
Federal de Minas Gerais. Foi ele quem, no seu doutoramento
sob a coordenação do professor do Departamento
de Química da Universidade de São Paulo,
Claudemir Lúcio Lago, desenvolveu os softwares
do pentaquadrupolo. Regressando ao passado, lembra
que seu hardwork teve início exatamente
às 15h50 de 14 de novembro de 1993, quando
decidiu inovar em sistemas modernos do Windows. Há
dez anos o Windows era novidade, mas apostamos nele,
frisa. O professor Claudemir destaca ainda uma qualidade
única do penta: O conjunto
é muito versátil e gera espectros multidimensionais,
pois pode-se varrer até três quadrupolos
simultaneamente.
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Campeões de publicações
Em 1992, quando fazia
graduação no Instituto de Química,
Fábio César Gozzo não imaginava
que dez anos depois comemoraria o aniversário
do penta e a marca de 30 artigos publicados
em revistas especializadas. Hoje no pós-doutoramento
no Laboratório Thomson, Gozzo é um dos
campeões em publicações de estudos
no penta. Ao longo de sua trajetória realizando
o que chamou de tratado de íons sinistros,
Gozzo estudou o comportamento do vários íons,
como as 14 possíveis estruturas do íon
CH3SO+, em 1995. Também estudou a estrutura
eletrônica inédita de íons hetarinos,
em 1999, e ainda descobriu o primeiro íon distônico
não-clássico, em 2000.
Luiz Alberto B. Moraes,
hoje docente na Universidade São Francisco
e ainda um dos principais colaboradores do laboratório,
publicou 26 artigos originados no penta
e Regina Sparrapan, pesquisadora colaboradora voluntária
do Instituto de Química da Unicamp já
registrou 23 publicações entre os conceituados
periódicos Journal of American Chemical Society,
Journal of Organic Chemistry e Analitical Chemistry.
Nos próximos meses, uma nova marca do sucesso
estará registrada no periódico Chemical
Review, que traz as principais revisões de
assuntos em química e que possui raros artigos
de pesquisadores brasileiros. Um artigo de revisão
sobre a reação que leva o nome do professor
Eberlin estará sendo apresentado à comunidade
acadêmica e marcando mais um ponto na história
de grande sucesso do penta. (R.C.S.)
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