Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 273 - de 16 a 21 de novembro de 2004
Leia nessa edição
Capa
Cartas
Dos laboratórios
   para a sociedade
Patentes e parcerias
Agência de inovação: 3o. salão
Bernardo Beiguelman
Opinião
Privatização de siderúrgicas
Painel da semana
Oportunidades
Teses da semana
Unicamp na mídia
Defesa nacional
A arte generosa
 

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Patentes e parcerias
ampliam receita



CLAYTON LEVY


A Agência de Inovação da Unicamp (Inova), pretende licenciar 25 novas patentes em 2005. Segundo a diretora de propriedade intelectual, Rosana Ceron di Giorgio. A julgar pelos resultados obtidos apenas no primeiro ano de atividades, a expectativa está longe de ser um exagero. De janeiro a outubro desse ano foram fechados contratos que resultaram no licenciamento de 23 patentes destinadas ao desenvolvimento de produtos por empresas privadas. Atualmente, pelo menos outras 15 patentes estão em processo de negociação.

Os acordos prevêem a exploração comercial da tecnologia por um período entre 10 e 15 anos. Segundo Rosana, cada contrato deverá gerar em média R$ 200 mil por ano em royalties para a Universidade. A expectativa é que, a partir do quinto ano, as receitas oriundas de royalties gerados a partir destes acordos chegarão a R$ 14 milhões por ano. Ao final de cinco anos, a Unicamp quer chegar a uma carteira com 100 licenciamentos, o que elevaria a instituição ao patamar de grandes universidades no mundo.

 

Assinatura de contrato com a empresa Steviafarma: fornecimento de fitoterápicos para reposição hormonal

A remuneração básica da Unicamp pela cessão da propriedade intelectual da invenção deriva dos royalties. Os percentuais, afirma Rosana, variam de 2% a 7% e recaem sobre o faturamento bruto e líquido. “Depende de cada caso”, afirma. Para todos os contratos estão previstas auditorias para conferência das informações financeiras relativas à comercialização do produto. A distribuição dos recursos é feita da seguinte forma: um terço da receita é paga ao pesquisador ou ao grupo de pesquisadores e dois terços vão para a Unicamp. Os prazos para o desenvolvimento dos produtos a partir da assinatura dos convênios dependem da área.

Ao lado do nível de excelência alcançado nas áreas de ensino e pesquisa, a Unicamp vem se destacando a cada ano pelo volume de parcerias estabelecidas com empresas privadas e órgãos públicos. Só no período de 2001 a 2003, a instituição estabeleceu 527 convênios, o que gerou uma receita de cerca de R$ 85,5 milhões. Um dos destaques foi a atuação da Universidade no Programa Genoma. A instituição organizou e coordenou o seqüenciamento da bactéria Xyllela fastidiosa, causadora da “praga do amarelinho”, doença que afeta 30% dos laranjais paulistas. Como conseqüência, pesquisadores da Unicamp foram pioneiros na formação de novas empresas de bioinformática e genômica aplicada, entre elas a Scyla Bioinformática (www.scylla.com.br) e a Alellyx Applied Genomics (www.alellyx.com.br).

Conheça as empresas licenciadas
e os autores das patentes

Yong Kun ParkSteviafarma (Paraná, Maringá)
Uma patente sobre uma tecnologia baseada em soja. Esta tecnologia é bastante adequada ao Brasil, que é grande produtor e exportador de soja. Através da parceria com a Steviafarma, a empresa estará inovando com o fornecimento de fitoterápicos para reposição hormonal e combate aos radicais livres.
Autores: Yong Kun Park, Adilma Regina Pippa Scamparini, Hélia Harumi Sato e Severino Matias de Alencar.
Unidade: Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA).

Cristália (São Paulo, S.P.)
Duas patentes sobre anestésicos. Estas tecnologias de ponta possibilitarão à Cristália gerar produtos com características inovadoras. Suas novas formulações apresentarão menor toxicidade e tempo de duração de efeito superior às apresentadas no mercado.
Autores: Eneida de Paula, Cíntia Maria Saia Cereda, Daniele Ribeiro de Araújo, Giovana Bruschini Brunetto, Leonardo Fernades Fraceto, Rafael Vanini, Marcelo Bispo de Jesus. Antonio Carlos Senjes Lino, Luciana de Matos Alves Pinto e Yuji Takahata
Unidade: Instituto de Biologia (IB).

Scitech (São Paulo, S.P.)
Seis patentes contendo formulações aplicáveis a revestimento de “stents”. Os “stents” são dispositivos inseridos em veias ou artérias através de cirurgias de angioplastia, com o objetivo de desobstruí-las. As referidas formulações apresentam comprovada eficácia no impedimento da chamada “reestenose”, uma reprodução celular ocorrida após a inseção do “stent”, que volta a obstruir o vaso sanguíneo.
Autores: Marcelo Ganzarolli de Oliveira, Amedea Barozzi Seabra, Sílvia Mika Shishido, Watson Loh, Francisco Rafael Martins Laurindo e Jarbas José Rodrigues Rohwedder
Unidade: Instituto de Química (IQ).

Usina São Francisco S/A (Sertãozinho, S.P.)
Uma patente referente ao processo de obtenção da cera de cana-de-açúcar a partir da torta resultante do processamento da cana. A cera de torta, puramente vegetal, permitirá à Usina São Francisco inovar em vários mercados, como os de cosméticos, produtos de limpeza, farmacêuticos e alimentos.
Autores: Daniel Barrera Arellano e Thais Maria Ferreira de Souza Vieira.
Unidade: Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA)

DLE - Diagnósticos Laboratoriais Especializados Ltda (Rio de Janeiro – R.J.)
Duas patentes, referentes ao método de teste diagnóstico de surdez congênita . Esta tecnologia possibitará ao DLE, de uma forma simples e barata, prever no recém-nascido um determinado tipo de surdez causada por um defeito genético. A surdez se manifesta progressivamente após o nascimento, e o diagnóstico precoce proporciona tempo aos pais e médicos de tomarem providências para a criança aprender a falar e, possivelmente, a ler e escrever. Em adultos esta tecnologia pode identificar portadores e prever a chance do nascimento de filhos com este problema genético.
Autor: Edi Lúcia Sartorato.
Unidade: CBMEG.

Feldmann Wild Leitz Comércio Importação e Exportação Ltda (Manaus, Amazônia)
Duas patentes referentes ao kit de diagnóstico molecular para surdez congênita. A Feldmann irá fabricar e comercializar tais kits para os laboratórios que estiverem utilizando o teste de surdez congênita, desenvolvido na Unicamp.
Autor: Edi Lúcia Sartorato
Unidade: CBMEG.

Antonio Celso Fonseca de ArrudaTechFilter Indústria e Comércio Ltda (Indaiatuba, S.P.)
Oito patentes sobre um sistema para utilização na área ambiental, no tratamento de efluentes de várias indústrias, tais como: papel e celulose, química, petroquímica, têxtil, metal-mecânica, fertilizantes, jóias, semi-jóias e explosivos.
Autores: Ronaldo Teixeira Pelegrini, Rodnei Bertazzoli, Rosângela Rodrigues LemePellegrino, Rosana Aparecida Di Iglia e Peterson Bueno de Moraes.
Unidade: Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM).

Safe Kid Indústria e Comércio Ltda (Senador Canedo, Goiás)
Uma patente dedicada a um sistema de segurança aplicado a automóveis, para o transporte seguro de crianças, idosos ou deficientes físicos. Submetido a testes de qualidade pela equipe da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, este sistema permitirá à Safe Kid produzir produtos com grau de confiabilidade e segurança muito superiores aos existentes.
Autores: Antonio Celso Fonseca de Arruda e Peixoto Bueno de Camargo.
Unidade: Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM).

TechChrom Instrumentos Analíticos Ltda (Campinas, S.P.)
Uma patente sobre um sistema destinado à automatização de análises químicas, para efetuar a transferência controlada de líquidos ou sólidos entre recipientes. Esse sistema garantirá à TechChrom, um desempenho altamente preciso. O sistema é robusto, versátil, de fácil operação e de custo efetivamente compensador, além de ser inédito e impor vantagens sobre os sistemas existentes, resultando em um dispositivo de alta confiabilidade.
Autores: Célio Pasquini e Ildenize Barbosa Da Silva Cunha.
Unidade: Instituto de Química (IQ).

Objetivo é incrementar licenciamentos

A Unicamp já tem cerca de 300 patentes registradas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), mas a cada ano, segundo Rosana, são depositadas em média outras 50. A idéia é incrementar cada vez mais o licenciamento de patentes registradas pela universidade. Essa nova postura, segundo Rosana, é fundamental para o processo de inovação tecnológica do País. Segundo dados do livro “Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil”, organizado pelo economista Eduardo Viotti e publicado recentemente pela Editora da Unicamp, de 1981 a 2000, o número de artigos científicos publicados por autores nacionais subiu 400%, passando de 1.889 para 9.511. Apesar da evolução numérica na produção científica nacional, em 2000 foram registradas apenas 98 patentes brasileiras nos Estados Unidos, enquanto a Coréia do Sul, que tem uma produção científica equivalente à brasileira, registrou 3,3 mil no mesmo período. Ou seja, o Brasil já sabe fazer ciência, mas ainda não aprendeu a transformá-la em crescimento econômico.

Na década de 90, as universidades brasileiras depositaram 355 pedidos de patentes no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A Unicamp foi a que teve mais registros, 125. Em seguida, aparecem a Universidade de São Paulo (USP), com 76 depósitos, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com 39, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 31, e Universidade Estadual Paulista (Unesp), 13 pedidos. Essas cinco instituições detêm 80% do total de pedidos de patentes oriundas das universidades, segundo levantamento de dados e as análises organizado pelo economista Eduardo Assumpção, do INPI, no estudo “O Sistema de Patentes e as Universidades Brasileiras nos Anos 90”.

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